Como o football determina a vida de uma cidade? Quais impactos exercidos sobre os habitantes? E sobre os torcedores? Uma franquia pode trazer para seu local de sede mais do que vitórias e/ou derrotas?
É possível entender alguns destes conceitos e encontrar respostas para as perguntas acima ao analisar o desempenho de dois clubes tradicionais da NFL. Denver Broncos e Green Bay Packers exemplificam a dimensão que o esporte da bola oval representa para suas respectivas comunidades. Cada franquia tomou um rumo diferente após se encontrarem num lugar comum.
O Super Bowl XXXII em 1998 foi o encontro maior entre essas duas equipes. Quem saiu com o troféu Vince Lombardi foi o Denver e na temporada seguinte veio o bicampeonato. Depois os Broncos passaram por um processo de reformulação e só chegaram às finais da Conferência Americana uma vez – perdeu em 2005 para o Pittsburgh Steelers.
Em 2006 não foram aos playoffs (9v – 7d) e a partir de 2007 começou uma sequência indesejada: com a mais recente derrota frente ao rival Oakland Raiders, a temporada 2010 é a quarta seguida que os Broncos terminam com mais derrotas que vitórias. O fraco desempenho demonstrado em campo é só um dos aspectos que incomodam os dedicados fãs. Polêmicos e graves assuntos fora das quatro linhas colocam o time de Denver em ingratas manchetes.
A demissão no meio da temporada do jovem treinador Josh McDaniels, 34 anos, enfurece os torcedores. Ele seria o cara responsável por tornar o time competitivo e relevante na Conferência Americana. Toda diretoria apostou nele e lhe entregou um totalitário controle sobre o elenco. Tal ação resultou na arriscada negociação feita no draft deste ano. Para ficar com a vigésima quinta escolha do Baltimore Ravens, foram cedidas outras 3 dentro do próprio draft; e uma quantia em dinheiro. Tudo isso gasto em Tim Tebow, um quarterback que muitos acreditam que não merecia tanto.
McDaniels (foto acima) bancou a transação e assumiu a responsabilidade. Depois de derrotas e mais derrotas, os torcedores pediam a entrada do camisa 15 como titular, numa espécie de desafio do tipo “vamos ver se o seu QB é tudo isso mesmo”. Acabou que Tebow foi titular sim, mas só após a saída de McDaniels. Entretanto o resultado não foi tão diferente dos demais: derrota.
Desde o avassalador começo da temporada-2009, os Broncos perderam 19 dos últimos 24 jogos disputados...
Visto que pouco problema é bobagem, eis outros: recentemente o CB novato Perrish Cox foi preso por assédio sexual (pode pegar uma extensa condenação); em Outubro o LB DJ Williams foi preso por dirigir embriagado; em Setembro o WR Kenny McKinley cometeu suicídio; em 2007 o CB Darrant Wiliams foi assassinado e no final do primeiro semestre de 2010 alguns membros do elenco compareceram em juízo como testemunhas no julgamento do caso.
Lembrando da punição imposta pela NFL em McDaniels e no Denver por espionagem feita contra o San Francisco 49ers antes da partida em Londres no dia 31 de Outubro.
O momento não é bom para os fãs dos Broncos. Eles podem considerar o que está acontecendo como um teste, uma prova de lealdade. Porém a paciência deles diminui a cada dia que passa e só manchetes positivas podem reavivar o sentimento positivo e a alegria na cidade que se identifica com sua franquia da NFL.
Evidente que nada se compara ao Green Bay Packers.
É simplesmente impressionante o sucesso do time verde-amarelo.
O município do estado de Wisconsin tem 101.025 habitantes (censo de 2008). O estádio Lambeau Field tem capacidade para 73.128 pessoas. A fila de espera para adquiri um carnê de ingressos é de 81 mil torcedores... até a matemática fica mais confusa.
A lotação máxima no Lambeau vem desde 1960, uma sequência ímpar. Para novos pagantes conseguirem ingressos é uma tarefa das mais árduas, pois muitos torcedores incluem o carnê das entradas no testamento assim transferindo o privilégio para os filhos ou parentes.
