Nas ruas do bairro Montecristo, cidade de Barranquilla (Colômbia), os garotos tem um costume comum entre muitos ao redor do mundo: jogar bola. Este “jogar bola” significa o mesmo que se vê aqui no Brasil: jogar futebol. Edgar Renteria (foto acima) estava envolvido na brincadeira simples e prazerosa que o esporte mais popular do mundo proporciona. Porém seus dois irmãos gostavam de brincar com outra coisa que também usa bola, mas com o adicional de um taco e de uma luva.
No norte do país, região caribenha, o beisebol tem uma parcela de popularidade, nada que ganhe do futebol, porém há adeptos e praticantes do esporte no local. Entrando na onda dos irmãos, Renteria vai experimentar o gosto de rebater uma bola e avançar dentro de um losango, sente a energia ao correr no campo e defender uma pelota no ar. Depois disto, o futebol ficou de lado.
E então surgia uma das principais forças esportivas colombianas.
Os olheiros (scouts) da MLB quando vem para a América do Sul focam as suas atividades no país vizinho – Venezuela – onde o beisebol faz parte da cultura do país. Vez ou outra eles vão a Barranquilla para tentar garimpar um talento. Numa destas excursões extra acharam Renteria e com 15 anos “El Niño”, como ele é conhecido, partiu para os states.
No ano seguinte, em 1992, ele se tornou profissional ao assinar um contrato com o Florida Marlins. Quatro temporadas se passaram e Renteria estreia na liga com ótima produtividade e termina em segundo na votação de Novato do Ano da Liga Nacional. No campeonato de 1997 sua equipe fez história ganhando a World Series; e o garoto de 21 anos foi decisivo.
Renteria impulsionou a corrida vitoriosa de Craig Counsell com uma rebatida simples no centro do campo (encobrindo o arremessador do Cleveland Indians, Charles Nagy). Era a 11ª entrada do jogo 7 e o colombiano colocou o seu nome, junto com o do seu país, nos anais da MLB.
Nas ruas de Montecristo a festa foi grande. O filho da terra está no estrangeiro representando um povo, uma nação e fez o melhor que pôde. Ainda jovem se tornou uma personagem, alguém que seria espelho e exemplo para os moradores do lugar que apresentou o beisebol a ele. Edgar se tornou referência e todos, amantes do esporte ou não, passaram a acompanhá-lo.
A maioria não torcia por um time específico da MLB, queria ver o shortstop jogar. Também pudera, ao longo da carreira atuou em diversos clubes, seis para ser mais exato:
- Florida Marlins: de 1996 até 1998
- Saint Louis Cardinals: de 1999 até 2004
- Boston Red Sox: em 2005
- Atlanta Braves: de 2006 a 2007
- Detroit Tigers: em 2008
- San Francisco Giants: de 2009 a 2010
Durante todas estas temporadas Renteria foi ganhando mais e mais admiradores, estendendo o respeito ao público geral da liga. Suas cinco indicações para participar do Jogo das Estrelas (1998, 2000, 2003, 2004 e 2006) são uma comprovação disso. Além dos prêmios entregues pelos treinadores das franquias da MLB aos melhores em campo, seja na defesa (Luva de Ouro em 2002 e 2003) ou no ataque (Bastão de Prata em 2000, 2002 e 2003).
O auge atingido com os Cardinals se opôs ao mau momento vivido com os Red Sox. Em Boston foi alvo de críticas ferrenhas e de perseguição da imprensa – tudo baseado nas péssimas performances apresentadas dentro de campo. Sua estadia em Atlanta foi essencial para se recuperar e ganhar novamente o apoio dos fãs e ter seu bom beisebol de volta. Entretanto a qualidade de jogo já não era a mesma e seu currículo ia se finalizando.
Chegando em San Francisco, Edgar teve que lidar com lesões e mais lesões. Ele não cedeu, pois acreditava dentro de si que algo de bom iria acontecer. As diversas estadias no departamento médico lhe causavam mais dores (psicológicas). Estar inválido era insuportável para o SS que foi um fator relevante na década passada. Pela experiência adquirida, Renteria confiava no elenco dos Giants e sabia que era possível ganhar a World Series.
