O velho homem ficou para trás.
A temporada 2009-10 marca o retorno de Arenas, armador do Washington Wizards, depois de perder dois campeonatos devido a lesões no joelho. Este início mostra que ele está focado em outras coisas que não seja blogar, controvérsias e polêmicas. O objetivo é fazer com que o bom elenco dos Wizards ganhe a divisão Sudeste da Conferência Leste e faça uma boa campanha nos playoffs.
A diretoria da franquia se programou para a volta do seu principal atleta e trouxe reforços. Mike Miller (ala), Randy Foye (armador) e Fabricio Oberto (pivô) chegaram para compor o conjunto que muitos consideram o melhor do Leste. Para comandar o time veio Flip Saunders, experiente treinador com passagens pelo Minnesota Timberwolves, Detroit Pistons e Seleção Americana.
No esquema tático de Saunders, baseado no ataque, o armador é peça fundamental. Arenas terá que ser em quadra uma extensão do treinador e, além de ser bastante comunicativo, terá que ser um distribuidor de jogadas e envolver os companheiros no sistema ofensivo. Por ser conhecido por arremessar primeiro e passar depois, a comissão técnica ganhou outro reforço para ajudá-lo nesta questão: Sam Cassell.
Cassell, que foi o armador dos Wolves em 2003-04 quando a equipe comandada por Saunders chegou às finais da Conferência Oeste, tem a função de auxiliar Arenas para que ele melhore seu jogo no aspecto passe – não em quantidade, mas em qualidade. Nestas quatro primeiras partidas da temporada percebe-se que Arenas estar participando mais do coletivo, deixando de ser tão individualista.
Ele, porém continua fazendo o que sabe melhor: arremessar. Esta sua ausência por duas temporadas não afetou seu jumper, que continua preciso e eficiente; graças aos treinamentos diários que ele nunca deixou de praticar – a não ser quando era vetado pelos médicos. Arenas sempre foi dedicado ao crescimento do seu jogo e aprimoramento dos seus fundamentos. O que diferencia esta temporada de outras não é só a nova abordagem em quadra, mas como ele está se relacionando com as pessoas fora dela.
Gilbert era um alvo; se os outros não o colocassem nesta posição, ele fazia questão de estar no centro das atenções (direta ou indiretamente). Isto, de certa forma, ofuscava o que ele fazia em quadra (e fora dela também), pois a mídia e os torcedores comentavam mais sobre o que ele escrevia em seu popular blog (publicado no site da NBA) do que as atuações dele em quadra. Demorou, mas ele percebeu o prejuízo de imagem que estava tendo. Talvez por falta de orientação, talvez por falta de experiência...
Arenas fazia coisas totalmente conflitantes fora de quadra: era imaturo no vestiário ao fazer “brincadeiras escolares” com seus companheiros, entretanto tinha (tem) projetos sociais maravilhosos. O tempo inativo o fez refletir e pensar sobre o que é de fato importante. Jason Kidd, armador do Dallas Mavericks, definiu esta questão brilhantemente após seu time perder para os Wizards na abertura do campeonato 2009-10:
“A maturidade vem com a idade. Estar machucado às vezes nos faz pensar em outros caminhos, outras rotas. Ele ainda chamará a atenção, mas não precisará fazer nada para atraí-la ou dizer alguma coisa para consegui-la.”
Arenas agora estar quieto. Antes ele era punido por falar demais; ironicamente ele já recebeu uma multa de US$ 25 mil dólares por não falar com a imprensa nesta temporada. O foco do “Agente Zero” é jogar basquete no mais alto nível e deixar que seu jogo fale por ele. Se alguém quiser comentar sobre algo feito fora de quadra, existem belíssimas histórias para serem divulgadas ao grande público – e não estamos falando de coisas supérfluas.
Ele faz parte do programa “NBA Fit”, que chama a atenção sobre a importância da educação física e da boa alimentação para combater a obesidade infantil. Ele doará US$ 150 por cada ponto marcado em casa para escolas da grande Washington (o dono da franquia, Abe Pollin, doa a mesma quantia pelos jogos fora de casa). Ele é mentor de um garoto que, com 10 anos de idade, perdeu os pais em um incêndio (o menino trabalha como gandula no clube). Ele criou uma fundação chamada “Zero 2 Hero” (tr. De Zero à Herói) que arrecada fundos para sustentar programas de auxílio a crianças sem-teto; serve também para incentivar a adoção.
