Decifrar o enigma desta foto – descobrir quem é o Papai Noel – é fácil de resolver. Basta olhar para o menino... percebe a camisa que ele tá usando? O estilo do cabelo? Pronto! Quem disse que o homem de vermelho é Chris Andersen, pivô do Denver Nuggets, acertou. Nesta última semana ele foi convidado do famoso hotel JW Marriot, que fica num bairro comercial de classe alta em Denver, para incorporar o papel do bom velhinho, tirar fotos com crianças (com alguns adultos também) e angariar fundos para uma instituição filantrópica.
Andersen é uma figura cultural e extremamente popular na cidade, mas entenda o surreal de uma possível pergunta que um amigo fez para outro: “Vamos lá num evento ver o Birdman (apelido de Chris) de Papai Noel?”. Quer dizer, está se falando do mesmo cara que tem tatuagens (mais de 30) por todo o corpo e com um passado obscuro? Isto, este mesmo. Afinal, porque não?
O gesto dele é totalmente louvável e fará com que outras pessoas, sejam fãs dele ou não, conheça mais a sua trajetória e história de vida. Antes de vestir a roupa e colocar a barba branca (e não usar o gorro para não despentear sua marca registrada), muita coisa aconteceu, muita solidariedade demonstrada.
O processo de transformação de Andersen iniciou quando ele recebeu a notícia da sua suspensão de dois anos da NBA (Janeiro/2006) por falhar no exame anti-drogas da associação. O que poderia ser uma longa caminhada até chegar ao fundo do poço, se tornou uma saída para a redenção. Problemas familiares e pessoais o levaram a usar drogas pesadíssimas e daí veio a punição.
Até hoje ninguém sabe por qual substância específica ele falhou no teste. Com certeza não foi uma destas drogas mais leves (maconha, cocaína...), pois a pena que o atleta cumpre, nesta ocasão, é curta e branda – sem contar que se for primário, o castigo é menor. No caso de Andersen foi uma repressão severa, mesmo sendo a primeira vez que ele foi pego, levando a entender, pelas regras de conduta da NBA, que deve ter sido heroína, LSD...
O que importa, na verdade, é que ele decidiu não se entregar e que voltaria a jogar no melhor basquete do mundo. Esta atitude incomodava os conselheiros da casa de recuperação onde ele estava sendo tratado. Um dos rapazes que estava acompanhando o jogador chegou a ligar para seu empresário dizendo que Andersen não estava encarando a realidade: “...ele só fala em retornar para a NBA...”.
Muitos o achavam desiludido. São poucos os que conseguem se recuperar e sair da dependência de algo tão viciante, imagina voltar a ser um atleta em uma das ligas mais fortes do mundo... Chris colocou a improbabilidade como meta querendo trocar de personagem: ao invés de ser o exemplo ruim, ele queria ser o bom exemplo. Foram dois longos anos, mas em Março de 2008 Andersen voltou a integrar um elenco na associação, quando o New Orleans Hornets, time que ele defendia quando foi suspenso, assinou com o jogador.
A partir de então ele passou a conversar sobre sua história, com esperança que alguém pudesse se identificar com ela e usá-la como motivação. Um dos locais que ele primeiro procurou em Denver (e se familiarizou logo de cara) foi uma casa de crianças carentes chamada Mount Saint Vincent. Lá ele é unanimidade; não só são os garotos ou garotas que usam o cabelo moicano quando o jogador vai visitá-los, as freiras entram na onda também mostrando com um simples gesto a gratidão que tem por ele.
Chris é bastante ativo no trabalho com estas crianças (por volta de 50 entre 3 e 16 anos). Ele dá aulas de basquete, ajuda na organização e participa de qualquer evento que venha arrecadar dinheiro para a casa – no mais recente, ele conseguiu 18 mil dólares. O carinho que ele tem por todos da casa é enorme, mas sempre tem espaço para mais.
