Os Porquês


Uma leitura na tabela de classificação da Conferência Americana (AFC), após três rodadas, indica uma surpresa: Kansas City Chiefs em primeiro lugar na Divisão Oeste; e invicto! Uma franquia que enfrentou problemas em anos passados – e que ganhou seu terceiro jogo em 2009 no final do mês de Novembro – está num processo de reestruturação pronto para se tornar competitiva, segundo diretores, daqui a um ou dois anos. Agora, porventura o futuro se transforme realidade no presente, nenhum torcedor irá reclamar.

Este início de campeonato, inevitavelmente, traz à memória a campanha dos Chiefs lá em 2003, última vez que o time ganhou os três primeiros jogos. Naquela ocasião, o elenco dirigido por Dick Vermeil ganhou nove partidas seguidas e venceu a Divisão, mas perdeu para o Indianapolis Colts nos playoffs. O fator principal da derrota foi a defesa de KC que não conseguiu parar o adversário e dá uma tranquilidade ao forte ataque de então.

Para chegar às 3 vitórias em 2010, este time comandado por Todd Haley fez por onde. Nada entregue de graça à equipe, foram triunfos vindos por méritos, ou seja, os adversários não perderam e sim os Chiefs ganharam. Uma das razões do sucesso dos Chiefs nesta temporada é justamente a defesa, aprimorada pela direção do coordenador Romeo Crennel (ex-New England Patriots).

KC terá duas semanas de preparação para o próximo confronto – está de folga neste domingo. O adversário em questão será os Colts e seu feroz ataque. Pelo mostrado nas primeiras partidas, os Chiefs vão dificultar bastante as movimentações ofensivas de Peyton Manning & Cia.

Contra o rival San Diego Chargers, tetra campeão da divisão, Crennel parou o ataque adversário, no final da partida, quatro vezes seguidas na linha da end zone, garantindo a vitória no jogo de abertura da temporada por um TD (21 a 14). Contra o San Francisco 49ers no último domingo, a defesa permitiu apenas 3 pontos durante quase todo o jogo, sofrendo um TD por falta de atenção nos minutos derradeiros quando a vitória já estava certa. Porém durante toda a partida, a unidade de Crennel representou bem sua filosofia de trabalho.

Todos os membros da defesa jogaram bem e merecem menção por terem anulado o jogo corrido (Frank Gore, RB, correu apenas 49 jardas) e forçado o QB Alex Smith a 19 erros de passes, sofrendo 5 sacks e uma INT. Jovan Belcher (LB), Derrick Johnson (LB) e Tamba Hali (LB/DE) têm sido os destaques; assim terão missão importante contra Manning. Por mais que o irreverente QB seja um dos melhores jogadores da posição quando recebe pressão, esta é a única maneira de deixá-lo incomodado – função de Hali (foto abaixo). Já Belcher e Johnson ficarão atentos a investidas terrestres, área que os Colts têm mostrado evolução em relação ao time que chegou ao Super Bowl na temporada passada.


Caso o passe encaixe, a secundária dos Chiefs terá a tarefa de manter o que vem fazendo até agora: marcar intensamente os receivers, desviar passes e interceptá-los. Nesta área do campo se destacam os cornebacks Brandon Carr e Brandon Flowers. O novato Eric Berry (S) tem atuado espetacularmente e se adaptou fácil ao jogo profissional.

Crennel sabe que se ele está se dedicando em como parar o ataque dos Colts, o time da ferradura está estudando como transpor a sua defesa, que é a segunda melhor em pontos cedidos até agora: 12.7 - no topo está o Pittsburgh Steelers.

A agressividade no modo de atuar, agir e pensar também é um dos porquês. Seja na defesa ou no ataque, os Chiefs não estão medindo consequências para se impor no jogo e estar no controle das ações. Charlie Weis (ex-Patriots), coordenador ofensivo, é adepto desta onda e seus pupilos estão adorando.

Da mesma maneira que a defesa teve sucesso numa 4ª descida (contra os Chargers), nos outros dois jogos quem se deu bem nesta ocasião foi o ataque. Contra o Cleveland Browns, KC teve dificuldades em desempenhar seu melhor football fora de casa, porém estava com o resultado favorável, na frente do placar por 2 pontos (16 a 14). Restando dois minutos para o término da partida, a bola estava na jarda de número 36 da defesa dos Chiefs, uma 4ª descida e polegadas para chegar na primeira descida e acabar com o jogo. Haley decide arriscar ao invés de ir pro punt. O RB Thomas Jones corre com a bola, avança uma jarda e, após revisão dos árbitros, a primeira descida é conquistada e KC vence o jogo.

Este lance energizou por completo os jogadores, empolgados por estar sob um regime disposto a se atrever e assumir riscos. Contra os 49ers mais uma vez o ataque ficou feliz, pois novamente Haley e Weis inovaram em duas decisões.

Era começo do segundo quarto, 4ª descida para 1 jarda. A partida estava zero a zero e numa ousada jogada, iniciada pela formação wildcat com Jones como QB, Dexter McCluster (WR) converte a descida carregando a bola pega no centro do campo (jogada end around). O drive não foi dos melhores, pois acabou numa INT, porém valeu pela diversificação, que foi repetida mais tarde no jogo.



Na jarda 45 do ataque, os Chiefs estavam num 2ª descida para 10 jardas e montam a formação wildcat com Jones recebendo o snap. Matt Cassel (QB) se alinha como receiver e McCluster se movimenta para executar (de novo) a end around. Só que desta vez ele passa a bola para trás a Cassel lança Dwayne Boye: TD!

Este tipo de abordagem anima os atletas, já que eles percebem o quanto a comissão técnica quer vencer usando todos os métodos possíveis para atingir o objetivo. A mentalidade vencedora de Weis e Crennel, criada em New England quando a dupla ganhou três Super Bowls exatamente nas funções que hoje exercem nos Chiefs, é transmitida aos membros do clube. Exemplo que vem de cima, porque o arquiteto disto tudo é o diretor de football Scott Pioli (ex-Patriots).

Em NE, Pioli escolheu e gerenciou os atletas que formariam o elenco vencedor do começo da década (campeões da NFL nas temporadas 2001-02, 2002-03 e 2004-05). Ele saiu de lá para reconstruir a tradicional franquia e por mais que o futuro esteja perto, o hoje dos Chiefs mostra a sensível diferença que um trabalho excelente faz. Eis mais um dos porquês.




(GL)
Escrito por João da Paz


© 1 Chiefs Media
© 2 David Eulitt

Um comentário:

wagner disse...

Essa reconstrução dos Chiefs são um exemplo para todas as franquias da NFL. Praticamente Kansas City pegou todos os articuladores do New England para fazer um time de sucesso e com certeza ganhará um Superbowl daqui a uns 5 anos. Enquanto os Patriots entram num processo de ´´entre-safra``, os Chiefs iniciam uma ´´reconstrução`` fantástica na NFL.

Wagner Santos, Rio de Janeiro (RJ)

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