“De Zero à Herói”. Uma boa definição para Arenas. Criado sem a mãe, morou com seu pai por uns anos, quando criança, em um estacionamento (dormindo dentro de um carro) na cidade de Los Angeles. Quando chegou à escola teve alguém que o apoiou: Sra. Maggie Foster. Foster (que significa adotivo) é um nome bastante sugestivo, porque ela recebeu Arenas em sua casa diversas vezes e o colocou em escolhinhas de basquete para que ele pudesse ter algo que fazer, ao invés de ir para as ruas.
“De Zero à Herói” é também bastante sugestivo para Arenas, pois quando chegou na tradicional universidade de Arizona, então treinada pelo lendário Lute Olson, disseram a Gilbert que seu tempo em quadra seria zero. Ele mudou o número de sua camisa (era 25 na escola) e passou a vestir “0”, usando uma crítica para servir de inspiração, o motivando a mostrar que é capaz de estar em quadra por mais do que míseros zero segundos.
Do “velho” Arenas uma coisa é boa de se extrair. Ele escreveu em seu blog certa feita que “Quando eu sair da NBA, não quero que meu legado seja: ‘Vencedor de um campeonato’. Quero que seja assim: ‘Ele jogou para e pelas pessoas, dando esperança para que possam ser igual a ele’”. Sua atitude mudou com o tempo e ele está mais responsável. Sabe que tanto o sucesso, quanto o fracasso do Washington Wizards será creditado a ele: o principal jogador da franquia.
Resta saber se será para sempre esta transformação, ou até quando vai durar este “renascimento do novo EU”.
A temporada 2009-10 marca o retorno de Arenas, armador do Washington Wizards, depois de perder dois campeonatos devido a lesões no joelho. Este início mostra que ele está focado em outras coisas que não seja blogar, controvérsias e polêmicas. O objetivo é fazer com que o bom elenco dos Wizards ganhe a divisão Sudeste da Conferência Leste e faça uma boa campanha nos playoffs.
A diretoria da franquia se programou para a volta do seu principal atleta e trouxe reforços. Mike Miller (ala), Randy Foye (armador) e Fabricio Oberto (pivô) chegaram para compor o conjunto que muitos consideram o melhor do Leste. Para comandar o time veio Flip Saunders, experiente treinador com passagens pelo Minnesota Timberwolves, Detroit Pistons e Seleção Americana.
No esquema tático de Saunders, baseado no ataque, o armador é peça fundamental. Arenas terá que ser em quadra uma extensão do treinador e, além de ser bastante comunicativo, terá que ser um distribuidor de jogadas e envolver os companheiros no sistema ofensivo. Por ser conhecido por arremessar primeiro e passar depois, a comissão técnica ganhou outro reforço para ajudá-lo nesta questão: Sam Cassell.
Cassell, que foi o armador dos Wolves em 2003-04 quando a equipe comandada por Saunders chegou às finais da Conferência Oeste, tem a função de auxiliar Arenas para que ele melhore seu jogo no aspecto passe – não em quantidade, mas em qualidade. Nestas quatro primeiras partidas da temporada percebe-se que Arenas estar participando mais do coletivo, deixando de ser tão individualista.
Ele, porém continua fazendo o que sabe melhor: arremessar. Esta sua ausência por duas temporadas não afetou seu jumper, que continua preciso e eficiente; graças aos treinamentos diários que ele nunca deixou de praticar – a não ser quando era vetado pelos médicos. Arenas sempre foi dedicado ao crescimento do seu jogo e aprimoramento dos seus fundamentos. O que diferencia esta temporada de outras não é só a nova abordagem em quadra, mas como ele está se relacionando com as pessoas fora dela.