As coisas que envolvem os Packers são únicas. O mercado para um clube profissional é, em tese, altamente restrito. Contudo a histórica franquia, o terceiro mais antigo clube de football dos EUA, conseguiu construir uma especial identificação com a região. Visto que muito sucesso é bobagem, os Packers são a única franquia entre todos os esportes americanos profissionais que não tem fim lucrativo e que é comandada por donos comunitários. Estas diretrizes violam a atual ordem da NFL, mas os Packers são a exceção que a liga permitiu existir.
O cômico, para não dizer trágico, é observar franquias que estão sediadas em locais com milhões de habitantes não lotarem os respectivos estádios e sofrerem com as finanças... Os Packers, além de ter uma ligação forte com a cidade de Green Bay, rende dinheiro para o local mesmo quando não é temporada de football e o estádio é o grande responsável por isso.
O Lambeau - acima uma foto do átrio - não só funciona nos oito jogos da temporada regular. A última grande reforma, feita em 2003, modernizou as instalações e possibilitou a realização de grandes eventos fora do espectro esportivo (feiras, reuniões corporativas, convenções e etc.). O rendimento é alto sem fazer algo que muitos estádios apresentam: shows musicais.
Mesmo não gozando de um alto sucesso desde o Super Bowl XXXII – derrota na final da Conferência Nacional em 2007 para o New York Giants – o clube venceu alguns títulos da Divisão Norte e superou um temido tabu: jogar sem o QB Brett Favre. Aaron Rodgers o substituiu a altura e nas mais recentes temporadas os Packers são considerados candidatos ao título.
É preciso afirmar que os fãs de Green Bay são felizes e vivem o dia-a-dia da sua franquia com devoção e carinho. Não é preciso mencionar que em Denver a situação não é das melhores. Por mais que lá tenha os Nuggets na NBA e os Rockies na MLB, o que importa mesmo são os Broncos e o humor da cidade varia de acordo com o momento do time.
Sendo assim, é preciso afirmar que os torcedores dos Broncos não estão felizes; logo não é preciso dizer que em Green Bay tudo vai muito bem.
É possível entender alguns destes conceitos e encontrar respostas para as perguntas acima ao analisar o desempenho de dois clubes tradicionais da NFL. Denver Broncos e Green Bay Packers exemplificam a dimensão que o esporte da bola oval representa para suas respectivas comunidades. Cada franquia tomou um rumo diferente após se encontrarem num lugar comum.
O Super Bowl XXXII em 1998 foi o encontro maior entre essas duas equipes. Quem saiu com o troféu Vince Lombardi foi o Denver e na temporada seguinte veio o bicampeonato. Depois os Broncos passaram por um processo de reformulação e só chegaram às finais da Conferência Americana uma vez – perdeu em 2005 para o Pittsburgh Steelers.
Em 2006 não foram aos playoffs (9v – 7d) e a partir de 2007 começou uma sequência indesejada: com a mais recente derrota frente ao rival Oakland Raiders, a temporada 2010 é a quarta seguida que os Broncos terminam com mais derrotas que vitórias. O fraco desempenho demonstrado em campo é só um dos aspectos que incomodam os dedicados fãs. Polêmicos e graves assuntos fora das quatro linhas colocam o time de Denver em ingratas manchetes.
A demissão no meio da temporada do jovem treinador Josh McDaniels, 34 anos, enfurece os torcedores. Ele seria o cara responsável por tornar o time competitivo e relevante na Conferência Americana. Toda diretoria apostou nele e lhe entregou um totalitário controle sobre o elenco. Tal ação resultou na arriscada negociação feita no draft deste ano. Para ficar com a vigésima quinta escolha do Baltimore Ravens, foram cedidas outras 3 dentro do próprio draft; e uma quantia em dinheiro. Tudo isso gasto em Tim Tebow, um quarterback que muitos acreditam que não merecia tanto.
