Segundos. Uma pequena fração de tempo bastou e a polêmica nasceu. As palavras que saíram da boca de Kobe Bryant (foto acima), jogador do Los Angeles Lakers, direcionadas ao árbitro Benny Adams, um dos responsáveis pelo jogo contra o Sacramento Kings no último dia 13, foram repugnantes. O que aconteceu depois mostra a frágil relação que a sociedade tem com o esporte e com as pessoas que participam do meio.
Após cometer uma falta de ataque, Kobe mostrou frustração e Benny o puniu com uma falta técnica. O jogador foi para o banco de reservas, esmurrou uma cadeira, jogou uma toalha no chão e falou para Benny: “bicha” – depois de ter falado um palavrão.
Sabemos disso porque a transmissão da TNT manteve no ar uma das câmeras em cima de Kobe. Pelo comportamento irritado do atleta, não foi uma sábia decisão colocar para o mundo inteiro ver um cara nervoso pronto para explodir. Steve Kerr, um dos comentaristas do jogo, disse após o insulto: “É melhor tirar a câmera focada em Kobe, pelas crianças que estão assistindo em casa”. Mas foi tarde, era para ter feito isto antes.
O diretor de TV é o responsável por escolher qual das câmeras que estão no local terá seu registro no ar. Em frente dele, na sala de controle, existem monitores que mostram as imagens de todas elas, ficando a critério dele apontar a melhor. Um pouco de sensibilidade era suficiente para cortar a câmera que estava em Kobe assim que ele saiu e foi para o banco de reservas. Kerr ficou constrangido, mas teve que assumir o papel do diretor de TV e evitar um estrago maior.
Em eventos ao vivo, algumas emissoras transmitem o sinal para os telespectadores com um atraso para evitar este tipo de constrangimento. Caso houver um comportamento errado ou uma palavra inadequada, acontece o corte na imagem ou no som. Não sei se a TNT estava operando neste modo, porém deveria ser padrão, visto que é bem provável que este tipo de situação ocorra.
Quantas vezes, principalmente depois de cometer uma infração, o jogador é flagrado pelas câmeras de TV xingando o adversário, o juiz ou apenas fazendo um desabafo? Quem está errado, o jogador ou o diretor de TV? Quem chegou primeiro, os palavrões ou as dezenas de câmeras que estão por todo ginásio?
Não se engane: o ambiente esportivo é hostil e cheio de impropérios – seja na quadra perto da sua casa ou na NBA. Você até pode querer uma postura diferente, entretanto o comportamento dos jogadores no calor da partida é similar nos dois lugares citados. Isto todos os envolvidos com esporte sabe e é de imaginar que os diretores de TV também. A não ser que eles queiram criar um barraco...
Um exemplo aconteceu no jogo 1 da série entre Chicago Bulls e Indiana Pacers dos playoffs 2011 da NBA. Tyler Hansbrough, jogador dos Pacers, levou no rosto uma cotovelada de Kurt Thomas, jogador dos Bulls (veja vídeo abaixo). Hansbrough foi carregado para o vestiário e no caminho até lá o diretor de TV da ESPN decidiu segui-lo. A câmera ficou fora de foco no melhor estilo paparazzi. E se Hansbrough tivesse xingado a mãe de Thomas? E se Hansbrough tivesse falado, na mais alta adrenalina, todos os palavrões existentes no mundo? Alguém cruzou a linha do ponderável e o nome dele não começa com Tyler.
Bryant não inventou o insulto que dirigiu ao juiz, muito menos foi o primeiro e nem será o último a falar. O erro da TNT em ter veiculado sua imagem não lhe isenta de culpa, tanto que no dia seguinte Kobe divulgou um formidável pedido de desculpa e deu entrevista para uma rádio de Los Angeles respondendo abertamente as mais ácidas perguntas. Agiu bem no day after, até parecia um cara que saiu de uma escola de advogados (ou coisa do tipo).
O ponto central do seu pedido formal de desculpa é esse: “Minhas ações foram resultado de insatisfação durante a tensão do jogo. As palavras que usei NÃO refletem meu sentimento em relação à comunidade de gays e lésbicas e NÃO tiveram intenção de ofender ninguém”.
Na rádio esta foi a frase mais pontual: “Só estava pensando no jogo e em nada mais. Meu pensamento era ‘Estou aqui no banco e este é um jogo importante pra gente e nós precisamos vencer’. Estava muito centrado no jogo, no momento da partida e, obviamente, nas emoções em sua volta. Ser pego no momento e ter este tipo de explosão de raiva é totalmente normal”.