Gilbert era um alvo; se os outros não o colocassem nesta posição, ele fazia questão de estar no centro das atenções (direta ou indiretamente). Isto, de certa forma, ofuscava o que ele fazia em quadra (e fora dela também), pois a mídia e os torcedores comentavam mais sobre o que ele escrevia em seu popular blog (publicado no site da NBA) do que as atuações dele em quadra. Demorou, mas ele percebeu o prejuízo de imagem que estava tendo. Talvez por falta de orientação, talvez por falta de experiência...
Arenas fazia coisas totalmente conflitantes fora de quadra: era imaturo no vestiário ao fazer “brincadeiras escolares” com seus companheiros, entretanto tinha (tem) projetos sociais maravilhosos. O tempo inativo o fez refletir e pensar sobre o que é de fato importante. Jason Kidd, armador do Dallas Mavericks, definiu esta questão brilhantemente após seu time perder para os Wizards na abertura do campeonato 2009-10:
“A maturidade vem com a idade. Estar machucado às vezes nos faz pensar em outros caminhos, outras rotas. Ele ainda chamará a atenção, mas não precisará fazer nada para atraí-la ou dizer alguma coisa para consegui-la.”
Arenas agora estar quieto. Antes ele era punido por falar demais; ironicamente ele já recebeu uma multa de US$ 25 mil dólares por não falar com a imprensa nesta temporada. O foco do “Agente Zero” é jogar basquete no mais alto nível e deixar que seu jogo fale por ele. Se alguém quiser comentar sobre algo feito fora de quadra, existem belíssimas histórias para serem divulgadas ao grande público – e não estamos falando de coisas supérfluas.
Ele faz parte do programa “NBA Fit”, que chama a atenção sobre a importância da educação física e da boa alimentação para combater a obesidade infantil. Ele doará US$ 150 por cada ponto marcado em casa para escolas da grande Washington (o dono da franquia, Abe Pollin, doa a mesma quantia pelos jogos fora de casa). Ele é mentor de um garoto que, com 10 anos de idade, perdeu os pais em um incêndio (o menino trabalha como gandula no clube). Ele criou uma fundação chamada “Zero 2 Hero” (tr. De Zero à Herói) que arrecada fundos para sustentar programas de auxílio a crianças sem-teto; serve também para incentivar a adoção.
“De Zero à Herói”. Uma boa definição para Arenas. Criado sem a mãe, morou com seu pai por uns anos, quando criança, em um estacionamento (dormindo dentro de um carro) na cidade de Los Angeles. Quando chegou à escola teve alguém que o apoiou: Sra. Maggie Foster. Foster (que significa adotivo) é um nome bastante sugestivo, porque ela recebeu Arenas em sua casa diversas vezes e o colocou em escolhinhas de basquete para que ele pudesse ter algo que fazer, ao invés de ir para as ruas.
“De Zero à Herói” é também bastante sugestivo para Arenas, pois quando chegou na tradicional universidade de Arizona, então treinada pelo lendário Lute Olson, disseram a Gilbert que seu tempo em quadra seria zero. Ele mudou o número de sua camisa (era 25 na escola) e passou a vestir “0”, usando uma crítica para servir de inspiração, o motivando a mostrar que é capaz de estar em quadra por mais do que míseros zero segundos.
Do “velho” Arenas uma coisa é boa de se extrair. Ele escreveu em seu blog certa feita que “Quando eu sair da NBA, não quero que meu legado seja: ‘Vencedor de um campeonato’. Quero que seja assim: ‘Ele jogou para e pelas pessoas, dando esperança para que possam ser igual a ele’”. Sua atitude mudou com o tempo e ele está mais responsável. Sabe que tanto o sucesso, quanto o fracasso do Washington Wizards será creditado a ele: o principal jogador da franquia.
Resta saber se será para sempre esta transformação, ou até quando vai durar este “renascimento do novo EU”.
(GL)
© 1 por Douglas Sounders
© 2 Ned Dishman / NBA / Getty Images
Um comentário:
Nosssa sensacional o texto.
O Arenas realmente é uma figura impar no basquete.
Gosto muito do jogo dele o Wizzards deve fazer esse ano uma temporada bem melhor, inclusive dando trabalho para os times mais cotados ao título como Cavs, Boston e o Orlando. Já tinha lido alguns textos aqui do Grandes Ligas mas esse foi o primeiro que tive vontade comentar. Parabésns pela qualidade do texto!
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