Uma Estrela no Campo


É um super ator de Hollywood? Um super astro da música? Uma celebridade?... Não, esta pessoa com a camisa 9 não é nenhuma destas três personalidades citadas, mas ser quarterback (QB) do Dallas Cowboys lhe dá uma repercussão tão forte quanto o que conseguem um super ator de Hollywood, um super astro da música e uma celebridade... juntas! É uma reputação que precisa ser defendida, além de jogar um football acima da média. A introdução de Tony Romo na inauguração do novo estádio do seu time (foto acima) deixa claro que ele é diferenciado e polarizador: torcedores o amam na mesma proporção que torcedores o odeiam.

Na preparação para esta temporada quando ele chegou para fazer seu primeiro treino, esta reação dividida ficou evidente. Os 20 mil espectadores que estavam presentes no Centro de Treinamento dos Cowboys ovacionaram Romo assim que ele pisou no gramado; depois veio um silencio e vaias começaram a serem ouvidas... O grande público resumiu como era o sentimento do fã da equipe, que vivia um momento de crença e desconfiança em relação a seu principal jogador. Porém havia indícios que este campeonato seria diferente.

Três pessoas que conviveram com Romo e ajudavam a aumentar o status de celebridade do jogador não estavam mais por perto. Ele largou as namoradas famosas – Carrie Underwood e Jessica Simpson – e um(a) “diva” o deixou – Terrell Owens. A saída das duas primeiras pessoas fez com que as distrações fora de campo desaparecessem, e a saída da última pessoa fez com que as distrações dentro de campo desaparecessem. Agora Romo poderia se concentrar em uma coisa somente: ser o QB do Dallas Cowboys.

O que não é fácil... A pressão é tão grande que muitos se esquecem de um detalhe: esta é apenas a quarta temporada completa dele como titular. Os três anos passados serviram como aprendizado, uma aula pesada e exigente de como lidar com a pressão de ser o responsável em criar as jogadas do time de maior torcida da liga e mais visado pela mídia. Passar por estes testes foi importante para Romo, pois lhe mostrou os erros cometidos e o que poderia fazer para consertá-los. Ele assumiu este compromisso e resolveu ter uma nova atitude.


Dizer que Romo amadureceu é complicado, porque nem ele mesmo sabe se isto ocorreu: “Quando eu tinha 25 anos, eu pensei que já estava maduro e hoje eu tenho certeza que não estava. Quando eu tinha 22 anos eu pensei que estava maduro, mas provavelmente não era assim. Eu tenho 29 agora... Será que eu estou maduro? Não sei dizer ao certo”. O ponto fundamental é que fica nítido a sua abordagem diferente com todos do clube e que seu foco está dentro de campo e de como ele pode fazer seus companheiros serem melhores.

Há um termo muito comum no mundo corporativo e que se encaixa bem nos esportes: Líder pelo exemplo. Assim que os outros atletas percebiam que Romo estavam ficando mais tempo na academia, mais tempo estudando vídeos de partidas, mais tempo se dedicando ao seu trabalho, automaticamente se criava aquela sensação de que se o QB/líder está trabalhando tanto, os outros jogadores podem/devem fazer o mesmo.

E o resultado disso tudo veio logo.

Apesar de não ir, pelo segundo ano seguido, ao Pro Bowl (Jogo das Estrelas), Romo teve a melhor temporada da sua curta carreira em jardas (4483), QB rating (97.6) e touchdowns-por-interceptações (26-9). Isto aconteceu porque ele soube usar a sua habilidade de maneira correta e na hora certa, já que antes sua principal qualidade era seu principal defeito.

Romo sempre foi um QB móvel, que usa bastante o jogo de pernas para se livrar das blitzes e criar jogadas do nada. Isto lhe prejudicava às vezes, pois acabava querendo fazer lances quando não havia nenhuma possibilidade de conclusão - em 2007, por exemplo, ele teve sua maior marca em TD´s (36) mas também sua maior marca em INT´s (19). Ele então teve que ouvir as instruções dos treinadores que lhe disseram para proteger mais a bola, ser mais cuidadoso e balancear mais o jogo. Sem Owens, cumprir tais metas foi moleza.

De certa forma, Romo se sentia pressionado em criar jogadas para o principal receiver do time e um dos melhores da NFL. Sem ele em campo Romo aprendeu a explorar todos os WR´s do time e ser mais eficiente nos passes. A partida mais recente contra o Philadelphia Eagles (repescagem da Conferência Nacional) foi um exemplo disto, com Romo completando 23 passes de 35 tentados, 2 TD´s e nenhuma INT, além de usar oito receivers diferentes no jogo aéreo.



Em outro jogo contra os Eagles (o último da temporada normal), uma jogada (vídeo acima) exemplifica esta nova postura do Romo e do ataque dos Cowboys – o jogo foi 24 a 0 pro Dallas. A situação era uma terceira descida para 4 jardas e Romo estava no shotgun com 3WR, 1TE e 1RB. A marcação dos Eagles era por zona e, assim que a jogada iniciou, dobraram em cima do TE Jason Witten e do WR Miles Austin. Com 4 defensores pressionando Romo, sobrou três DB´s para marcar os outros jogadores de ataque e a opção surgiu do lado esquerdo. O CB Sheldon Brown ficou marcando dois WR´s e Romo fez uma finta para ver quem ele iria marcar. Shledon não se decide e Parick Crayton recebe o passe no fundo da endzone.

O perigo do ataque do Dallas é justamente estas inúmeras opções, algo que o Minnesota Vikngs terá que prestar bastante atenção no jogo deste domingo. Romo disse em entrevista coletiva após a partida da semana passada que ele não está mais procurando passar a bola para um receiver específico e sim para aquele que estiver livre na jogada desenhada. O WR Roy Williams quase cria um desconforto na metade deste campeonato reclamando (via imprensa) que não estava sendo alvo constante de jogadas (é o quarto da equipe em recepções: 38). Prontamente o assunto foi resolvido e a maioria dos outros atletas ficou ao lado do QB, mostrando que neste elenco não tem espaço para “divas”.

Tony Romo sabe disso e a cada dia que passa ele deixa de lado a sua vida agitada fora de campo, aprendendo a não se expor mais do que naturalmente já é; se não fosse assim, ele não teria o apoio do elenco como um todo. Romo percebe sua representatividade ao largar comportamentos juvenis para ser uma estrela no campo, buscando colocar novamente o Dallas Cowboys no topo; não nas manchetes de jornais sensacionalistas divulgando sua vida particular, mas sim em páginas esportivas exaltando o seu empenho em colaborar com o retorno dos Cowboys ao Super Bowl, sendo mais uma estrela entre tantas outras – apesar de haver uma estrela no campo, em cada capacete há uma também...


(GL)



© 1 Bob Rosato / SI
© 2 LM Otero / AP

Nenhum comentário:

Postar um comentário