No final, deu tudo certo para Toby Gerhart.
O running back foi escolhido no Draft 2010 por um time (Minnesota Vikings) no qual ele se encaixa perfeitamente no esquema ofensivo. Ser reserva de Adrian Peterson, estar num clube que almeja o Super Bowl e tem capacidade de chegar lá, acabou sendo um desfecho ideal para um cara que fez uma temporada 2009 na NCAA esplendorosa, mas que não recebeu tanta aceitação por parte das franquias da NFL.
Considerando primeiramente os fatos, Gerhart foi o melhor RB universitário do ano passado. Levou o troféu Doak Walker, cedido ao destaque da posição e fez ressurgir uma equipe de football que estava no ostracismo; Stanford não obtinha um aproveitamento acima dos 50% desde 2001. A universidade terminou o campeonato com 8v-5d e uma vaga no Sun Bowl contra Oklahoma – que venceu a partida. Na premiação do melhor jogador da NCAA 2009, Toby perdeu para o RB de Alabama, Mark Ingram, por apenas 28 votos, a menor diferença em 74 anos do troféu Heisman.
Esses dados foram fortes credencias para Toby, porém ele expôs que todos os números produzidos em campo talvez não fossem suficientes para colocá-lo em uma boa posição no draft. Uma das razões citadas foi a questão racial, com muitos times, na entrevista corriqueira que faz parte do Combine*, perguntando à Gerhart sobre como é ser um RB branco.
A questão se espalhou quando o super popular portal Yahoo! publicou uma reportagem abordando este tema. Assim o assunto caiu na boca do povo, nas discussões virtuais e em programas televisivos de todo o tipo. O debate era em torno da possibilidade do RB de Stanford ser preterido pela cor da sua pele, mesmo tendo ótimos números e apresentações espetaculares contra times fortes da NCAA. Por exemplo, contra equipes rankeadas, ele teve uma média de 200.3 jardas corridas por jogo. Fez ótimas partidas contra as rivais Oregon e USC (consecutivamente) e contra Notre Dame correu para 205 jardas e marcou 3 TD´s (passou para um TD, inclusive) – além de protagonizar este incrível lance:
Quando a questão chegou na ultra conservadora direita americana, se concretizou a polêmica. O canal de notícias Fox News, representante símbolo deste setor da sociedade, assumiu uma posição radical e jogou para o ar “o racismo às avessas” baseando-se numa declaração, ao próprio site Yahoo!, de um experiente olheiro (scout) da NFL que disse “Ele será uma grande escolha para alguém na segunda rodada, mas eu garanto que se ele fosse o mesmo cara – mas de pele escura – com certeza seria escolha de primeira rodada.”
A interpretação do scout é a mais próxima da realidade, seja qual for o entendimento de cada um acerca deste tema. Numa classe na qual RB´s não foram destaques, Gerhart poderia ser melhor avaliado. Entretanto, depois de 50 jogadores selecionados (entre eles 4 RB´s), os Vikings fizeram uma troca com o Houston Texans pela 51ª escolha e pegaram Toby. A franquia deve ter se lembrado do passado, quando outro RB branco esteve com o clube.
O interessante é que este “... outro RB...” é justamente o pai de Toby. Todd jogou na posição defendendo a universidade de Cal State Fullerton, atuou na extinta USFL e fez testes com os Vikings na NFL. Gerhart não gosta de mencionar este fato – não por nada – , mas porque sempre o comparam com outro RB branco. Quando perguntado sobre seu estilo de jogo, ele cita grandes RB´s como inspiração, aqueles que são modelos para aprimorar seu método de corrida. Eddie George, Corey Dillon, Deuce McAllister e Michael Turner são os jogadores que Gerhart se identifica – nenhum RB branco na lista.
Foram poucos, mas a NFL teve corredores que foram destaques, quebrando este estereótipo do “RB negro”. Da própria Universidade Stanford vem o último RB branco escolhido na primeira rodada; Tommy Vardell foi a nona escolha do Cleveland Browns, comandado então por Bill Belichick, no draft de 1992. O RB branco que teve a melhor posição em um draft foi Ken Williard, segunda escolha em 1965 pelo San Francisco 49ers. O único time campeão invicto em toda história da NFL, o Miami Dolphins de 1972, tinha um RB branco como titular: Larry Csonka. Voltando a 1992, este foi o ano que entrou no Hall da Fama John Riggins, o RB branco que foi o MVP do Super Bowl XVII, jogando pelo Washington Redskins.
