Tom Brady e os lugares altos

É fácil perder a noção de conquista quando o que se tem coletado é de alta significância?

Para os perfeccionistas esta característica é um defeito e uma virtude. Bom porque assim tudo o que for feito será de qualidade, talvez não a melhor coisa realizada, mas de qualidade. Ruim porque num universo de 9 resultados positivos e 1 revés, este 1% é levado mais a sério.

O que acaba sendo bom igualmente, pois quem tem o pensamento constante de aprimoramento vai tentar entender o que aconteceu de errado naquela oportunidade e consertar na próxima vez. Combustível que motiva os grandes a chegarem a pontos mais elevados.

Tom Brady, quarterback do New England Patriots, tem três títulos de Super Bowl, títulos que passam despercebidos em certas discussões, mas evidentemente é importante ressaltar pela poderosa importância. Mesmo com estas conquistas atreladas ao seu currículo, Brady pensa mais no que aconteceu recentemente nos playoffs do que nos momentos áureos que vivenciou.

Nas últimas nove partidas que teve em pós-temporada, antes do confronto contra o Denver Broncos no último sábado, são cinco as derrotas computadas. Uma delas para o adversário da decisão da Conferência Americana 2011-12: Baltimore Ravens. Os Patriots foram atropelados em casa, perdendo de 33 a 14. Placar que fica com Brady como algo inesquecível.

Alguns têm as vitórias como instantes inesquecíveis. Tom Brady também considera muito os anéis de campeão que possuiu, porém lembrar das falhas é a diferença, o impulso que leva as super estrelas do esporte aos lugares altos.

Antes de chegar nesta fatídica partida do dia 10 de Janeiro de 2010, veja três exemplos do que Brady fez nos playoffs:

Super Bowl XXXVI (2002)

Brady liderou os Patriots no vitorioso drive final de 53 jardas, em 1m21s e sem tempo técnico para pedir, e colocou o ataque em posição de field goal que Adam Vinatieri converte. Primeiro título do QB.

Super Bowl XXXVIII (2004)

Jogo empatado em 29 pontos restando 1m08s para o término. Brady inicia o drive na jarda de número 40 e com 5 passes completos em 6 tentados, coloca o ataque em posição de field goal que Adam Vinatieri converte. Segundo título do QB.

Decisão da AFC da temporada 2004-05

Contra os Steelers em Pittsburgh, Brady finaliza o jogo com um índice de passe de 130.5 com 207 jardas em 14 passes completos de 21 tentados e 2 touchdowns. Os Patriots venceram por 41 a 27.

São pequenas amostras. Isto para servir como lembrete e ilustração. Mas tem o infortunado jogo contra os Ravens em 2010. Brady na ocasião sofreu três interceptações e seu índice de passe foi de 49.1.


A comparação é válida somente à Brady, fator primordial do resultado final deste jogo. Poucos jogadores de ambos os elencos estarão em campo no próximo domingo. Ao olhar qual era o ataque dos Patrots então, se percebe como são vazios aqueles que creditam o sucesso de Brady aos jogadores que estavam (ou estão) ao seu redor. Wes Welker, seu alvo favorito, não jogou devido lesão na partida derradeira da temporada regular; Randy Moss, o vetor complexo, era seu principal receiver e estrela. De resto:

Receivers: Julian Eldman e Sam Aiken *(ham?!)*
Running backs: Laurence Maroney, Fred Taylor, Sammy Morris e Kevin Faulk
Tight ends: Ben Watson e Chris Baker *(ham?!)²*

Só futuros membros do Hall da Fama, não?

Nesta era dos smartphones, as saudáveis discussões em bares e restaurantes morreram, aquelas que eram discutidas quais jogadores estavam em determinado time em tal ano e seu papel no elenco. Ao invés de ser puxado pela memória, uma rápida pesquisa no Google resolve e o debate azeda. Faça um teste, seja honesto, não pesquise na internet e tente lembrar: com exceção de Randy Moss e suas três temporadas com os Patriots, quantos jogadores de alto nível estiveram com Tom Brady em New England nos últimos 11 anos?

Tá, pra ficar moleza, pense em quem são os membros de ataque do atual Patriots, quem são os jogadores que protegem o QB... Contra a forte defesa dos Broncos, o right tackle era um novato, Nate Solder, e durante toda temporada a linha ofensiva teve que lidar com lesões. Mesmo assim Brady conseguiu encerrar a temporada regular com 39 TD’s e um aproveitamento no passe de 65.6%.

Durante toda carreira o QB dos Patriots não teve muitos jogadores de renome ao seu lado, porém os levou à recordes junto com o conjunto da equipe. Brady tem 20 jogos em playoffs com 15 vitórias – e ainda o comparam a um jogador que tem 19 jogos em playoffs, mas 9 vitórias...

