O arco-íris é sinal de DEUS. Mais um meio d’Ele se comunicar com a humanidade. Encantamento que paralisa quem vê de perto, nem que seja por um pequeno instante. O céu de Pittsburgh foi pano de fundo para o fenômeno e a bela imagem foi registrada cruzando o PNC Park, estádio dos Pirates, time da MLB que representa a cidade.
O segundo maior município do estado da Pensilvânia, Pittsburgh é símbolo de grande representatividade na conhecida região do “cinturão da manufatura” – hoje nomeada de “cinturão da ferrugem”. Quando as indústrias de bens primários funcionavam a todo vapor e elevavam a economia da região, as metalúrgicas e siderurgias da cidade eram o grande destaque. Hoje as inúmeras fábricas se reduziram a poucas e apesar de existirem algumas em atividade, a principal fama do lugar está perpetuada no apelido do time de football: Steelers, grande orgulho dos moradores.
Em 1980 a ferrugem começou a aparecer e a crise atingiu forte. Na década anterior, um em cada três empregos era no setor da manufatura; no começo dos anos 80 passou a ser um em cada quatro. Em 1980 os metalúrgicos eram 25.3% da massa trabalhadora da cidade; em 1955 eram 41.8%. Buscaram-se então alternativas para sair da adversa situação que estava enfrentando.
Pittsburgh agiu de forma diferente em relação a outras cidades da região que sofreram igual baque financeiro no mesmo período. Mesmo com inevitáveis perdas, os negócios migraram de setor e a força da economia local passou a ser sustentada por três pilares: saúde, serviços e universidade. Isto ficou bem característico nos anos 90 e contribuiu imensamente para encarar a grave crise do final da década seguinte.
A Grande Recessão de 2008 foi um golpe fatal para muitos municípios do “cinturão da ferrugem” que já viam cambaleando e sofreram um ultimato nas respectivas vulneráveis economias. Pittsburgh foi atingida de leve e o grande sinal foi a queda na população registrada no censo americano do ano passado: -8.6%. Contudo, o diferenciado mercado financeiro segurou firme a cidade e um aspecto mostra como ela saiu bem: enquanto os valores dos imóveis caiam drasticamente na região e em todo país, Pittsburgh viu um aumento de 2%.
Assim aconteceu graças à diversificada economia que manteve a cidade estável e competitiva. O presidente dos EUA, Barack Obama, reconheceu este feito e declarou num discurso no dia 8 de Setembro de 2009: “Pittsburgh é um exemplo sólido de como criar novos empregos e novas indústrias enquanto move para a economia do século XXI”. Dias depois Pittsburgh foi sede da reunião do G-20, grupo de 19 países mais a União Europeia, para discutir o mercado financeiro e a economia mundial. Inicialmente era para ser realizado em New York, mas uma mudança teve que ocorrer e Obama escolheu Pittsburgh – eleita recentemente pelas revistas Forbes (americana) e The Economist (inglesa) como a cidade mais habitável dos Estados Unidos.
Uma tremenda reviravolta aconteceu e muitos devem copiar a lição dada. Enquanto isso um quadro de futilidade marca o lugar. Os Pirates vão de mal a pior e são alvos de piada e ignorados por muitos. Chamam de a “Cidade dos Campeões” numa referência aos Steelers e aos Penguins (NHL). Por mais que o time de beisebol tenha suas conquistas no passado, o que fica no presente são as irrisórias recentes campanhas. Desde 1992 que os Pirates não terminam uma temporada com mais vitórias que derrotas, maior seca entre todos os esportes americanos profissionais. Quando atingiu a marca de 50 jogos nesta temporada 2011, logo surgiu um alvoroço sobre a possibilidade da quebra deste banal recorde. Bem...
São duas derrotas seguidas e o time agora está com 24v e 28d. Porém a atual série de jogos é fora de casa (em New York contra os Mets) e o clube tem um ótimo aproveitamento como visitante: até agora foram 7 séries vitoriosas em 9 oportunidades. São mais séries vitoriosas fora de casa do que juntando as campanhas de 2009 e 2010.
As derrotas são tão comuns que até o torcedor do clube tira proveito. Um bar esportivo em Kennedy, cidade a 20 minutos de Pittsburgh, decidiu fazer a seguinte promoção: “Se os Pirates perderem, vocês ganham”. Consistia em cervejas a cinco centavos na noite que os Pirates fossem derrotados. A diretoria da franquia soube e resolveu lançar um boicote contra o bar; a dona encerrou a ação. O cômico – para não dizer trágico – foi este trecho do e-mail que uma executiva do clube, Angela Criscella, enviou para o estabelecimento: “Uma piada aqui e outra ali é aceitável, mas criar um negócio torcendo contra o time local é ridículo”.
O mais otimista dos torcedores torna-se cético perante o cenário da franquia. Produtora de grandes talentos, porém incapaz de mantê-los por não conseguir competir com o dinheiro de gente grande que circula na MLB. Mais uma janela de transferências está para fechar e os Pirates serão, mais uma vez, vendedores ao invés de compradores. Neal Huntington, diretor de beisebol, garante que não será tão certo assim, dependerá de como a equipe estará na tabela no final de Julho. Tudo indica que não será num melhor lugar que hoje, observando um horizonte raso e obscuro.
Uma esperança é aguardada e a alternativa de olhar para o alto é que resta.
