Nada de Novo



Tentaram por muitas vezes colocar um rótulo escrito “O Novo Moss”; não cola. Randy retorna ao seu primeiro time na NFL (Minnesota Vikings) sendo praticamente igual àquele que deixou o clube em 2005. Só não 100% o mesmo porque algumas coisas mudaram: está mais velho, mais experiente... pode ter perdido algum pedaço da sua habilidade pelo caminho, mas a capacidade de fazer grandes recepções está com ele, assim como a mágica trivial de ser ele ao extremo.

Moss é do tipo que não guarda sentimentos, não esconde frustrações. Profissionais da mídia procuram delinear uma cronologia de fatos que culminaram com sua saída do New England Patriots; nunca chegarão ao centro da questão. Seja qual for o ponto de vista, uma coisa é certa: Moss sabe como funciona o football, conhece a franquia para a qual estava trabalhando e se jogou antes que fosse tarde.

Um desses fatos foi sua entrevista após o jogo contra o Cincinnati Bengals (semana 1). Mostrando traços de um exímio analista de RH, Moss destrinchou para quem quisesse ouvir sua visão das diretrizes que regem a organização Patriots. Por já perceber que seria uma carta fora de jogo, expôs seu descontentamento que o levou de volta aos Vikings. Sua declaração foi a seguinte:

Se você faz um bom trabalho, e eu acho que estou fazendo um bom trabalho, você quer ser reconhecido. Eu realmente acho que não sou reconhecido aqui. Quero ser um Patriot, amo estar aqui. Mas olhando pelo lado dos negócios, este provavelmente será meu último ano com a camisa dos Patriots

Ele previu o que aconteceria nos jogos seguintes, onde seria pouco utilizado e nulo no sistema ofensivo. Seu grande ano em New England foi 2007, primeira temporada com o time. Anotou o recorde de passes recebidos para touchdown numa única temporada (23), a equipe terminou o campeonato invicta, chegou ao Super Bowl e... perdeu para o New York Giants. Esta foi a grande oportunidade dele conseguir o anel de campeão da NFL. Depois até que teve boas temporadas, passando de 1000 jardas recebidas nos dois anos subsequentes, porém não dava mais. A saída era iminente.

Iminente porque os Patriots não ficariam com o veterano por um longo tempo. A filosofia deles é outra: ter muitas escolhas nos drafts e montar um elenco com base na juventude – e um ou outro veterano. Dentre os mais experientes, o número 84 não seria o escolhido. Por isso ele falou o que pensava, arcou com as consequências – passando em branco no seu último jogo – e conseguiu o que queria.


Seu regresso ao Vikings é bom para ele, pois lá sua função será primordial para o sucesso do time que precisa de um alvo para receber passes longos do braço de Brett Favre, conhecido na NFL por gostar de fazer tais lances. O ataque dos Vikings é completo com bom jogo corrido (Adrian Peterson), bom alvo nos passes curtos (Percy Harvin) e boa opção nos passes no meio de campo (Visanthe Shiancoe). Faltava essa arma para um ataque mais profundo.

Seus 7 anos anteriores com os Vikings foram problemáticos e cheios de distrações. Mas Randy não guarda rancor de nada do que ocorreu e procura ver sua passagem por Minnesota como uma coisa boa. Sua perspectiva é que se hoje ele tem uma vida financeiramente saudável, pôde jogar em principais times da NFL (teve uma curta passagem com os Raiders) e aos 33 anos de idade ainda é produtivo, tudo se deve ao que foi aprendido e vivido com os Vikings.

A franquia está sob uma nova direção, diferente daquela que lidou com Moss. Talvez Zigi Wlif, dono, tenha uma missão mais próxima da realidade acerca do que fazer com sua mais recente contratação. A montagem do elenco desta temporada, tendo em vista o que aconteceu no campeonato passado, indica que é tudo ou nada para os Viknigs em 2010. Se conseguir o título: a glória. Se não... Se não...

O time fez de tudo para trazer de volta o QB Favre, porém ele perdeu seu alvo preferido (Sidney Rice, cirurgia no quadril) que, provavelmente, não volta neste ano. A diretoria se movimentou buscando um WR de elite para seu paparicado jogador. Não conseguiu Vincent Jackson (Chargers), entretanto trouxe Moss. Interessante que quando ainda estava com os Packers, Favre fez um enorme lobby, em 2007, para que seu ex-time adquirisse o controverso receiver – que foi para NE e a história já é conhecida.

Quem sabe, para Moss, as performances de 2007 não se repitam? Uma lembrança daquele ano ele terá na próxima segunda, seu primeiro jogo com os Vikings. O adversário será o New York Jets, mesmo time contra o qual ele estreou com os Patriots em 2007. Na ocasião Moss fez uma excelente partida, com 9 recepções para 183 jardas e 1 TD. Quem o marcou foi um garoto novato chamado Darrelle Revis, hoje um dos melhores cornerbacks da NFL.




Revis, em 2010, se lesionou num jogo contra os Patriots ao correr buscando impedir o magnífico TD de Moss registrado no vídeo acima. Esteve de fora por duas semanas, porém volta contra os Vikings. O duelo entre os dois será a principal atração da próxima rodada.

Pegando 2007 como exemplo os Vikings, dependendo das atuações de Moss, não devem firmar um compromisso a longo prazo com o atleta. Após esta temporada o receiver será agente livre e algum clube irá lhe oferecer milhões de dólares por um contrato. Só que no atual momento é nítido que é pouco rentável se comprometer a longo prazo com o veterano. Mas pode ter certeza, é um grande trunfo por apenas uma temporada.

Wlif sabe que não terá um Moss diferente. Nada de novo será apresentado nas partidas dos Vikings, mas o que se verá é um jogo de alto nível de um dos melhores receivers da história da liga. Frustrante para ele será não conseguir nada (de novo) e ficar mais uma vez sem o título, sabendo que não só ele, mas o time como um todo é capaz de ganhar o Super Bowl. O objetivo da franquia é manter Randy centrado e focado em jogar football, controlando o vetor complexo que volta ao lugar onde tudo começou.



(GL)
Escrito por João da Paz


© 1 Jim McIsacc / Getty Images

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