LeBron James não é o Corinthians...


...que precisa de um título para afirmar sua grandeza.

O Sport Club Corinthians Paulista é um dos maiores clubes do Brasil. LeBron James, ala do Miami Heat, é um dos melhores jogadores da história da NBA. Ambos buscam troféus, naturalmente. Vencer até atingir a glória. Mas o título da Libertadores para o Corinthians, e o título da NBA para LeBron, são honras que acrescentarão riqueza ao currículo de cada. Não conquistar tais títulos não os desqualificam como referências em seus respectivos esportes.

No Corinthians, a obsessão por levantar a taça da Libertadores, principal campeonato de clubes da América do Sul, prejudica e afeta diretamente o time na sua preparação e atuação dentro de campo – embora a abordagem para a competição tenha mudado recentemente.

Tive o privilégio de acompanhar a montagem de uma equipe importante na história do Timão: campeã do Brasileirão 2005. Apesar de ser a melhor equipe daquele ano no país, importante não era o título, mas sim uma vaga para o torneio continental. Campeonato encarado com esta metodologia, de se classificar para a Libertadores 2006; e o Brasileirão tido como secundário.

O período que estive no Corinthians, final de 2004 e início de 2005, foi justamente quando o time começou a se construir. A conversa era sempre neste tom: quem pode ajudar na conquista da Libertadores?

Com o título do Brasileirão 2005, nada mais importava a não ser a Libertadores do ano seguinte. Logo, as outras competições foram deixadas para trás. Em 2006, o Corinthians terminou o Paulistão em 6º, eliminado nas oitavas de final na Sul-Americana, 9º colocado no Brasileirão...

...e eliminado da Libertadores nas oitavas de final, pelo River Plate, time argentino. O jogo eliminatório foi em casa, no estádio do Pacaembu. Partida esta registrada pela revolta da torcida corinthiana com a derrota de 3 a 1, encerrada aos 40 minutos do segundo tempo pelo confronto entre torcedores e polícia. Sem motivo convincente, invadiram o gramado tentando agredir os jogadores do alvinegro.

Na construção desta equipe, lá nos primeiros meses de 2005, se imaginava que o Corinthians iria fechar com a possível conquista da Libertadores. Este pensamento mudou e o clube precisava ganhar uma sequência na competição, estabelecer-se nela – como agora, terceira Libertadores seguida disputada pelo Timão.

Está na semifinal, enfrenta o Santos. Pode ser campeão, pode perder nesta fase. Porém o que importa é continuar em evidência, buscar disputar em 2013, 2014... O título da Libertadores será  valioso sim, contudo não deve ser colocada uma pressão desproporcional no elenco, pois aberrações como ser eliminado na primeira fase pelo Tolima (time colombiano) pode voltar a acontecer – foto abaixo.


Once Caldas (Colômbia) tem um título da Libertadores-2004, é um time grande? Esta conquista o fez relevante? E o São Caetano, que em 2002 disputou a final da Libertadores contra o Olímpia (Paraguai), venceu o primeiro jogo (1 a 0) fora de casa e na volta, estádio do Pacaembu, com dois pênaltis desperdiçados por Marlon e Serginho, perdeu o título para o time paraguaio?

Quantas temporadas que o São Caetano não joga o Brasileirão?

Exato...

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Mark Madsen é bicampeão da NBA; Charles Barkley tem 0 título

Conhecido pelo estilo peculiar de dançar um rap ao som do The Diesel (Shaquille O’Neal), Mark Madsen, com clamorosas médias de 2.8 PPJ (2000-01) e 3.2 PPJ (2001-02), levou dois anéis de campeão da NBA nestas respectivas temporadas. Outros “talentos” da NBA têm mais títulos que Charles Barkley (lenda da associação, membro do Dream Team) e que LeBron James: DeShawn Stevenson (2011 – Dallas Mavericks), Brian Scalarbine (2008 – Boston Celtics), Darko Milicic (2004 – Detroit Pistons)... este peculiar “hall da fama” é extenso.

Em 1996 a NBA completou 50 anos e montou uma lista com os 50 melhores jogadores da história da associação (até então). Quem participou da votação: jornalistas especializados, ex-treinadores e ex-jogadores, e treinadores e jogadores em atividade. Dos 50 atletas escolhidos, 11 estavam em atividade e destes, 4 não conquistaram o título da NBA: Patrick Ewing, Karl Malone, John Stockton e Charles Barkley.

Quem conhece a história da associação se atreve a dizer que estes quatro jogadores não são grandes ou não merecem estar na lista?

Fora esses, outros jogadores entre os 50 não conquistaram título: Elgin Baylor, Dave Bing, George Gervin, Pete Maravich e Nate Thurmond.

Quem conhece a história da associação se atreve a dizer que estes cinco jogadores não são grandes ou não merecem estar na lista?

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Não 2, não 3, não 4...