Paralelo a isso, Andersen se dedica a uma organização chamada Alliance for Choice in Education – ACE (tr. Livre: Aliança por Escolha na Educação) que oferece bolsas de estudos em escolas e universidades particulares para crianças de baixa renda. Ele faz de tudo para ajudar, até se vestir de Papai Noel... Andersen entregou fotos autografadas a todos que compareceram no hotel, atendendo o pessoal com muita simpatia e tirando fotos com todos. A entrada era 10 dólares e todo dinheiro arrecado foi direto para a ACE. Nem é preciso dizer que uma multidão compareceu para ver e registrar o momento especial.
O carinho que a população de Denver tem com Andersen transcende qualquer entendimento. Ele é reserva, joga em média 20 minutos por partida, marca menos que 10 PPJ e tem sua camisa número 11 como uma das mais vendidas da franquia. Isto mostra o quanto que as pessoas se identificam com ele, com sua história. Ver ele próximo da comunidade e ajudando os que mais precisam o torna mais um entre tantos outros, alguém semelhante.
Quando Chris está passeando nas ruas da cidade, não tem disfarce. O contato com o público é direto e ele faz questão de atender quem quer lhe falar algo. Apertos de mão, conversas olho a olho, acenos... Por onde Andersen passa ele deixa uma boa impressão, ou seja, conseguiu o que queria.
São inúmeras as histórias de pessoas que escrevem para ele agradecendo por dividir o seu sofrimento e sua luta. Expor a vergonha não incomoda Andersen, porque sua vida teve uma reviravolta divina e hoje é motivo de orgulho para os poucos que acreditaram na sua força de vontade e determinação em obter novamente o respeito das pessoas. Ao olhar para seu corpo grafitado e aparência rebelde, os julgamentos e pré-conceitos surgem aos montes. Contudo, ao conhecê-lo melhor e enxergar o ser interior, se vê alguém com um coração bondoso e caridoso; um exemplo que inspira a todos.
O Natal tem destas coisas.
Andersen é uma figura cultural e extremamente popular na cidade, mas entenda o surreal de uma possível pergunta que um amigo fez para outro: “Vamos lá num evento ver o Birdman (apelido de Chris) de Papai Noel?”. Quer dizer, está se falando do mesmo cara que tem tatuagens (mais de 30) por todo o corpo e com um passado obscuro? Isto, este mesmo. Afinal, porque não?
O gesto dele é totalmente louvável e fará com que outras pessoas, sejam fãs dele ou não, conheça mais a sua trajetória e história de vida. Antes de vestir a roupa e colocar a barba branca (e não usar o gorro para não despentear sua marca registrada), muita coisa aconteceu, muita solidariedade demonstrada.
O processo de transformação de Andersen iniciou quando ele recebeu a notícia da sua suspensão de dois anos da NBA (Janeiro/2006) por falhar no exame anti-drogas da associação. O que poderia ser uma longa caminhada até chegar ao fundo do poço, se tornou uma saída para a redenção. Problemas familiares e pessoais o levaram a usar drogas pesadíssimas e daí veio a punição.
Até hoje ninguém sabe por qual substância específica ele falhou no teste. Com certeza não foi uma destas drogas mais leves (maconha, cocaína...), pois a pena que o atleta cumpre, nesta ocasão, é curta e branda – sem contar que se for primário, o castigo é menor. No caso de Andersen foi uma repressão severa, mesmo sendo a primeira vez que ele foi pego, levando a entender, pelas regras de conduta da NBA, que deve ter sido heroína, LSD...
O que importa, na verdade, é que ele decidiu não se entregar e que voltaria a jogar no melhor basquete do mundo. Esta atitude incomodava os conselheiros da casa de recuperação onde ele estava sendo tratado. Um dos rapazes que estava acompanhando o jogador chegou a ligar para seu empresário dizendo que Andersen não estava encarando a realidade: “...ele só fala em retornar para a NBA...”.