Embora tenha atuado em apenas 72 jogos em 2010, não deixava o desânimo o atingir e fazia o mesmo com o elenco. Foi um campeonato disputadíssimo e acirrado, numa intensa briga para conseguir o título da Divisão Oeste da Liga Nacional. O time se classificou para os playoffs e o veterano SS estava listado na parte de baixo da linha de rebatedores, mas lá estava ele.
Contudo as dores no antebraço esquerdo continuavam incomodando. No jogo 2 da série divisonal contra o Atalnta Braves, Renteria sentiu fortes contrações, fez uma ressonância magnética e por pouco não ficou de fora da pós-temporada. Esteve ausente na partida seguinte e apareceu com o bastão apenas uma vez no jogo 5 – que avançou os Giants para a decisão da Liga Nacional contra o Philadelphia Phillies.
O que sustentava o colombiano era sua fé. Não esmorecia diante de nenhuma circunstância, cria que poderia ser útil ao time, não só com sua experiência, mas com sua habilidade em jogar bola – com taco e com luva. Ficou de fora do jogo cinco das finais da LN, porém não queria perder um instante da grande decisão.
O adversário era o Texas Rangers e lá estava Renteria na 8ª posição da linha de rebatedores dos Giants. E toda crença dada lhe trouxe resultado. No jogo 2 anotou um HR e uma rebatida simples, conseguiu três rebatidas no jogo 4 e foi o herói no decisivo jogo 5.
Contra o temido Cliff Lee, Renteria rebateu um home run de três corridas (vídeo acima), as únicas dos Giants na partida. O time de San Francisco venceu a série, ganhou o troféu de campeão e o colombiano foi eleito o melhor jogador da World Series.
Nas ruas de Montecristo a festa foi gigantesca, sem comparação com a que aconteceu 13 anos atrás. O bairro pobre de recursos sociais se enriqueceu de alegria e o povo explodiu de felicidade. Quem causou toda esta comoção foi o garoto que imigrou em terras gringas e trouxe de lá coisas boas.
Com as conquistas ele construiu um campo de beisebol onde nasceu, para dar as crianças uma oportunidade no esporte. Com as conquistas ele construiu uma igreja onde nasceu, para dar as crianças esperança e fé, crendo que tudo do bom e do melhor é possível se obter. Com as conquistas ele trouxe felicidade aos rostos da gente que o considera um dos maiores atletas do país.
Tá vendo? Lá se foi a ceticismo e a tristeza.
No norte do país, região caribenha, o beisebol tem uma parcela de popularidade, nada que ganhe do futebol, porém há adeptos e praticantes do esporte no local. Entrando na onda dos irmãos, Renteria vai experimentar o gosto de rebater uma bola e avançar dentro de um losango, sente a energia ao correr no campo e defender uma pelota no ar. Depois disto, o futebol ficou de lado.
E então surgia uma das principais forças esportivas colombianas.
Os olheiros (scouts) da MLB quando vem para a América do Sul focam as suas atividades no país vizinho – Venezuela – onde o beisebol faz parte da cultura do país. Vez ou outra eles vão a Barranquilla para tentar garimpar um talento. Numa destas excursões extra acharam Renteria e com 15 anos “El Niño”, como ele é conhecido, partiu para os states.
No ano seguinte, em 1992, ele se tornou profissional ao assinar um contrato com o Florida Marlins. Quatro temporadas se passaram e Renteria estreia na liga com ótima produtividade e termina em segundo na votação de Novato do Ano da Liga Nacional. No campeonato de 1997 sua equipe fez história ganhando a World Series; e o garoto de 21 anos foi decisivo.
Renteria impulsionou a corrida vitoriosa de Craig Counsell com uma rebatida simples no centro do campo (encobrindo o arremessador do Cleveland Indians, Charles Nagy). Era a 11ª entrada do jogo 7 e o colombiano colocou o seu nome, junto com o do seu país, nos anais da MLB.
Nas ruas de Montecristo a festa foi grande. O filho da terra está no estrangeiro representando um povo, uma nação e fez o melhor que pôde. Ainda jovem se tornou uma personagem, alguém que seria espelho e exemplo para os moradores do lugar que apresentou o beisebol a ele. Edgar se tornou referência e todos, amantes do esporte ou não, passaram a acompanhá-lo.
