Contra a Ordem Estabelecida

Deron Williams, Greg Miller, Carlos Boozer e Jerry Sloan - da esq. para dir. em sentido anti-horário

O Utah Jazz vive numa dimensão diferente das outras franquias da NBA. Passam-se os anos, e a mesma filosofia de trabalho permanece. Passam-se os anos, e o mesmo estilo de jogo permanece. Passam-se os anos, e o mesmo treinador permanece. Passam-se os anos, e o time se classifica mais uma vez para os playoffs. Passam-se os anos, e o clube supera adversidades e não sucumbe (como muitos esperam).

Esta será a quarta pós-temporada seguida que o Jazz participará. Depois de um hiato de três anos – que interrompeu uma fantástica sequencia de 20 aparições consecutivas nos playoffs – , o time avança embora tenha tido dificuldades ao longo do caminho. Enfrentando o descrédito, chega forte na segunda fase do campeonato e aquilo que serviu (serve) de crítica, sustenta a franquia.

São diversas as coisas que ocorreram com o Utah, todas vencidas pela certeza no embate com a dúvida. Carlos Boozer, Deron Williams, Jerry Sloan e Greg Miller fazem parte do sucesso da equipe, aqueles que se fincam em convicções e ideais que não serão mudados facilmente; por mais que haja uma força maior torcendo pelo fracasso.

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Ordem Estabelecida: Carlos Boozer será um problema na temporada 2009-10

Na pré-temporada, o ala deixou explícito que almejava sair de Utah e ir para Miami ou Chicago. A questão envolvia dinheiro e ele pedia um aumento salarial. A decisão estava com ele em não renovar com o Utah ou, caso a diretoria consentisse, ser trocado.

A celeuma criou um clima pesado e o Jazz já pressentia que Boozer não faria mais parte do elenco e renovou o contrato do seu reserva, Paul Milsap, que jogou grande parte do campeonato 2008-09 como titular devido a uma lesão de Carlos.

Por mais que ele seja uma super estrela e medalhista olímpico (ouro em 2008), a torcida ficou contra, não concordando com sua postura perante as negociações e lembrando o fato de que ele não atuou em 137 jogos dentro de 6 temporadas...

...Mas... Mesmo vaiado, Boozer logo reconquistou o apreço dos fãs

Ele optou por aceitar o que estava previsto anteriormente (US$ 12.7 milhões/ano). Será mais um espetacular jogador que estará disponível no mercado neste próximo meio de ano, mas ele não fala em Miami ou Chicago, quer permanecer com o Utah.

Diferente do esperado, Boozer vem fazendo uma ótima temporada e não está sendo o fator de discordância que imaginavam que fosse. Os setoristas (jornalistas locais) reportam o bom ambiente entre os jogadores e Boozer é um elo de conexão entre eles.

A resposta veio a galope, já que Carlos adora este tipo de situação: precisar mostrar em quadra seu valor. Foi assim quando entrou na liga na segunda rodada do draft 2002 (34ª escolha)... Foi assim quando foi cortado da sua primeira seletiva para a seleção americana (e disse depois que seria o melhor jogador da Universidade Duke na NBA )... Foi assim neste campeonato... Ao invés de responder com palavras, Boozer escolhe as performances em quadra para se justificar.

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Ordem Estabelecida: Estranho habitat = Deron Williams em Utah

Depois de ganhar apenas 26 jogos, a temporada 2004-05 só trouxe uma boa notícia ao Jazz: uma escolha alta no draft 2005. No sorteio eles ficaram com a 6ª posição, mas o objetivo era mais acima e então duas escolhas de draft foram postas num pacote junto com a 6ª posição e o Portland Trail Blazers aceitou, cedendo em troca sua 3ª escolha.

Assim o Utah ficou numa situação confortável para escolher o jogador ideal e necessário ao elenco. Então foi pego Deron, vindo da Universidade Illinois. Faltava exatamente um armador no esquema e a diretoria previa Williams se adaptando mais rápido ao estilo de jogo da equipe do que Chris Paul; escolhido na 4ª posição (New Orleans) vindo da Universidade Wake Forest.

A questão seria se Deron realmente se enquadraria ao time e a cidade Salt Lake.

Mas... Depois de quatro temporadas, pode se dizer que deu tudo certo

Deron é um cara relaxado, bem na dele. Segue à risca o que é dito pelo treinador Jerry Sloan e não é muito chegado em estar nos holofotes da mídia. A temporada de novato foi de adaptação ao jogo e como funcionam as coisas em Utah. Desde então, do campeonato 2006-07 pra cá, foram 339 partidas com a camisa do Jazz e em todas foi titular. Se tornou uma espécie de John Stockton versão 2.0 beta.

