Aproveite! Acompanhe o fim de carreira do Leandrinho no Flamengo


Os torcedores do Toronto Raptors queriam que o armador brasileiro Leandro Barbosa saísse do time e não voltasse mais. Porém como a opção de renovação é do jogador, assim que a temporada 2011-12 da NBA começar, últimos meses vigentes do atual contrato, ele estará defendo o rubro-negro canadense. Enquanto isso, fortalecendo a sua derrocada, Leandrinho acerta com o Flamengo para jogar pelo clube carioca até que o impasse sobre o novo acordo trabalhista na associação seja resolvido.

No final de 2009, junto com o Dênis do Bola Presa, foi publicado aqui um especial sobre os brazucas na NBA – “Feito no Brasil”. Nele disse que Leandrinho, assim como Nenê, serão os compatriotas mais lembrados pelas participações no melhor basquete do mundo. Hoje digo o mesmo, mas o que garante tal posição para Barbosa é o que ele fez anos atrás, porque seu recente passado é ruim e o presente pior.

Entendo que a importância do armador brasileiro vem carregada pela fama construída dentro de quadra em duas temporadas chaves (’06-’07 / ´07-´08). Nestas ele adquiriu o apelido que resume seu estilo: “Vulto Brasileiro”. Também recebeu o prêmio de “Melhor Reserva” na temporada ’06-’07. Convenhamos que ser considerado rápido e ganhar um troféu de “melhor sexto homem” não configura num grande status pra ninguém.

Por isso Leandrinho tem nos salários das 8 temporadas na NBA sua maior conquista. Os US$ 38 milhões recebidos neste período é um enorme prêmio para quem saiu do Brasil como segundo cestinha do campeonato nacional 2003 (28.2 PPJ, atrás do Oscar Schmidt) e não levou sua geração a sequer uma Olimpíada.

Leandrinho até ameaçou sair dos Raptors em busca de um novo contrato noutro time; ninguém se manifestou. Usou a carta “Vou jogar no meu país natal”, mas também não deu certo. Decidiu, sem alternativas, por ficar na cidade de Toronto amargando o mais baixo nível encontrado na NBA. Se ele chegou ao Brasil dizendo que vai jogar por amor, sua permanência no Canadá mostra o oposto e os US$ 7 milhões e 100 mil dólares (garantidos) que receberá na próxima temporada o fez ficar.

E pra continuar na NBA após o próximo campeonato? Vai ser difícil achar alguma franquia que banque um “reserva-veloz-com-alto-salário”. Será necessário aceitar uma drástica redução nos vencimentos – ou “um Brasil” sempre estará ali de portas abertas...


Como o basquete brasileiro está entregue à nulidade, qualquer novo movimento causa alvoroço. A situação é tão calamitosa que um cara que provavelmente nem vai jogar (ou por poucos jogos) é aclamado nos braços do fã ilusório que venera o fracasso. Caso Leandrinho fosse Top, o bonzão mesmo, o Brasil seria preferência?

Kobe Bryant? Poupe-nos de risos, ok?

Até que grandes nomes da NBA podem vir ao Brasil... pra passear, conhecer pessoas. Quem sabe colocam na lista de viagem “Jogar basquete no Brasil e marcar mais de 40 pontos por jogo, isto deve ser divertido”.

Um jogador que afirma ter recebido propostas de grandes clubes da Europa e diz que “escolheu” o Brasil pra jogar basquete? Basquete? Nos ginásios brasileiros? Contra jogadores brasileiros? Quem Leandrinho quer enganar? Na verdade enganou, muitos estão na onda com ele e fazem renascer a pífia frase: “o ressurgimento do basquete nacional”. Ao parar para pensar, não é possível que um atleta de alto nível intitulado “Jogador da NBA” escolha em sã consciência, por livre e espontânea vontade, jogar basquete no Brasil.

Sou a favor da decisão dele em não querer defender a seleção brasileira no pré-olímpico. Leandrinho é livre e pode fazer o que quiser: tentar aumentar o salário, ter melhores condições de trabalho, jogar aonde bem entender... Mas e os torcedores brasileiros? Acostumados com tão pouco elevam um atleta a plataformas não merecidas e um jogador na derradeira curva da sua carreira recebe tratamento de super ídolo. Se Barbosa tivesse numa boa situação em Toronto, ficaria bem quietinho por lá – o mesmo aconteceria se estivesse num clube grande da NBA. Só que não é desta maneira. Buscou um plano B na Europa; não deu certo. Restou o basquete brasileiro... melhor que nada.

Pelo menos o basquete verde amarelo é melhor em alguma coisa.



(GL)
Escrito por João da Paz


© 1 AP Photo
© 2 Aaron Lynett / National Post

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