McDaniels (foto acima) bancou a transação e assumiu a responsabilidade. Depois de derrotas e mais derrotas, os torcedores pediam a entrada do camisa 15 como titular, numa espécie de desafio do tipo “vamos ver se o seu QB é tudo isso mesmo”. Acabou que Tebow foi titular sim, mas só após a saída de McDaniels. Entretanto o resultado não foi tão diferente dos demais: derrota.
Desde o avassalador começo da temporada-2009, os Broncos perderam 19 dos últimos 24 jogos disputados...
Visto que pouco problema é bobagem, eis outros: recentemente o CB novato Perrish Cox foi preso por assédio sexual (pode pegar uma extensa condenação); em Outubro o LB DJ Williams foi preso por dirigir embriagado; em Setembro o WR Kenny McKinley cometeu suicídio; em 2007 o CB Darrant Wiliams foi assassinado e no final do primeiro semestre de 2010 alguns membros do elenco compareceram em juízo como testemunhas no julgamento do caso.
Lembrando da punição imposta pela NFL em McDaniels e no Denver por espionagem feita contra o San Francisco 49ers antes da partida em Londres no dia 31 de Outubro.
O momento não é bom para os fãs dos Broncos. Eles podem considerar o que está acontecendo como um teste, uma prova de lealdade. Porém a paciência deles diminui a cada dia que passa e só manchetes positivas podem reavivar o sentimento positivo e a alegria na cidade que se identifica com sua franquia da NFL.
Evidente que nada se compara ao Green Bay Packers.
É simplesmente impressionante o sucesso do time verde-amarelo.
O município do estado de Wisconsin tem 101.025 habitantes (censo de 2008). O estádio Lambeau Field tem capacidade para 73.128 pessoas. A fila de espera para adquiri um carnê de ingressos é de 81 mil torcedores... até a matemática fica mais confusa.
A lotação máxima no Lambeau vem desde 1960, uma sequência ímpar. Para novos pagantes conseguirem ingressos é uma tarefa das mais árduas, pois muitos torcedores incluem o carnê das entradas no testamento assim transferindo o privilégio para os filhos ou parentes.
As coisas que envolvem os Packers são únicas. O mercado para um clube profissional é, em tese, altamente restrito. Contudo a histórica franquia, o terceiro mais antigo clube de football dos EUA, conseguiu construir uma especial identificação com a região. Visto que muito sucesso é bobagem, os Packers são a única franquia entre todos os esportes americanos profissionais que não tem fim lucrativo e que é comandada por donos comunitários. Estas diretrizes violam a atual ordem da NFL, mas os Packers são a exceção que a liga permitiu existir.
O cômico, para não dizer trágico, é observar franquias que estão sediadas em locais com milhões de habitantes não lotarem os respectivos estádios e sofrerem com as finanças... Os Packers, além de ter uma ligação forte com a cidade de Green Bay, rende dinheiro para o local mesmo quando não é temporada de football e o estádio é o grande responsável por isso.
O Lambeau - acima uma foto do átrio - não só funciona nos oito jogos da temporada regular. A última grande reforma, feita em 2003, modernizou as instalações e possibilitou a realização de grandes eventos fora do espectro esportivo (feiras, reuniões corporativas, convenções e etc.). O rendimento é alto sem fazer algo que muitos estádios apresentam: shows musicais.
Mesmo não gozando de um alto sucesso desde o Super Bowl XXXII – derrota na final da Conferência Nacional em 2007 para o New York Giants – o clube venceu alguns títulos da Divisão Norte e superou um temido tabu: jogar sem o QB Brett Favre. Aaron Rodgers o substituiu a altura e nas mais recentes temporadas os Packers são considerados candidatos ao título.
É preciso afirmar que os fãs de Green Bay são felizes e vivem o dia-a-dia da sua franquia com devoção e carinho. Não é preciso mencionar que em Denver a situação não é das melhores. Por mais que lá tenha os Nuggets na NBA e os Rockies na MLB, o que importa mesmo são os Broncos e o humor da cidade varia de acordo com o momento do time.
Sendo assim, é preciso afirmar que os torcedores dos Broncos não estão felizes; logo não é preciso dizer que em Green Bay tudo vai muito bem.
(GL)
Escrito por João da Paz
Escrito por João da Paz
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