Sem Dar Um Passo Maior Que As Pernas


Ou, dependendo da região, “sem colocar a carroça na frente dos bois”.

Essas filosofias populares brasileiras podem definir como é a carreira de Tommy Hanson (foto acima), arremessador titular do Atlanta Braves. O principal talento da franquia vem desenvolvendo seu jogo sem pressa, desde os tempos das ligas de base, com um passo de cada vez, algo que o tem ajudado para seu sucesso repentino na MLB.

O jogador de 22 anos foi o novato do mês de Junho da Liga Nacional com 4 vitórias em cinco partidas (os Braves venceram um jogo que ele não decidiu). Conseguiu 18 strikeouts e permitiu apenas 9 rebatidas em 29 entradas – seu ERA foi de 2.48. Vale ressaltar que duas destas vitórias foram fora de casa e as que aconteceram em Atlanta foram contra o New York Yankees e o Boston Red Sox. (nesta ocasião, os Braves perderam duas para o Boston e duas para o New York; as duas vitórias do time nestas séries vieram com o Hanson).

No último sábado, 4 de Julho, ele fez mais uma grande partida contra o Washington Nationals. Mesmo o home run de Adam Dunn ter quebrado a sequência de Hanson de 26 entradas sem permitir uma corrida, ele entregou o jogo para o reliever Mike Gonzalez, na sétima entrada, com o Braves na frente: 3 a 1. Gonzalez, porém permitiu 3 corridas e o Nationals venceu.

Nada que manchasse a performance do novato.

A franquia o vê como peça fundamental para a construção de uma nova rotação forte e dominadora de arremessadores. Coincidência ou não, a chegada de Hanson aconteceu graças à saída de Tom Glavine, fechando de vez o eficiente ciclo Maddux-Glavine-Smoltz em Atlanta. Agora é hora de renovação e ela atende pelo nome de Tommy Hanson.

Ele não jogou por nenhuma universidade, passou da escola direto para as ligas de base; foi escolhido na 22ª rodada do Draft de 2005 na posição de número 677... Então, Hanson (foto ao lado) não tinha tanto destaque, quem o descobriu foi um treinador chamado Dennis Rogers. Certa vez, ele foi assistir a um jogo de Hanson na escola e não tinha nenhum olheiro da MLB por lá. Os arremessos dele não eram tão impressionantes assim, mas o que chamou a atenção de Rogers foi a capacidade de melhora de Tommy a cada entrada. Conforme a partida ia se desenvolvendo, Hanson melhorava seus arremessos “Esta qualidade dele é o que vai fazê-lo se destacar no profissional” diz Rogers “Isto é que vai torná-lo um jogador bem sucedido”.

Durante três temporadas nas divisões de base, Tommy passou por seis times diferentes. Em todos eles mostrando a evolução de seu jogo. Hanson entrou na temporada 2006 sendo a quarta “promessa” das ligas de base segundo o Baseball America. Ano passado ele chegou à primeira posição...

Ele começou como reliever em 2006 e chegou em 2008 como arremessador titular; inclusive fez parte de um rumor que traria Jake Peavy, titular do San Diego Padres para Atlanta e mandaria Hanson para San Diego. Este crescimento se credita ao trabalho seu nos treinamentos para sempre melhorar suas atuações, aliás, grandes atuações.

Ano passado, ele terminou a temporada na liga de base com um ERA de 0.90 em 7 jogos, atingindo 49 strikeouts em 40 entradas – conseguiu também um no-hitter (situação que o arremessador não permite nenhuma rebatida em um jogo). Ele foi convidado para participar de uma liga de verão promovida pela MLB (Arizona Fall League) e foi o MVP deste campeonato, com 5v e 0d, um ERA de 0.63 e 49 strikeouts em 28 entradas.

No início deste ano a pergunta surgiu: Como encaixar Hanson na rotação de titulares? Esta dúvida se contradizia com a certeza de que, de uma forma ou de outra, Hanson tinha que jogar em 2009 na MLB (e logo, de preferência). A diretoria dos Braves optou por dispensar Glavine (em uma decisão polêmica, que desagradou muitos torcedores) e abriu espaço no elenco para Hanson.

Os resultados mostram que valeu arriscar.

A evolução do jogo de Hanson se manteve na MLB. Seu primeiro jogo contra o Milwaukee Brewers foi um desastre. Apesar da vitória dos Braves (8 a 7), todas as sete corridas dos Brewers foram marcadas contra Hanson em seis entradas; seu ERA foi um estratosférico 9.00. Porém, nos jogos seguintes, a história foi diferente.

Somando as quatro vitórias dele até agora, seu ERA nestes jogos é de 0.78! Nos jogos contra os Yankees e Red Sox ele não se mostrou intimidado e jogou como um ace, algo que ele é na verdade.

Esta afirmação não foi dita por ninguém ou simplesmente “jogada” no ar. Esta constatação vem pelas suas excelentes atuações e seu poder de melhorar a cada instante. “Dentro do jogo eu sou assim” diz Tommy Hanson (foto à esq.) sobre seu estilo “Minha primeira entrada é um pouco instável, mas quando eu consigo controlar a zona de strike, me sinto mais confiante, passo a trabalhar com bolas altas, bolas nos ‘cantos’, bolas rápidas...”.

Para quem quiser acompanhar a evolução desta futura estrela da liga, basta assistir seu próximo jogo, quinta-feira, 9 de Julho contra os Rockies em Colorado. Será interessante ver como ele irá se comportar em um estádio que é favorável aos rebatedores; se as expectativas se cumprirem, será apenas mais um passo para frente de Tommy Hanson.



© 1 Chris Graythen / Getty Images
© 2 Sam Greenwood / Getty Images

Nenhum comentário:

Postar um comentário