Os sérios problemas das concussões no futebol americano sintetizados em Nolan Brewster

A carreira do safety Nolan Brewster, da Universidade Texas, terminou nesta segunda 26 de Setembro. O departamento médico dos Longhorns comunicou a imprensa o afastamento definitivo do atleta do gridiron. Lesões no cérebro que o acompanham desde os jogos no high school (ensino médio), foram agravadas nesta curta temporada da NCAA, sua terceira (junior). Na partida contra a UCLA em 17 deste mês, Brewster saiu de campo após uma super pancada que causou dolorosas concussões. Exames detalhados foram realizados e o DM recomendou que, para o bem da sua saúde, abandonasses o esporte.

Uma decisão extremamente delicada para um garoto que viveu sempre com uma bola oval em mãos. Porém o lado agressivo do football o afetou drasticamente. Se continuasse, o futuro seria pior do que passar os dias com a certeza de que escolher não ser mais jogador foi a opção sábia. Entretanto as enxaquecas e dores de cabeça lhe farão visitas periodicamente

Brewster sentiu fortes dores após o encontro contra UCLA em Los Angeles. Kenny Boyd, preparador físico de Texas, passou a fazer repetidos exames com o safety, justamente por saber do seu passado de concussões. Conversas com a família e com o treinador Mack Brown fizeram que Brewster, bem ciente da situação, optasse por desistir do football.

Isto mostra o quanto pode ser grave e nocivo as inúmeras pancadas que são distribuídas durante um duelo de football. Se no profissional (NFL) esta preocupação é gigantesca e lesões cerebrais ocorrem com frequência, no universitário (NCAA) e no nível escolar (high school) a proporção chega a ser maior. Pesquisas de universidades americanas indicam que por ano são diagnosticadas cerca de 67 mil concussões em atletas no nível escolar.

O capacete é utilizado para proteger e questões são abertas para ver se isso é posto em prática pelas empresas fabricantes. As três plataformas de football nos EUA são alvos de testes para melhorar a resistência deles e o mais recente tem sido realizado na NFL nesta temporada 2011-12. Alguns jogadores estão usando capacetes com sensores que calculam a força exercida na cabeça a cada pancada recebida. Estes dados são transmitidos diretamente a uma central que analisa se esta força passou do limite considerado normal. A ideia é ver se cada jogador de uma posição específica precisa de uma proteção maior em determinada região do capacete do que os de outra posição. Assim podem ser criados capacetes diferentes para linebackers, para receivers, para safeties...

Estas apurações são levadas a sério porque pode salvar vidas. Em 2007 o jornal The New York Times fez uma busca de dados e reportou que em 10 anos, de 1997 a 2006, 50 jogadores do high school em mais de 20 estados americanos morreram devido a lesões na cabeça. Um número preocupante.

Fora isso há os que ao envelhecer passam a sofrer problemas mentais, falta de memória, enxaquecas, depressão... Sintomas que estão presentes no cotidiano de Adrian Arrington, ex-jogador de football que processa a NCAA por negligência - ação protocolada neste mês. Nos autos é prescrito que a NCAA não sabe lidar com as concussões por possuir um ineficiente programa para educar os jogadores sobre os riscos vitais destas lesões. Arrington, além de buscar ressarcimento financeiro, pede que estas políticas da NCAA mudem e que seja criado um programa que cuide dos atletas machucados durante sua vida, uma espécie de monitoramento; alerta também para que se criem novas diretrizes sobre as concussões.

A NCAA responde mostrando que faz um lembrete as universidades sobre o plano que têm sobre as lesões cerebrais. Este informa aos jogadores e times sobre os sintomas indicadores de concussão e ordenam que nenhum atleta permaneça em campo após sofrer uma pancada forte na cabeça; e nem exerça sua atividade em campo neste mesmo dia.

Nesta crescente preocupação sobre as concussões e o mal que pode trazer a quem é vitima de uma delas, é esquecido um detalhe: existem as pequenas lesões na cabeça que passam despercebidas, aquelas que não chegam a nocautear um jogador, mas causam um danoso impacto no cérebro. Quem colocou este debate em voga foi um professor de engenharia biomédica da Universidade Purdue (West Lafayette, Indiana) chamado Eric Nauman. Ele verificou em alguns alunos de nível escolar, graves lesões cerebrais; o que chamou atenção dele é que nenhum destes atletas que seguiu de perto foi vítima de uma super pancada, são contatos corriqueiros e que fazem parte do jogo, como um encontro na linha de scrimmage ou um simples tackle ou bloqueio.

Boa discussão a ser posta, já que o cuidado com a cabeça não deve só ser advertido ou acompanhado com cautela naqueles que são agentes ou vítimas de super pancadas – embora são estes últimos que chamam mais a atenção.

Brewster treinava para distribuir estas pancadas. Fazia isto bem e, apesar de não ser titular, era considerado um coringa no jogo defensivo de Texas – por estar em ano de NFL, os olheiros o viam promissoriamente. Desafiado a dar 100% em campo e o melhor de si dentro das quatro linhas, Brewster fazia o que lhe era ordenado e exigido. Fatalidades o levaram a ter concussões que ameaçavam sua qualidade de vida. Assim disse à imprensa “Sei que no meu coração isto [abandonar o football] é a melhor coisa a se fazer. Simplesmente sei que não posso continuar me preocupando sobre isto [concussões] piorar, sabendo que posso arriscar meu futuro”.

Há um empenho massivo nos três estágios do football nos EUA para controlar estas super pancadas e cuidar melhor das vítimas – assim como punir com braço forte os culpados. A NFL é que tem de administrar com cuidado esta situação por ser o principal exemplo. A liga profissional, representada pelo comissário Roger Goodell, procura avisar suas franquias sobre as políticas de concussões e punir rigorosamente os responsáveis em causar estas lesões.

Um notório caso mostra bem contra o quê a NFL tem que lutar. No mais recente confronto entre Atlanta Falcons e Philadelphia Eagles, Dunta Robinson, safety dos Falcons, atingiu com violência o receiver Jeremy Maclin, lance que lembrou uma pancada de Robinson contra outro receiver dos Eagles, DeSean Jackson, em 2010 – ambas jogadas são mostradas no vídeo abaixo:



Como Cris Collinsworth, comentarista da NBC, diz no final deste take: “É assim que as pessoas se machucam seriamente neste jogo”.



(GL)
Escrito por João da Paz


© 1 Longhorns Media

Um comentário:

Anônimo disse...

Fala da Paz! Mas olha que curioso, ano passado quando ele bateu no DeSean Jackson, foi multafo em $50,000 e esse ano, quando foi reincidente, foi multado em $40,000

Frederico Ayres

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