Fugir de rotulações será difícil para Gerhart, por mais que tente evitar. Conforme sua performance em campo, outros atletas poderão visualizar o que aconteceu com ele e decidir ser “RB branco”, visto que até mesmo na 1ª Divisão da NCAA é raro ver um. Toby se preparou para uma possível decepção quando a transição universidade/profissional aparecesse e não largou o beisebol em Stanford, esporte que ele é muito bom; foi draftado pela MLB em 2009. Ao terminar a carreira universitária, optou pelo football por ter mais potencial para se tronar um grande jogador, abraçando a bela oportunidade dada pelos Vikings.
As características de Toby dão a ele a missão de correr entre a defesa adversária, enfrentando sem medo os temidos DT´s e LB`s da NFL. Ele fazia isto na NCAA e, apesar de ser em outro nível, encarava fortes jogadores defensivos que hoje estão brilhando na liga. Sua contribuição com o Minnesota será imediata, substituindo Peterson em determinadas ocasiões no decorrer das partidas e sendo uma arma poderosa nas terceiras decidas para poucas jardas.
Com a ausência do RB titular nos primeiros treinamentos da temporada, Gerhart teve mais tempo para desenvolver um aspecto importante que lhe falta: ser efetivo no jogo aéreo. Segundo uma breve avaliação da comissão técnica, este específico detalhe pode ser incluído no jogo do novo RB, o que será trabalhado a partir da próxima sexta quando inicia oficialmente os treinamentos dos Vikings em preparação para a temporada.
Em 2009, Brett Favre e o sistema de ataque dos Vikngs produziram o melhor novato ofensivo da NFL, o receiver Percy Harvin. Mesmo que o veterano QB não volte ao clube, existe a possibilidade de repetir o feito que, levando em consideração o ocorrido, será mais uma realização histórica.
O running back foi escolhido no Draft 2010 por um time (Minnesota Vikings) no qual ele se encaixa perfeitamente no esquema ofensivo. Ser reserva de Adrian Peterson, estar num clube que almeja o Super Bowl e tem capacidade de chegar lá, acabou sendo um desfecho ideal para um cara que fez uma temporada 2009 na NCAA esplendorosa, mas que não recebeu tanta aceitação por parte das franquias da NFL.
Considerando primeiramente os fatos, Gerhart foi o melhor RB universitário do ano passado. Levou o troféu Doak Walker, cedido ao destaque da posição e fez ressurgir uma equipe de football que estava no ostracismo; Stanford não obtinha um aproveitamento acima dos 50% desde 2001. A universidade terminou o campeonato com 8v-5d e uma vaga no Sun Bowl contra Oklahoma – que venceu a partida. Na premiação do melhor jogador da NCAA 2009, Toby perdeu para o RB de Alabama, Mark Ingram, por apenas 28 votos, a menor diferença em 74 anos do troféu Heisman.
Esses dados foram fortes credencias para Toby, porém ele expôs que todos os números produzidos em campo talvez não fossem suficientes para colocá-lo em uma boa posição no draft. Uma das razões citadas foi a questão racial, com muitos times, na entrevista corriqueira que faz parte do Combine*, perguntando à Gerhart sobre como é ser um RB branco.
A questão se espalhou quando o super popular portal Yahoo! publicou uma reportagem abordando este tema. Assim o assunto caiu na boca do povo, nas discussões virtuais e em programas televisivos de todo o tipo. O debate era em torno da possibilidade do RB de Stanford ser preterido pela cor da sua pele, mesmo tendo ótimos números e apresentações espetaculares contra times fortes da NCAA. Por exemplo, contra equipes rankeadas, ele teve uma média de 200.3 jardas corridas por jogo. Fez ótimas partidas contra as rivais Oregon e USC (consecutivamente) e contra Notre Dame correu para 205 jardas e marcou 3 TD´s (passou para um TD, inclusive) – além de protagonizar este incrível lance:
Quando a questão chegou na ultra conservadora direita americana, se concretizou a polêmica. O canal de notícias Fox News, representante símbolo deste setor da sociedade, assumiu uma posição radical e jogou para o ar “o racismo às avessas” baseando-se numa declaração, ao próprio site Yahoo!, de um experiente olheiro (scout) da NFL que disse “Ele será uma grande escolha para alguém na segunda rodada, mas eu garanto que se ele fosse o mesmo cara – mas de pele escura – com certeza seria escolha de primeira rodada.”