Tom Brady é melhor que Peyton Manning. O irmão mais novo do QB do Indianapolis Colts, Eli, está o ultrapassando na época que define um jogador na NFL: playoffs. Nesta semana criou-se um termo para defender Peyton: “O melhor QB da NFL em temporada regular”.

Fala sério, diz aí?

Enquanto Peyton é “O melhor QB da NFL em temporada regular”, Tom Brady vai ganhando espaço entre as lendas da NFL nos playoffs:

- Após o jogo contra os Broncos, Brady passou Dan Marino em mais jardas através do passe.

- Foi o 18º jogo seguido que Brady passou para touchdown, o colocando a dois jogos atrás de Brett Favre, o primeiro da lista.

- Com os seis passes para touchdowns anotados contra o Denver, Brady deixou pra trás Kurt Warner e Dan Marino na lista de passes para TD. Com 36 na carreira, o camisa 12 está atrás de Brett Favre e Joe Montana.

- A vitória de sábado foi a 15ª de Brady, agora o segundo na lista de vitórias para um QB titular, atrás de Joe Montana que tem 16.

Três destes recordes podem sofrer alterações no confronto de domingo no Gillette Stadium em Foxboro, Massachusetts. O que importa para Tom é a vitória e para consegui-la passes para TD terão que ser feitos - uma coisa liga a outra. O resultado positivo será mais uma afirmação da qualidade deste jogador que poucos sabem apreciar. Se perder é melhor tomar cuidado, porque na próxima temporada ele voltará com mais disposição em apagar as falhas e obter o que deseja: mais um anel de campeão do Super Bowl – são três no total, não se esqueça.



(GL)
Escrito por João da Paz


© 1 Al Bello / Getty Images
© 2 Jim Rogash / Getty Images

4 comentários:

Rafael Ottoni disse...

ja é a segunda reportagem que vejo você elogiar o tom brady, mas que para isso tem que desmerecer o peyton manning. elogia o cara e não deprecia o trabalho do outro, como dependesse do manning para o brady ser um dos melhores de todos tempos. o manning e sim um dos melhores qbs da historia, se você acha o brady melhor, vc deveria elogiar o manning para aumentar a conquista do brady. nao cabe aqui mais uma discussao dessa. mais so para apimentar um pouco a discussao o manning tem uma porcentagem de acertos maior que o do brady nos playoffs, mais jardas, maio qb rating. nao desmerecendo o brady que tem mais td e tambem sao numeros espetaculares. so que os pratriots sem o brady e um time 11-5, e o colts sem manning e um time 2-14. entao nao desmereca um para alavancar o outro.

Mauro Medeiros disse...

Concordo em partes com o Rafael, Joao. Nao é necessario desmerecer terceiros para elogiar! Sei la, em alguns textos voce me parece meio mal amado, como se estivesse no meio de uma discussao mais acalorada... algumas falas mais acidas... nao sei.

Aproveitando o comentario, queria dizer que, como estou de ferias e com muito tempo livre, decidi ler o maximo de seus textos antigos que pude! Só o que eu posso dizer é: magnífico! Blog excelente, referencia no tema! Parabens e continue assim, a critica acima é de melhor intencao ;]

Eduardo Bernardes disse...

Parabéns pelo post. Sou fã do Brady, o primeiro jogo que vi dele foi a derrota no Super Bowl de 2007. Mas um cara que precisou lutar para conquistar o seu espaço. Draftado no 6º round, não aceitou ser backup, agarrou sua oportunidade. Ele é privilegiado pelo trabalho e talento. Quanto a discussão sobre o Brady x Manning. Somos sortudos de vermos dois QB de alta qualidade. Os dois melhores com certeza.

Taka disse...

O post tava muito bom até o autor começar a esculachar o P. Manning.

Você ja deixou claro em posts anteriores a sua paixão pelo Brady, porém, não precisa ficar reafirmando isso toda hora. Ainda mais do jeito que é expressado isso, jogando o P. Manning la pra baixo.

É um desrespeito com os leitores. Você tem dom pra escrever, em alguns momentos os textos chegam a ser emocionante (caso do texto sobre o Coughlin) mas quando se trata do Brady você parece um torcedor de futebol (soccer) fanático que não aceita que o Edmundo foi maior que o Dinei. Não que a diferença entre o Brady e o Manning seja tão gritante, mas pelo jeito que você frisa sua opinião.

Espero que você entenda que é uma apenas uma critica para ajudar a melhorar a imagem do blog para os leitores.

Abraços

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