Movimentos que defendem os direitos da homossexualidade não acharam a desculpa de Kobe suficientemente sincera. Talvez quisessem estas respostas rasas produzidas por terceiros que políticos adoram usar. Podem até organizar campanhas contra Kobe e rotulá-lo de “anti isso” ou “anti aquilo”, mas é necessário reconhecer que ele não se escondeu e deu sua versão do que aconteceu.
Joe Solmonese é um homem muito respeitado nos EUA por lutar a favor da igualdade sexual. Ele é presidente da Human Rights Campaign e foi a primeira pessoa que recebeu uma ligação de Kobe após este episódio. Joe disse o seguinte sobre como o jogador administrou a situação: “Ao final de um estressante dia, aplaudo Kobe por tomar frente e assumir a responsabilidade”.
O erro de Bryant está catalogado e não há como voltar atrás. O que dá para consertar é o equivoco de colocar um atleta como modelo de cidadão, como exemplo maior para as crianças. A integridade é uma coisa tão difícil de obter que ao invés de nós buscarmos ser bons exemplos para nossos familiares, depositamos a esperança em atletas cheios de defeitos e imperfeições, características comuns em todo homem. Como se indignar com o que Kobe disse se você fala o mesmo no trânsito e na corriqueira pelada semanal?
Pode ser triste e lamentável, mas o insulto que Bryant proferiu está presente e vivo no mundo dos esportes. Esta é a realidade e se a sociedade não está pronta para lidar com isto, que os diretores de TV tomem mais cuidado com o que vão colocar no ar. Aí o cara comete uma infração grave ao dizer uma chula palavra, pede desculpa do seu jeito e ainda acham longe do ideal? Em qual parâmetro? Se o pedido de desculpa dele não lhe agradou e se a resposta dele não lhe convenceu, o problema é seu. Afinal o que você quer saber é aquilo que o deixa no lugar de conforto e não causa exercícios de reflexão.
Então é melhor omitir e mentir, não é verdade?
Sim ou não?
Após cometer uma falta de ataque, Kobe mostrou frustração e Benny o puniu com uma falta técnica. O jogador foi para o banco de reservas, esmurrou uma cadeira, jogou uma toalha no chão e falou para Benny: “bicha” – depois de ter falado um palavrão.
Sabemos disso porque a transmissão da TNT manteve no ar uma das câmeras em cima de Kobe. Pelo comportamento irritado do atleta, não foi uma sábia decisão colocar para o mundo inteiro ver um cara nervoso pronto para explodir. Steve Kerr, um dos comentaristas do jogo, disse após o insulto: “É melhor tirar a câmera focada em Kobe, pelas crianças que estão assistindo em casa”. Mas foi tarde, era para ter feito isto antes.
O diretor de TV é o responsável por escolher qual das câmeras que estão no local terá seu registro no ar. Em frente dele, na sala de controle, existem monitores que mostram as imagens de todas elas, ficando a critério dele apontar a melhor. Um pouco de sensibilidade era suficiente para cortar a câmera que estava em Kobe assim que ele saiu e foi para o banco de reservas. Kerr ficou constrangido, mas teve que assumir o papel do diretor de TV e evitar um estrago maior.
Em eventos ao vivo, algumas emissoras transmitem o sinal para os telespectadores com um atraso para evitar este tipo de constrangimento. Caso houver um comportamento errado ou uma palavra inadequada, acontece o corte na imagem ou no som. Não sei se a TNT estava operando neste modo, porém deveria ser padrão, visto que é bem provável que este tipo de situação ocorra.
Quantas vezes, principalmente depois de cometer uma infração, o jogador é flagrado pelas câmeras de TV xingando o adversário, o juiz ou apenas fazendo um desabafo? Quem está errado, o jogador ou o diretor de TV? Quem chegou primeiro, os palavrões ou as dezenas de câmeras que estão por todo ginásio?
Não se engane: o ambiente esportivo é hostil e cheio de impropérios – seja na quadra perto da sua casa ou na NBA. Você até pode querer uma postura diferente, entretanto o comportamento dos jogadores no calor da partida é similar nos dois lugares citados. Isto todos os envolvidos com esporte sabe e é de imaginar que os diretores de TV também. A não ser que eles queiram criar um barraco...