Assim que chegou em Miami, LeBron cometeu erros graves – e se desculpou por alguns. Lidou muito mal com aquela situação que até hoje é discutida aos berros. Uma das coisas que ele disse naquela repudiável apresentação para torcida o assombra até hoje: “Não 2, não 3, não 4, não 5, não 6, não 7...”. Resposta a pergunta do mestre de cerimônia que questionou sobre se o Heat iria vencer um título da NBA – por isso que LeBron começou sua resposta com 2.

Continuando na resposta de James, disse acreditar na possibilidade de ganhar múltiplos títulos em Miami. Fazer a contagem foi um falha letal, porém o pensamento não tem que ser este, crer ser possível ganhar quantos títulos estive ao alcance? Ou você, como presidente de uma franquia que gastou milhões para contratar uma super estrela, gostaria de ouvi-la dizendo: “Tô aqui pra ganhar um título só, não tá bom? No resto do tempo, vou gastar a grana que tenho na Miami Beach”.


Michael Cooper (foto acima) é um dos mais importantes jogadores da franquia Lakers. Membro do elenco Showtime, venceu 5 vezes a associação (1980, 1982, 1985, 1987 e 1988) e eleito o melhor defensor em 1987. Após a carreira na NBA virou treinador e no ano 2000 assumiu o comando do Los Angeles Sparks, equipe da WNBA. Teve uma carreira vitoriosa, ganhando 2 campeonatos da liga feminina: 2001 e 2002.

Em 2003 as Sparks chegaram às Finais, mas perderam para o Detroit Shock. Eram três decisões consecutivas, como motivar a equipe para a temporada posterior?

Cooper estabeleceu, antes do campeonato 2004 começar, uma meta: fechar a temporada regular invicto. A declaração pegou mal na imprensa e com os adversários. Minutos antes do jogo de abertura do campeonato daquele ano, contra a Storm em Seattle, o treinador reafirmou o que falara. Resultado final da partida: Storm venceu (93 a 67). Após o duelo, Cooper foi entrevistado e os repórteres questionaram sobre como ficaria o plano de terminar a temporada sem derrotas. Michael reformulou sua declaração: “Agora a meta é encerrar a temporada regular com apenas uma derrota”.

Este objetivo de invencibilidade servia como motivação para as jogadoras que tinham no currículo três finais e um bicampeonato, criando algo ousado e novo para mantê-las no foco, de se dedicar a cada jogo para cumprir o que fora determinado – Michael Cooper, após 20 jogos (14v-6d) se transferiu para a NBA, assumindo cargo de assistente técnico do Denver Nuggets.

Na primeira temporada em Miami, LeBron, junto com seus companhieros, chegou à Final da associação. Na segunda temporada está próximo de conquistar novamente a Conferência Leste – jogo 7 contra o Boston Celtics no sábado dia 09. Seja eliminado ou avance, o pensamento de repetir uma grande campanha na temporada  2012-13 será posto em prática, visto que isto o motiva a continuar treinando, se aprimorando para manter a excelência.

Três MVP’s em nove temporadas. Melhor jogador da NBA nos últimos quatro campeonatos. LeBron está na galeria dos melhores jogadores da história da liga; o coloco no time ideal de todos os tempos, junto com Magic Johnson, Michael Jordan, Kareem Abdull-Jabar e Wilt Chamberlain. Pode terminar sua carreira sem títulos, ou com 2, 3, 4, 5, 6, 7... Independente disto, sua grandeza já está estabelecida.

Numa partida com enorme pressão, fora de casa e “as costas na parede” (como dizem os americanos), LeBron marcou 45 pontos no jogo 6 das finais da Conferência Leste (quinta, dia 07) – veja vídeo abaixo.



Prefiro assistir estes lances sorrindo ao invés de ranger os dentes.



(GL)
Escrito por João da Paz


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3 comentários:

blackmanba disse...

bela materia, mas se o lebron james sem nenhum titulo tu lhe colocas num time ideal e o Kobe Bryant você põe aonde?!

Ases disse...

Materia muito bem escrita e detalhada, mas discordo de sua opnião, não da para comparar times com jogadores.Times possuem muito mais tempo do que jogadores.Times pequenos ter titulos não são relevantes, mas times grandes tem de possuir grandes titulos(nesse caso libertadores).Dan Marino foi um tremendo jogador e não possue titulos, mas não falamos em ótimos times na nfl(escolhi a NFL pois considero a liga mais justa) com nenhum SB, falamos do Steelers, Giants, Packers, Cowboys.Então pela quantidades de anos jogando, um time no caso do futebol brasileiro precisa da taça libertadores.Lebron não jogará durante 100 anos como o corintias

Everton disse...

E o Kobe nao tem vaga no teu time ideal?
Ate respeito, mas é um absurdo, igual dizer
que neymar é melhor que messi hj em dia.
Como deixar o kobe fora de um time dos melhores?

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