Diferente do esperado, Deron se encaixou perfeitamente dentro do elenco e hoje é uma figura essencial no clube e assume isto com responsabilidade.

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Ordem Estabelecida: Mudança, renovação, modernidade!

Não tão rápido assim. A tendência de renovação não é muito a cara do Jazz. Basta olhar para o banco de reservas e ver um senhor de 68 anos lá sentado. Numa postura que deixa uma aparência mais jovial, Jerry Sloan aniquila todo e qualquer argumento de atualização ao que está acontecendo ao seu redor e já computa 22 anos seguidos comandando em quadra o mesmo clube.

O livro de jogadas de Sloan é conhecido por todos da associação, porém ele o executa com tanta eficiência que poucos conseguem pará-lo, mesmo sabendo o que vão enfrentar.

A questão é até quando ele ficará no clube...

...Mas... Nem é preciso se preocupar tanto, afinal, vai demorar pra Sloan sair do Utah.

Isto porque seu trabalho é vitorioso, consistente e respeitado. Nestes 22 anos com o Jazz, só em 3 deles que o time não foi aos playoffs. Esta é uma marca considerável, principalmente levando em conta as atuais quatro aparições seguidas, mostrando que a era “Malone-Stockton” é história e que ele merece ganhar o prêmio de Melhor Treinador, troféu que ainda não recebeu; se não for por esta temporada, seja por tudo o que ele fez.

Estar no Hall da Fama do basquete, porém, já é um feito e tanto (entrou ano passado na classe do Michael Jordan). Sloan sobrevive ao tempo mantendo os velhos hábitos, pois foi assim que ele conseguiu manter-se tanto tempo no cargo. Não deixa os jogadores tomarem conta da situação e acaba sempre tendo a última palavra em qualquer decisão acerca do time – com o aval do dono.

Segundo pessoas próximas à NBA, o Jazz é o único clube que limita as saídas dos jogadores quando o time joga fora de casa. Um posicionamento que parece simples, mas é uma tarefa extremamente complicada deixar “de castigo” no hotel adultos que ganham milhões de dólares. Contudo, o respeito prevalece e a autoridade é obedecida.

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Ordem Estabelecida: Sem dinheiro não dá.

Um mistério? Nada. A saúde financeira do Jazz é tida como um grande segredo perante os donos de franquias da associação, mas Greg Miller, dono, diz que não há complicações em fazer um time competitivo numa cidade pequena.

Os clubes maiores e ricos vivem gastando dinheiro e formando elencos milionários. Porém, fazem gastos sem planejamento e acabam ficando desestruturados. A filosofia puramente empresarial é implantada na administração da franquia, com resultados em quadra sendo um dos fatores (e não O fator) para o sucesso.

Outros times fazem o mesmo...

...Mas... Não reconhecem os pontos negativos/positivos

Exemplo: o time não tem uma renda alta, logo não pode gastar muito. Greg, junto com seu diretor de basquete (Kevin O´Connor), tiveram que tomar atitudes radicais para diminuir o gasto com a folha salarial desta temporada, acima do limite permitido. Isto aconteceu porque houve a renovação com Milsap e Boozer optou ficar no clube. Assim, o Jazz teve que dispensar alguns jogadores, entre eles o titular Ronnie Brewer, para aliviar mais o gasto com os atletas.

Fora isso, grande parte do elenco são de jogadores escolhidos na segunda rodada do draft, alguns vindo da NBDL (liga de base) e outros que nem sequer foram draftados. Daí surgem nomes como Sundiata Gaines, Wesley Matthews, Ronnie Price, CJ Miles, Milsap, entre outros.

O time trabalha com o dinheiro que vem do público da cidade que é fiel e acompanha o time religiosamente. O ciclo segue com uma forte gama de patrocinadores que valorizam mais a marca. Greg vai com estes ativos administrando e mantendo o Utah na elite da NBA.

A astúcia e perspicácia trazem bons resultados em quadra e o futuro é promissor: o Jazz tem o quinto elenco mais jovem da NBA e possui a primeira escolha do New York Knicks no draft de 2010 (tende a ser uma posição alta).



(GL)


© 1 Arte gráfica por Celebpappers / Logo pertence à franquia Utah Jazz
© 2 Noah Graham / Getty Images
© 3 e 4 Melissa Majchrzak / Getty Images

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