A Voz Que Todos Ouvem


A voz do “professor”.

Apesar deste termo não ser muito usado como sinônimo de treinador na NFL (diferente do que acontece no futebol brasileiro), Raheem Morris, novo técnico do Tampa Bay Buccaneers, assume o papel de instrutor ao invés de comandante.

Este tipo de identificação é preciso ser feita sempre. Morris tem apenas 32 anos (o treinador mais novo da liga) e biótipo de jogador; ás vezes é díficil identificá-lo quando ele se mistura com o grupo.

Sendo assim, como exercer autoridade perante seus atletas? Como fazer com que eles dêem crédito a alguém tão jovem? A estratégia é usar a comunicação, o diálogo, e assim se aproximar melhor dos jogadores.

Por isso que o termo “professor” vem à mente.

Eles [jogadores] estão em busca de um professor e esta é a minha função. As pessoas irão lhe ouvir pelo o que você tem a dizer, como você pode ajudá-las... É isso que os jogadores querem ouvir, não importa o quão velho eu seja” diz Morris sobre se a sua idade afeta o seu comando na equipe.

Ele tem personalidade, isto é inquestionável. As suas entrevistas coletivas são um caso a parte; bastante leve e em alto-astral, mas sem perder o profissionalismo nas respostas, pois ele sabe a responsabilidade que tem alguém que dirigi um time na NFL. Os dez anos de experiência trabalhando em comissões técnicas o ajudam a entender isso.

Morris conseguiu o primeiro emprego de assistente na universidade Hofstra com 22 anos, passando depois por Cornell e Kansas State. Ele entrou na franquia Buccaneers em 2002 e com 26 anos fez parte da comissão técnica campeão do Super Bowl; saiu em 2007 para ser coordenador defensivo da Kansas State na NCAA, mas voltou aos Bucs no ano seguinte. Os mais de seis anos em Tampa servem como uma credencial de respeito aos seus atletas.

Ele é jovem, mas tem uma mentalidade da ‘velha escola’, sabe? Ele te encara face a face e fala ‘O que você está fazendo não é bom o bastante...’ Ele sabe fazer isto sem te menosprezar” diz Barrett Ruud sobre o trato de Morris com os jogadores – na foto ao lado Raheem conversa com McGwon.

O elenco todo segue as orientações do “professor” que se relaciona bem com os atletas, porém não alivia nos treinos. Derrick Ward, novo running back da equipe, jogou por quatro temporadas com o New York Giants do treinador Tom Coughlin, tido como um dos mais rígidos da liga. Ward afirmou recentemente que o treino de Morris é mais forte do que o do Coughlin “É tudo em um ritmo mais acelerado, mais agressivo, mais físico

Raheem quer que este seja o tom da equipe nesta temporada, para o time não chegar fraco em dezembro e perder os últimos quatro jogos como aconteceu no ano passado – o time vinha bem com 9v – 3d até então. O que um jogador de football dificilmente irá admitir é que o adversário venceu o jogo porque foi mais “físico”. Esta, contudo, é uma frase que se ouve com freqüência nos Bucs, graças às “vídeos-aulas” do “professor” Morris, que mostrou a prova real do porque o time não se classificou para os playoffs do campeonato passado.

Diferente de Jon Gruden, seu antecessor, Morris não passa muito tempo na sala de vídeo. Ele gosta mesmo é de “aula campal”, ser o líder por exemplo. Ao invés de apenas dizer como se deve fazer determinado exercício, ele entra em campo e demonstra pessoalmente como que deve ser executado. Isto passa confiança aos jogadores que vêem no treinador dedicação e comprometimento – na foto abaixo, Morris marca o receiver Pat Carter em um treino.


Para conseguir se classificar para a pós-temporada, Tampa terá que se esforçar muito em uma divisão competitiva: NFC Sul – NO, CAR e ATL. A principal questão a ser resolvida é sobre quem será o quarterback titular: Byron Leftwich, Luke McCown ou Josh Freeman. Em entrevista coletiva nesta última segunda, Morris disse que quem começar o terceiro jogo da pré-temporada, contra o Miami Dolphins, será o titular no início do campeonato. Entretanto, ele deixou claro que se o escolhido não mostrar um desempenho satisfatório, irá ser substituído.

Em prol do grupo, Morris não permitirá intocáveis no elenco.

A adição de Ward e Kellen Winslow (tight end) acrescenta mais opções para o ataque da equipe. A defesa está renovada e pronta para por em prática as lições aprendidas neste período de pré-temporada. Os jogadores como um todo estão sedentos em praticar o que foi ensinado a eles e honrar o “professor” pelas instruções passadas.

E mostrar que ouviram ao invés de só escutar.



© 1 Bucs Media
© 2 Brian Blanco / AP
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