O sucesso do brasileiro Maikon Bonani depende desse cara

A Universidade do Sul da Flórida (USF) começa a temporada 2011-12 em grande estilo neste próximo sábado dia 3. O jogo fora de casa contra a tradicional Notre Dame é um momento histórico para os Bulls, para o treinador Skip Holtz (que volta ao campus que estudou e iniciou a carreira atrás das quatro linhas) e para o kicker titular Maikon Bonani.

USF vem evoluindo bem desde a metade da década passada, mudando de conferência, integrando uma que faz parte do BCS. Esse jogo de abertura é um símbolo do crescimento da equipe e sua representatividade. Antes os jogos fora da conferência, os que dão início ao campeonato, eram feitos com escolas menores ou com times da elite, porém num aspecto mais de marketing do que competitivo. Isto mudou quando Holtz assumiu no ano passado o posto de técnico e marcou uma partida contra Florida Gators, força da conferência SEC. Perderam feio (38 a 14), mas inseriu o nome “USF” na grande mídia.

Em 2010 os Bulls foram razoáveis, terminando a temporada com 7v e 5d – mais o título do Meineke Car Care Bowl sobre Clemson Tigers. As vitórias fora de casa contra Cincinnati, Miami e Louisville deram um crédito ao time. Mesmo com apenas 11 titulares de volta, 6 na defesa, muitos consideram USF como favorita ao título da Big East; o comentarista Kirk Herbstreit, ESPN, é um deles.

Começar a temporada é difícil e está inserido naquele clichê “primeira impressão é a que fica”. Quando é contra um time rankeado (#14) então... Quando é fora de casa então... Se for contra Notre Dame então... A partida é encarada com tanta seriedade que os jogos de pré-temporada foram voltados para este duelo. Após tantos treinos Holtz deu ao seu elenco um inédito três dias de descanso (sábado, domingo e segunda) para voltar ao batente hoje visando o confronto do fim de semana.

No campus, vestiário, só se fala disso, tudo por um motivo.

Será a primeira vez que USF vai ter um jogo transmitido para todos os EUA em TV aberta (rede NBC). Um ingrediente a mais a ser adicionado na responsabilidade dos jogadores em representar a universidade para um enorme público no sábado à tarde e provar que podem jogar bem contra uma das gigantes forças da NCAA. Na semana passada Holtz ressaltou este detalhe dizendo: “Há muita empolgação. Que é alimentada pela maneira que terminamos a temporada passada e por jogar contra Notre Dame em televisão nacional. É um grande jogo para nós”.


Será também para o brazuca Bonani, kicker que está entra no seu quarto ano na USF, mas o terceiro como membro ativo do time - junior - (ficou fora em 2009 por lesão nas costas devido à um acidente de trabalho). Bonani começou 2010 como reserva e reconquistou a posição de primeiro K ao longo da temporada. Daí foram registradas grandes performances e seu campeonato terminou com o melhor aproveitamento de um kicker na história da USF: 17 field goals convertidos de 21 tentados, 81%.

A "temporada da NFL" de qualquer jogador universitário que não seja uma super estrela é a junior. Com 3 anos dá para medir bem o potencial do atleta (também é o período que o jogador precisa ficar na universidade para poder virar profissional). Contudo Bonani, mesmo tendo um 2010 produtivo e classificado como um dos kickers top para 2011, teve uma fraca pré-temporada, com uma grave inconsistência nos chutes de FG. Certa vez, ao comentar sobre esta situação, Holtz disse a um repórter local: “Não posso olhar diretamente pra ti e dizer que o time de especialistas tem feito com qualidade suas obrigações”. Holtz, inesperadamente, chegou deixar aberta a posição de kicker número 1, colocando Bonani para disputar vaga contra novatos e segundanistas.


Talvez esta tática ajude Bonani (foto acima) a não se acomodar e render melhor. As dúvidas precisaram ser resolvidas e Holtz vai com o brasileiro como o K titular contra Notre Dame (só FG e chutes extras). Numa partida de repercussão geral, com a atenção da NFL voltada a ela, Bonani pode inserir firmemente seu nome nas pranchetas dos scouts. Uma atuação ruim pode causar o efeito inverso e não só manchar seu status, mas perder a posição de titular.

A relevância da USF, reforçada na aquisição de Holtz e no trabalho que vem fazendo diariamente, ajuda os membros do elenco a se sobressaírem. Isto também beneficia o programa na época da seleção de recrutas, interessados em atuar numa universidade que “apareça” bastante ao público. Estar numa grande universidade, defender uma equipe da elite, faz toda a diferença. Não basta o atleta ter habilidade.

Veja o exemplo de outro kicker (e punter) brasileiro. Raiam dos Santos jogou por quatro anos pela Universidade Pennsylvania, integrante da Ivy League, conferência de escolas mais preocupadas em formar nomes para as mega empresas/corporações do que produzir atletas de alto rendimento. Raiam teve lá seu destaque naquele pequeno mundo, mas os scouts da NFL passaram longe do seu nome no draft '11. Ele, no programa Expresso do Esporte (SporTV) disse que sonha ocupar o mais alto cargo da República Federativa do Brasil.

Pois bem, é mais fácil Raiam ser presidente da nossa nação do que entrar na NFL...

Aparecer importa e Skip Holtz, junto com a USF, vai ajudar Bonani a receber o devido destaque. Resta ao camisa 28 fazer o que se espera dele.



(GL)
Escrito por João da Paz


© 1 USF Media
© 2 Getty Images

2 comentários:

Igor Cometti disse...

Torço para esse cara entrar na NFL, Santos não conseguiu, vamos ver ano que vem, mas tomaram que um dos dois entre

Rennany disse...

Seria ótimo ter um brasileiro jogando na NFL e o caminho natural deve ser esse com um kicker ou punter

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