Um exemplo aconteceu no jogo 1 da série entre Chicago Bulls e Indiana Pacers dos playoffs 2011 da NBA. Tyler Hansbrough, jogador dos Pacers, levou no rosto uma cotovelada de Kurt Thomas, jogador dos Bulls (veja vídeo abaixo). Hansbrough foi carregado para o vestiário e no caminho até lá o diretor de TV da ESPN decidiu segui-lo. A câmera ficou fora de foco no melhor estilo paparazzi. E se Hansbrough tivesse xingado a mãe de Thomas? E se Hansbrough tivesse falado, na mais alta adrenalina, todos os palavrões existentes no mundo? Alguém cruzou a linha do ponderável e o nome dele não começa com Tyler.
Bryant não inventou o insulto que dirigiu ao juiz, muito menos foi o primeiro e nem será o último a falar. O erro da TNT em ter veiculado sua imagem não lhe isenta de culpa, tanto que no dia seguinte Kobe divulgou um formidável pedido de desculpa e deu entrevista para uma rádio de Los Angeles respondendo abertamente as mais ácidas perguntas. Agiu bem no day after, até parecia um cara que saiu de uma escola de advogados (ou coisa do tipo).
O ponto central do seu pedido formal de desculpa é esse: “Minhas ações foram resultado de insatisfação durante a tensão do jogo. As palavras que usei NÃO refletem meu sentimento em relação à comunidade de gays e lésbicas e NÃO tiveram intenção de ofender ninguém”.
Na rádio esta foi a frase mais pontual: “Só estava pensando no jogo e em nada mais. Meu pensamento era ‘Estou aqui no banco e este é um jogo importante pra gente e nós precisamos vencer’. Estava muito centrado no jogo, no momento da partida e, obviamente, nas emoções em sua volta. Ser pego no momento e ter este tipo de explosão de raiva é totalmente normal”.
Movimentos que defendem os direitos da homossexualidade não acharam a desculpa de Kobe suficientemente sincera. Talvez quisessem estas respostas rasas produzidas por terceiros que políticos adoram usar. Podem até organizar campanhas contra Kobe e rotulá-lo de “anti isso” ou “anti aquilo”, mas é necessário reconhecer que ele não se escondeu e deu sua versão do que aconteceu.
Joe Solmonese é um homem muito respeitado nos EUA por lutar a favor da igualdade sexual. Ele é presidente da Human Rights Campaign e foi a primeira pessoa que recebeu uma ligação de Kobe após este episódio. Joe disse o seguinte sobre como o jogador administrou a situação: “Ao final de um estressante dia, aplaudo Kobe por tomar frente e assumir a responsabilidade”.
O erro de Bryant está catalogado e não há como voltar atrás. O que dá para consertar é o equivoco de colocar um atleta como modelo de cidadão, como exemplo maior para as crianças. A integridade é uma coisa tão difícil de obter que ao invés de nós buscarmos ser bons exemplos para nossos familiares, depositamos a esperança em atletas cheios de defeitos e imperfeições, características comuns em todo homem. Como se indignar com o que Kobe disse se você fala o mesmo no trânsito e na corriqueira pelada semanal?
Pode ser triste e lamentável, mas o insulto que Bryant proferiu está presente e vivo no mundo dos esportes. Esta é a realidade e se a sociedade não está pronta para lidar com isto, que os diretores de TV tomem mais cuidado com o que vão colocar no ar. Aí o cara comete uma infração grave ao dizer uma chula palavra, pede desculpa do seu jeito e ainda acham longe do ideal? Em qual parâmetro? Se o pedido de desculpa dele não lhe agradou e se a resposta dele não lhe convenceu, o problema é seu. Afinal o que você quer saber é aquilo que o deixa no lugar de conforto e não causa exercícios de reflexão.
Então é melhor omitir e mentir, não é verdade?
Sim ou não?
(GL)
Escrito por João da Paz
Escrito por João da Paz
© 1 Nike Inc.
3 comentários:
Era só o que faltava querer patrulhar o xingamento esportivo mais antigo do mundo ahaha!
esse pessoal que luta por "igualdade" é uma porcaria mesmo...
o kobe apenas fez um desabafo, ele nao direcionou o xingamento a ninguém.
só essa que faltava agora o mundo inteiro vai ter que se policiar por causa de um "grupo" de pessoas......
Ridiculo isso.
ridiculo e quem acha q ele ta certo..sim todo mundo xinga nao vamos jogar tantas pedras no kobe..+ se ele tivesse chamado a sua mae de puta vc iria ficar com raiva ne nao amigao? ... quem comentou ai em cima tb deve xingar o proximo de "viado" quando ta irritado..o ruim disso tudo e o preconceito e nao se foi o kobe ou o fulano da esquina...
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