Quem sabe onde dois arcos-íris apareceram ao mesmo tempo seja o palco de mais uma reviravolta miraculosa.
O segundo maior município do estado da Pensilvânia, Pittsburgh é símbolo de grande representatividade na conhecida região do “cinturão da manufatura” – hoje nomeada de “cinturão da ferrugem”. Quando as indústrias de bens primários funcionavam a todo vapor e elevavam a economia da região, as metalúrgicas e siderurgias da cidade eram o grande destaque. Hoje as inúmeras fábricas se reduziram a poucas e apesar de existirem algumas em atividade, a principal fama do lugar está perpetuada no apelido do time de football: Steelers, grande orgulho dos moradores.
Em 1980 a ferrugem começou a aparecer e a crise atingiu forte. Na década anterior, um em cada três empregos era no setor da manufatura; no começo dos anos 80 passou a ser um em cada quatro. Em 1980 os metalúrgicos eram 25.3% da massa trabalhadora da cidade; em 1955 eram 41.8%. Buscaram-se então alternativas para sair da adversa situação que estava enfrentando.
Pittsburgh agiu de forma diferente em relação a outras cidades da região que sofreram igual baque financeiro no mesmo período. Mesmo com inevitáveis perdas, os negócios migraram de setor e a força da economia local passou a ser sustentada por três pilares: saúde, serviços e universidade. Isto ficou bem característico nos anos 90 e contribuiu imensamente para encarar a grave crise do final da década seguinte.
A Grande Recessão de 2008 foi um golpe fatal para muitos municípios do “cinturão da ferrugem” que já viam cambaleando e sofreram um ultimato nas respectivas vulneráveis economias. Pittsburgh foi atingida de leve e o grande sinal foi a queda na população registrada no censo americano do ano passado: -8.6%. Contudo, o diferenciado mercado financeiro segurou firme a cidade e um aspecto mostra como ela saiu bem: enquanto os valores dos imóveis caiam drasticamente na região e em todo país, Pittsburgh viu um aumento de 2%.
Assim aconteceu graças à diversificada economia que manteve a cidade estável e competitiva. O presidente dos EUA, Barack Obama, reconheceu este feito e declarou num discurso no dia 8 de Setembro de 2009: “Pittsburgh é um exemplo sólido de como criar novos empregos e novas indústrias enquanto move para a economia do século XXI”. Dias depois Pittsburgh foi sede da reunião do G-20, grupo de 19 países mais a União Europeia, para discutir o mercado financeiro e a economia mundial. Inicialmente era para ser realizado em New York, mas uma mudança teve que ocorrer e Obama escolheu Pittsburgh – eleita recentemente pelas revistas Forbes (americana) e The Economist (inglesa) como a cidade mais habitável dos Estados Unidos.
Uma tremenda reviravolta aconteceu e muitos devem copiar a lição dada. Enquanto isso um quadro de futilidade marca o lugar. Os Pirates vão de mal a pior e são alvos de piada e ignorados por muitos. Chamam de a “Cidade dos Campeões” numa referência aos Steelers e aos Penguins (NHL). Por mais que o time de beisebol tenha suas conquistas no passado, o que fica no presente são as irrisórias recentes campanhas. Desde 1992 que os Pirates não terminam uma temporada com mais vitórias que derrotas, maior seca entre todos os esportes americanos profissionais. Quando atingiu a marca de 50 jogos nesta temporada 2011, logo surgiu um alvoroço sobre a possibilidade da quebra deste banal recorde. Bem...
São duas derrotas seguidas e o time agora está com 24v e 28d. Porém a atual série de jogos é fora de casa (em New York contra os Mets) e o clube tem um ótimo aproveitamento como visitante: até agora foram 7 séries vitoriosas em 9 oportunidades. São mais séries vitoriosas fora de casa do que juntando as campanhas de 2009 e 2010.
As derrotas são tão comuns que até o torcedor do clube tira proveito. Um bar esportivo em Kennedy, cidade a 20 minutos de Pittsburgh, decidiu fazer a seguinte promoção: “Se os Pirates perderem, vocês ganham”. Consistia em cervejas a cinco centavos na noite que os Pirates fossem derrotados. A diretoria da franquia soube e resolveu lançar um boicote contra o bar; a dona encerrou a ação. O cômico – para não dizer trágico – foi este trecho do e-mail que uma executiva do clube, Angela Criscella, enviou para o estabelecimento: “Uma piada aqui e outra ali é aceitável, mas criar um negócio torcendo contra o time local é ridículo”.
O mais otimista dos torcedores torna-se cético perante o cenário da franquia. Produtora de grandes talentos, porém incapaz de mantê-los por não conseguir competir com o dinheiro de gente grande que circula na MLB. Mais uma janela de transferências está para fechar e os Pirates serão, mais uma vez, vendedores ao invés de compradores. Neal Huntington, diretor de beisebol, garante que não será tão certo assim, dependerá de como a equipe estará na tabela no final de Julho. Tudo indica que não será num melhor lugar que hoje, observando um horizonte raso e obscuro.
Uma esperança é aguardada e a alternativa de olhar para o alto é que resta.
Quem sabe onde dois arcos-íris apareceram ao mesmo tempo seja o palco de mais uma reviravolta miraculosa.
(GL)
Escrito por João da Paz
Escrito por João da Paz
© 1 por Natalie Litz
© 2 Philipe Wojazer / Reuters
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