Geralmente, as coisas feitas às escuras acontecem porque são erradas. Pessoas fazem isto por vergonha, não querem que ninguém descubra. Grande parte das ações ilícitas são realizadas na calada da madrugada e a cidade de Baltimore, usando este simples raciocínio, se posiciona contra os Colts, pois afirmam que a franquia foi roubada da noite pro dia.
Literalmente.
Era 28 de Março de 1984 e a franquia Colts estava em Baltimore. Na madrugada do dia 29 de Março de 1984 os Colts já estavam em Indianapolis. Por questões burocráticas, pessoais e um estádio no meio da discussão, o então dono do clube, Robert Irsay, saiu da cidade e foi para um estado que ama basquete e automobilismo, menos football. A tarefa para administrar um time da NFL por lá não seria fácil e Jim Irsay (filho) assumiu a diretoria da equipe, com a missão de adaptar a franquia na nova cidade.
Passaram 25 anos e Jim, depois da morte do pai em 1997, recebeu de herança os Colts. Antes havia um sentimento estranho em Indianapolis, pois a população ficava meio receosa em relação a chegada repentina de um grande clube da NFL. Porém, depois destes anos todos e do sucesso do time dentro de campo, Indy apoia com carinho e devoção uma das franquia mais bem administradas e respeitadas de toda a liga.
De 2000 pra cá, são 115 vitórias em partidas de temporada regular – quebrando o recorde do San Francisco 49ers de 113, conquistado na década de 90 –; um recorde de 23 vitórias seguidas em jogos da temporada regular; oito classificações seguidas aos playoffs e em cada uma destas temporadas o time conseguiu dez vitórias ou mais; um título de Super Bowl (2006-07); e o único jogador a ganhar quatro vezes o MVP: Peyton Manning.
Creditar somente a Manning o sucesso dos Colts não é justo. A franquia fez muito mais do que pegar o melhor jogador disponível no draft de 1998 e Irsay tem uma grande parcela nisto. Ao trazer Bill Polian no final de 1997 para ser o presidente do clube, Jim entregou nas mãos certas o controle do elenco e a recompensa veio nos anos seguintes com os feitos conquistados em campo e os prêmios ganhos fora dele – Polian foi o eleito 2 vezes com os Colts o Melhor Executivo do Ano (1999 e 2009).
Porém não tem como negar, Manning tem uma boa e considerável parcela nos resultados positivos recentes da franquia.
Irsay não gosta de se auto promover e dizer que tudo de bom que aconteceu com os Colts foi graças as suas ações; ele gosta de dizer que a sorte sempre teve lhe ajudando. A escolha de Manning no draft, por exemplo: e se ele tivesse entrado um ano antes? No caso, o New York Jets seriam os sortudos, mas acabou não acontecendo assim. Com a primeira escolha no draft de 1998, Irsay estava determinado em pegar o então QB da Universidade do Tennessee e em uma das conversas entre os dois, Manning disse: “Quero deixar algo claro: se me escolher, irei vencer por você”.
E isto Peyton fez. Irsay sempre se lembra da reunião e o resultado é a sua mais recente declaração: ele irá fazer o camisa 18 do seu time o jogador mais bem pago de toda a liga na temporada 2010-11.
Dinheiro Irsay tem. Pessoalmente, ele é um dos homens mais ricos do mundo, listado na lista TOP 400 da revista Forbes – mais de 1 bilhão de dólares em patrimônio. Os Colts, mesmo jogando em um dos menores mercados da NFL, é altamente sustentável, com uma folha salarial balanceada e um novo estádio que vale mais de US$ 720 milhões. Uma das vantagens dele é possuir o controle total da franquia (100% das ações), não dividindo dinheiro ou decisões com ninguém, algo raro na liga.
O que não faz dele um autoritário. Pelo contrário, Irsay é sociável e extrovertido – dizem que ele é o oposto do seu pai. Jim é novo (50 anos de idade) e esta, digamos, juventude só lhe ajuda nos bastidores e no tão famoso e importante lobby. Sua opinião sobre qualquer assunto é respeitada, o que ficou claro no episódio Rush Limbaugh no ano passado (leia: “Dossiê Rush Limbaugh”) onde Irsay prontamente se posicionou contra a possível entrada da polêmica celebridade no seleto grupo de donos da NFL.
Uma das virtudes de Irsay é criar laços com seus funcionários, que acabam se identificando com ele e trabalhando com mais dedicação. Dos jogadores aos treinadores (apenas 3 nos últimos 12 anos), passando pela diretoria aos trabalhadores corporativos (alguns com mais de 20 anos de clube), os Colts têm uma áurea de família em volta e é a franquia que mais tem funcionários de toda a NFL.
Irsay é sinônimo de êxito em Indianapolis. Já em Baltimore é sinônimo de palavrão... Por muitos anos ele manteve escondida na mesa de seu escritório uma Magnum .35, temendo represálias da cidade que seu pai abandonou – mantinha as escondidas para ninguém descobrir. Mesmo após turbulências e dúvidas, ele construiu uma nova equipe, com uma nova identidade e perspectiva.
Embora ele mantenha um hobby na surdina e só pessoas próximas conhecem. Ele não faz às escuras por ter vergonha ou por ser algo errado, mas por não querer se auto promover. Quando ele está perto de uma guitarra ele não se controla e começa a tocar, tirando sons clássicos da música rock. Essa é a hora que ele tira o terno e coloca uma camisa bem curta, deixando transparecer uma tatuagem no ombro direito. É uma ferradura de cavalo que o faz lembrar do que ele representa para um franquia que esteve por muito tempo ao léu e que hoje é uma das mais admiradas e exaltadas.