A maioria não torcia por um time específico da MLB, queria ver o shortstop jogar. Também pudera, ao longo da carreira atuou em diversos clubes, seis para ser mais exato:
- Florida Marlins: de 1996 até 1998
- Saint Louis Cardinals: de 1999 até 2004
- Boston Red Sox: em 2005
- Atlanta Braves: de 2006 a 2007
- Detroit Tigers: em 2008
- San Francisco Giants: de 2009 a 2010
Durante todas estas temporadas Renteria foi ganhando mais e mais admiradores, estendendo o respeito ao público geral da liga. Suas cinco indicações para participar do Jogo das Estrelas (1998, 2000, 2003, 2004 e 2006) são uma comprovação disso. Além dos prêmios entregues pelos treinadores das franquias da MLB aos melhores em campo, seja na defesa (Luva de Ouro em 2002 e 2003) ou no ataque (Bastão de Prata em 2000, 2002 e 2003).
O auge atingido com os Cardinals se opôs ao mau momento vivido com os Red Sox. Em Boston foi alvo de críticas ferrenhas e de perseguição da imprensa – tudo baseado nas péssimas performances apresentadas dentro de campo. Sua estadia em Atlanta foi essencial para se recuperar e ganhar novamente o apoio dos fãs e ter seu bom beisebol de volta. Entretanto a qualidade de jogo já não era a mesma e seu currículo ia se finalizando.
Chegando em San Francisco, Edgar teve que lidar com lesões e mais lesões. Ele não cedeu, pois acreditava dentro de si que algo de bom iria acontecer. As diversas estadias no departamento médico lhe causavam mais dores (psicológicas). Estar inválido era insuportável para o SS que foi um fator relevante na década passada. Pela experiência adquirida, Renteria confiava no elenco dos Giants e sabia que era possível ganhar a World Series.
Embora tenha atuado em apenas 72 jogos em 2010, não deixava o desânimo o atingir e fazia o mesmo com o elenco. Foi um campeonato disputadíssimo e acirrado, numa intensa briga para conseguir o título da Divisão Oeste da Liga Nacional. O time se classificou para os playoffs e o veterano SS estava listado na parte de baixo da linha de rebatedores, mas lá estava ele.
Contudo as dores no antebraço esquerdo continuavam incomodando. No jogo 2 da série divisonal contra o Atalnta Braves, Renteria sentiu fortes contrações, fez uma ressonância magnética e por pouco não ficou de fora da pós-temporada. Esteve ausente na partida seguinte e apareceu com o bastão apenas uma vez no jogo 5 – que avançou os Giants para a decisão da Liga Nacional contra o Philadelphia Phillies.
O que sustentava o colombiano era sua fé. Não esmorecia diante de nenhuma circunstância, cria que poderia ser útil ao time, não só com sua experiência, mas com sua habilidade em jogar bola – com taco e com luva. Ficou de fora do jogo cinco das finais da LN, porém não queria perder um instante da grande decisão.
O adversário era o Texas Rangers e lá estava Renteria na 8ª posição da linha de rebatedores dos Giants. E toda crença dada lhe trouxe resultado. No jogo 2 anotou um HR e uma rebatida simples, conseguiu três rebatidas no jogo 4 e foi o herói no decisivo jogo 5.
Contra o temido Cliff Lee, Renteria rebateu um home run de três corridas (vídeo acima), as únicas dos Giants na partida. O time de San Francisco venceu a série, ganhou o troféu de campeão e o colombiano foi eleito o melhor jogador da World Series.
Nas ruas de Montecristo a festa foi gigantesca, sem comparação com a que aconteceu 13 anos atrás. O bairro pobre de recursos sociais se enriqueceu de alegria e o povo explodiu de felicidade. Quem causou toda esta comoção foi o garoto que imigrou em terras gringas e trouxe de lá coisas boas.
Com as conquistas ele construiu um campo de beisebol onde nasceu, para dar as crianças uma oportunidade no esporte. Com as conquistas ele construiu uma igreja onde nasceu, para dar as crianças esperança e fé, crendo que tudo do bom e do melhor é possível se obter. Com as conquistas ele trouxe felicidade aos rostos da gente que o considera um dos maiores atletas do país.
Tá vendo? Lá se foi a ceticismo e a tristeza.
(GL)
Escrito por João da Paz
Escrito por João da Paz
© 1 Dilip Vishwanat / Getty Images
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