Antônimo e Sinônimo


China ≠ Estados Unidos

Antônimos na cultura, no pensamento, no modo de viver... Enfim, em quase tudo. Porém, ironicamente, algo que foi planejado para fortalecer o país oriental iria ser útil na América.

Segundo um dos primeiros técnicos de basquete de Yao Ming, a espera pelo nascimento dele foi aguardada por três gerações, tanto que seu nome era pra ser Yao Panpan (“o tão aguardado Yao) e não Ming (que significa brilhante).*

A mãe de Yao Ming, Fang Fengdi tem 1,87m, bem alta para os padrões femininos; o pai de Ming, Yao Zhiyuan tem 2,08m. Ambos jogavam de pivô no time de Xangai e não se conheciam, porém os treinadores e diretores da equipe diziam que “eles foram feito um para o outro,que faziam o par perfeito”, sempre com um tom de segunda intenção no ar, tipo: “Imagina a criança que este casal pode ter? Será bem grande, não?”

Sim. Pra ser exato, uma “criancinha” que nasceu com 58 cm e 5 kg. Querendo ou não, a carreira do menino já estava certa, mesmo ele não tendo opção de escolha, já que foi o “basquete” que o escolheu.

Nós não escolhemos isto para ele” diz Fang, “Eu e meu marido fomos jogadores de basquete e todos os nossos amigos e treinadores conhecidos estavam de olho em Yao Ming desde pequeno”.

Forçado a ir aos treinos quando adolescente, Yao aprendeu a “não” gostar de basquete. Treinar cinco vezes por semana (às tardes) e no Sábado não é o mais divertido dos passatempos – ele odiava o basquete com vontade. Até que, num belo dia, sua mãe o levou para assistir um jogo do Harlem Globetrotters; Yao então aprendeu a gostar de basquete, vendo o jogo pela perspectiva do entretenimento e não da obrigação.

Com 17 anos estreou profissionalmente no Shangai Sharks e, com apenas dois anos de experiência, a NBA já estava de olho no chinês. No draft de 1999, era para o nome dele estar na lista de jogadores disponíveis, porém uma empresa (Evegreen Sports Inc.) tentou explorar os pais de Yao cobrando uma comissão de 33% para representar o jogador (o limite da NBA é 4%) e Yao ficou de fora.


A decisão da família foi pela permanência de Ming por mais tempo na China para entender melhor como funciona os trâmites de negociação entre jogador-empresário-NBA e para Yao pegar mais experiência, mais tempo de jogo.

2002 foi o ano escolhido para inscrevê-lo de fato no draft. Contudo, três problemas ocorreram: 1º diretores do Shangai diziam que o contrato com a Evergreen ainda estava valendo, 2º o governo anunciou que 50% dos ganhos de Yao deveria ir para o Estado e 3º a opção de Wang ZhiZhi (ex jogador dos Mavs, Clippers e Heat) de não jogar mais pelo país. Este último problema foi o mais grave de se solucionar, afinal o governo temia que Yao Ming pudesse fazer o mesmo e não defender a China em competições oficiais. O governo não queria soltar os papéis da liberação de Ming até ouvir a ameaça de Fang que disse: “Se isto não for resolvido, meu filho nunca mais jogará basquete”.

Depois de ouvir da boca de Yao uma declaração de compromisso, de lealdade com a nação, então o governo enviou via fax, horas antes do draft de 2002, a liberação do jogador para o Houston Rockets, que o selecionou na primeira escolha.

Ao longo das sete temporadas na NBA, Yao tem uma média de 19.1 PPJ e 9.3 RBJ, com sete aparições no Jogo das Estrelas. Durante este mesmo período, ele conviveu com inúmeras contusões: fez uma operação no dedão do pé esquerdo, fraturou o joelho direito, torceu o tornozelo esquerdo e tem uma fratura por estresse no pé esquerdo

Esta última é motivo de discórdia entre EUA e a China.

A fratura por estresse foi diagnosticada em Fevereiro de 2008. Ele não jogou os playoffs daquele ano, mas atuou nas Olimpíadas de Pequim pela China, graças a sua excelente recuperação dentro de quatro meses. Só que esta recuperação não foi perfeita e neste mês de Julho, após conversa com médicos, os Rockets optaram por fazer uma cirurgia no pé de Yao, que o tirará do próximo campeonato.

O site People´s Daily (chinês, comandado pelo Partido Comunista) publicou reportagem criticando a NBA por “desgastar Yao Ming devido a grande quantidade de jogos, viagens...”. A mídia americana devolveu perguntando “Porque ele jogou tantos jogos pela seleção nacional? Se é o Houston que paga o salário do jogador, deveria exigir menos jogos do atleta pela China”.

As trocas de “elogios”, daqui pra frente, entre os meios de comunicação dos dois países serão constantes sobre este assunto (nunca se deram bem, por que brigar agora?). Independente disto, não será apenas os torcedores chineses que sentiram a falta de Ming nas quadras da associação, todos os amantes do basquete vão torcer pela rápida volta do grandalhão camisa 11 que agrega fãs do mundo todo.


No mínimo será estranho, quando a temporada 2009-10 começar, não ver o simpático gigante defendendo o Houston Rockets, sabendo que há tempos existe um sinônimo bem conhecido no mundo do basquete:

Yao Ming = NBA.


* Informação extraída do livro "Operation Yao Ming" de Brook Larmer

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