Literalmente.
Era 28 de Março de 1984 e a franquia Colts estava em Baltimore. Na madrugada do dia 29 de Março de 1984 os Colts já estavam em Indianapolis. Por questões burocráticas, pessoais e um estádio no meio da discussão, o então dono do clube, Robert Irsay, saiu da cidade e foi para um estado que ama basquete e automobilismo, menos football. A tarefa para administrar um time da NFL por lá não seria fácil e Jim Irsay (filho) assumiu a diretoria da equipe, com a missão de adaptar a franquia na nova cidade.
Passaram 25 anos e Jim, depois da morte do pai em 1997, recebeu de herança os Colts. Antes havia um sentimento estranho em Indianapolis, pois a população ficava meio receosa em relação a chegada repentina de um grande clube da NFL. Porém, depois destes anos todos e do sucesso do time dentro de campo, Indy apoia com carinho e devoção uma das franquia mais bem administradas e respeitadas de toda a liga.
De 2000 pra cá, são 115 vitórias em partidas de temporada regular – quebrando o recorde do San Francisco 49ers de 113, conquistado na década de 90 –; um recorde de 23 vitórias seguidas em jogos da temporada regular; oito classificações seguidas aos playoffs e em cada uma destas temporadas o time conseguiu dez vitórias ou mais; um título de Super Bowl (2006-07); e o único jogador a ganhar quatro vezes o MVP: Peyton Manning.
Creditar somente a Manning o sucesso dos Colts não é justo. A franquia fez muito mais do que pegar o melhor jogador disponível no draft de 1998 e Irsay tem uma grande parcela nisto. Ao trazer Bill Polian no final de 1997 para ser o presidente do clube, Jim entregou nas mãos certas o controle do elenco e a recompensa veio nos anos seguintes com os feitos conquistados em campo e os prêmios ganhos fora dele – Polian foi o eleito 2 vezes com os Colts o Melhor Executivo do Ano (1999 e 2009).
Polian, Irsay e Manning
Porém não tem como negar, Manning tem uma boa e considerável parcela nos resultados positivos recentes da franquia.
Irsay não gosta de se auto promover e dizer que tudo de bom que aconteceu com os Colts foi graças as suas ações; ele gosta de dizer que a sorte sempre teve lhe ajudando. A escolha de Manning no draft, por exemplo: e se ele tivesse entrado um ano antes? No caso, o New York Jets seriam os sortudos, mas acabou não acontecendo assim. Com a primeira escolha no draft de 1998, Irsay estava determinado em pegar o então QB da Universidade do Tennessee e em uma das conversas entre os dois, Manning disse: “Quero deixar algo claro: se me escolher, irei vencer por você”.
E isto Peyton fez. Irsay sempre se lembra da reunião e o resultado é a sua mais recente declaração: ele irá fazer o camisa 18 do seu time o jogador mais bem pago de toda a liga na temporada 2010-11.
Dinheiro Irsay tem. Pessoalmente, ele é um dos homens mais ricos do mundo, listado na lista TOP 400 da revista Forbes – mais de 1 bilhão de dólares em patrimônio. Os Colts, mesmo jogando em um dos menores mercados da NFL, é altamente sustentável, com uma folha salarial balanceada e um novo estádio que vale mais de US$ 720 milhões. Uma das vantagens dele é possuir o controle total da franquia (100% das ações), não dividindo dinheiro ou decisões com ninguém, algo raro na liga.
O que não faz dele um autoritário. Pelo contrário, Irsay é sociável e extrovertido – dizem que ele é o oposto do seu pai. Jim é novo (50 anos de idade) e esta, digamos, juventude só lhe ajuda nos bastidores e no tão famoso e importante lobby. Sua opinião sobre qualquer assunto é respeitada, o que ficou claro no episódio Rush Limbaugh no ano passado (leia: “Dossiê Rush Limbaugh”) onde Irsay prontamente se posicionou contra a possível entrada da polêmica celebridade no seleto grupo de donos da NFL.
Uma das virtudes de Irsay é criar laços com seus funcionários, que acabam se identificando com ele e trabalhando com mais dedicação. Dos jogadores aos treinadores (apenas 3 nos últimos 12 anos), passando pela diretoria aos trabalhadores corporativos (alguns com mais de 20 anos de clube), os Colts têm uma áurea de família em volta e é a franquia que mais tem funcionários de toda a NFL.
Irsay é sinônimo de êxito em Indianapolis. Já em Baltimore é sinônimo de palavrão... Por muitos anos ele manteve escondida na mesa de seu escritório uma Magnum .35, temendo represálias da cidade que seu pai abandonou – mantinha as escondidas para ninguém descobrir. Mesmo após turbulências e dúvidas, ele construiu uma nova equipe, com uma nova identidade e perspectiva.
Embora ele mantenha um hobby na surdina e só pessoas próximas conhecem. Ele não faz às escuras por ter vergonha ou por ser algo errado, mas por não querer se auto promover. Quando ele está perto de uma guitarra ele não se controla e começa a tocar, tirando sons clássicos da música rock. Essa é a hora que ele tira o terno e coloca uma camisa bem curta, deixando transparecer uma tatuagem no ombro direito. É uma ferradura de cavalo que o faz lembrar do que ele representa para um franquia que esteve por muito tempo ao léu e que hoje é uma das mais admiradas e exaltadas.
(GL)
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© 3 Steve Healley / Indianapolis Star
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