Muitos o achavam desiludido. São poucos os que conseguem se recuperar e sair da dependência de algo tão viciante, imagina voltar a ser um atleta em uma das ligas mais fortes do mundo... Chris colocou a improbabilidade como meta querendo trocar de personagem: ao invés de ser o exemplo ruim, ele queria ser o bom exemplo. Foram dois longos anos, mas em Março de 2008 Andersen voltou a integrar um elenco na associação, quando o New Orleans Hornets, time que ele defendia quando foi suspenso, assinou com o jogador.
A partir de então ele passou a conversar sobre sua história, com esperança que alguém pudesse se identificar com ela e usá-la como motivação. Um dos locais que ele primeiro procurou em Denver (e se familiarizou logo de cara) foi uma casa de crianças carentes chamada Mount Saint Vincent. Lá ele é unanimidade; não só são os garotos ou garotas que usam o cabelo moicano quando o jogador vai visitá-los, as freiras entram na onda também mostrando com um simples gesto a gratidão que tem por ele.
Chris é bastante ativo no trabalho com estas crianças (por volta de 50 entre 3 e 16 anos). Ele dá aulas de basquete, ajuda na organização e participa de qualquer evento que venha arrecadar dinheiro para a casa – no mais recente, ele conseguiu 18 mil dólares. O carinho que ele tem por todos da casa é enorme, mas sempre tem espaço para mais.
Paralelo a isso, Andersen se dedica a uma organização chamada Alliance for Choice in Education – ACE (tr. Livre: Aliança por Escolha na Educação) que oferece bolsas de estudos em escolas e universidades particulares para crianças de baixa renda. Ele faz de tudo para ajudar, até se vestir de Papai Noel... Andersen entregou fotos autografadas a todos que compareceram no hotel, atendendo o pessoal com muita simpatia e tirando fotos com todos. A entrada era 10 dólares e todo dinheiro arrecado foi direto para a ACE. Nem é preciso dizer que uma multidão compareceu para ver e registrar o momento especial.
O carinho que a população de Denver tem com Andersen transcende qualquer entendimento. Ele é reserva, joga em média 20 minutos por partida, marca menos que 10 PPJ e tem sua camisa número 11 como uma das mais vendidas da franquia. Isto mostra o quanto que as pessoas se identificam com ele, com sua história. Ver ele próximo da comunidade e ajudando os que mais precisam o torna mais um entre tantos outros, alguém semelhante.
Quando Chris está passeando nas ruas da cidade, não tem disfarce. O contato com o público é direto e ele faz questão de atender quem quer lhe falar algo. Apertos de mão, conversas olho a olho, acenos... Por onde Andersen passa ele deixa uma boa impressão, ou seja, conseguiu o que queria.
São inúmeras as histórias de pessoas que escrevem para ele agradecendo por dividir o seu sofrimento e sua luta. Expor a vergonha não incomoda Andersen, porque sua vida teve uma reviravolta divina e hoje é motivo de orgulho para os poucos que acreditaram na sua força de vontade e determinação em obter novamente o respeito das pessoas. Ao olhar para seu corpo grafitado e aparência rebelde, os julgamentos e pré-conceitos surgem aos montes. Contudo, ao conhecê-lo melhor e enxergar o ser interior, se vê alguém com um coração bondoso e caridoso; um exemplo que inspira a todos.
O Natal tem destas coisas.
(GL)
© 1 Chris Graythen / Getty Images
© 2 Jed Jacobson / Getty Images
Um comentário:
Um dos jogadores que me chamam mais atenção na NBA...
Ano passado nos Playoffs...era terrível o clima que ele deixa na quadra com sua presença...parecia que ele colocava fogo na torcida...e geralmente o time alavancava com uma série de pontos....
The Birdman...uma linda história de vida...e um dos jogadores mais excêntricos da NBA....
Podemos chama-lo de Novo Denis Rodman? Quem sabe...
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