A interpretação do scout é a mais próxima da realidade, seja qual for o entendimento de cada um acerca deste tema. Numa classe na qual RB´s não foram destaques, Gerhart poderia ser melhor avaliado. Entretanto, depois de 50 jogadores selecionados (entre eles 4 RB´s), os Vikings fizeram uma troca com o Houston Texans pela 51ª escolha e pegaram Toby. A franquia deve ter se lembrado do passado, quando outro RB branco esteve com o clube.
O interessante é que este “... outro RB...” é justamente o pai de Toby. Todd jogou na posição defendendo a universidade de Cal State Fullerton, atuou na extinta USFL e fez testes com os Vikings na NFL. Gerhart não gosta de mencionar este fato – não por nada – , mas porque sempre o comparam com outro RB branco. Quando perguntado sobre seu estilo de jogo, ele cita grandes RB´s como inspiração, aqueles que são modelos para aprimorar seu método de corrida. Eddie George, Corey Dillon, Deuce McAllister e Michael Turner são os jogadores que Gerhart se identifica – nenhum RB branco na lista.
Foram poucos, mas a NFL teve corredores que foram destaques, quebrando este estereótipo do “RB negro”. Da própria Universidade Stanford vem o último RB branco escolhido na primeira rodada; Tommy Vardell foi a nona escolha do Cleveland Browns, comandado então por Bill Belichick, no draft de 1992. O RB branco que teve a melhor posição em um draft foi Ken Williard, segunda escolha em 1965 pelo San Francisco 49ers. O único time campeão invicto em toda história da NFL, o Miami Dolphins de 1972, tinha um RB branco como titular: Larry Csonka. Voltando a 1992, este foi o ano que entrou no Hall da Fama John Riggins, o RB branco que foi o MVP do Super Bowl XVII, jogando pelo Washington Redskins.
Fugir de rotulações será difícil para Gerhart, por mais que tente evitar. Conforme sua performance em campo, outros atletas poderão visualizar o que aconteceu com ele e decidir ser “RB branco”, visto que até mesmo na 1ª Divisão da NCAA é raro ver um. Toby se preparou para uma possível decepção quando a transição universidade/profissional aparecesse e não largou o beisebol em Stanford, esporte que ele é muito bom; foi draftado pela MLB em 2009. Ao terminar a carreira universitária, optou pelo football por ter mais potencial para se tronar um grande jogador, abraçando a bela oportunidade dada pelos Vikings.
As características de Toby dão a ele a missão de correr entre a defesa adversária, enfrentando sem medo os temidos DT´s e LB`s da NFL. Ele fazia isto na NCAA e, apesar de ser em outro nível, encarava fortes jogadores defensivos que hoje estão brilhando na liga. Sua contribuição com o Minnesota será imediata, substituindo Peterson em determinadas ocasiões no decorrer das partidas e sendo uma arma poderosa nas terceiras decidas para poucas jardas.
Com a ausência do RB titular nos primeiros treinamentos da temporada, Gerhart teve mais tempo para desenvolver um aspecto importante que lhe falta: ser efetivo no jogo aéreo. Segundo uma breve avaliação da comissão técnica, este específico detalhe pode ser incluído no jogo do novo RB, o que será trabalhado a partir da próxima sexta quando inicia oficialmente os treinamentos dos Vikings em preparação para a temporada.
Em 2009, Brett Favre e o sistema de ataque dos Vikngs produziram o melhor novato ofensivo da NFL, o receiver Percy Harvin. Mesmo que o veterano QB não volte ao clube, existe a possibilidade de repetir o feito que, levando em consideração o ocorrido, será mais uma realização histórica.
(GL)
Escrito por João da Paz
Escrito por João da Paz
*Combine: bateria de testes (técnicos, táticos e psicológicos) realizada pela NFL antes de cada draft.
© 1 Minnesota Vikings Media
© 2 Ben Liebenberg / NFL Media
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