Ricky Rubio não pertence à NBA

Em 2009 ele foi um das apostas do Grandes Ligas.

O encanto acabou.

Dois anos a mais de experiência no basquete europeu, jogando pelo tradicional clube FC Barcelona e pela excelente seleção espanhola, não trouxeram aprimoramentos para o jogo de Ricky Rubio e sua primeira temporada na NBA está prestes a iniciar com ele carregando uma habilidade bem inferior do que se esperava.

Na época a dúvida era como iria ser seu desenvolvimento nos arremessos de média e longa distância – atualmente a indagação permanece. Rubio não evoluiu neste quesito e piorou em outros. Não foi por falta de treinamento ou de competição. Qualquer lado negativo é colocado na conta do time, do Barcelona.

Sim, o Barcelona tem um modelo de jogo que não se encaixa bem com o armador de 21 anos, mas e daí? O estilo “meia-quadra” de jogar do time azul-grená poderia moldar Rubio de forma diferente, adaptação que teria que partir dele. Quer dizer que para se dar bem na NBA uma franquia terá que praticar um basquete que o espanhol goste? Senta lá Ricky...

Antes do draft de 2009, Rubio comentou que seu desejo seria ir para o Oklahoma City Thunder. A franquia do astro Kevin Durant atua em alta velocidade no ataque, usa muito as transições e Rubio seria uma boa peça no elenco. Mas são os times que escolhem os jogadores e não o contrário. O Minnesota Timberwolves pegou o armador na 5ª escolha e lá encontrará um treinador que terá a missão de inserir Rubio no melhor basquete do mundo. Rick Adelman tem o perfil ideal para trabalhar pacientemente com o novato.

Bem, novato na NBA, lógico. Joga profissionalmente desde os 14 anos de idade. Desta curta carreira, os anos mais interessantes de serem observados são justamente estes dois últimos, pois recebeu o rótulo de “Atleta da NBA” e teve que entrar em quadra com a atenção voltada a si por ser um figura tão destacada. Tudo para notar se o basquete seu mostrava melhoras.

Nada!

No Mundial de basquete realizado em 2010 na Turquia, a Espanha foi eliminada nas quartas de final pela Sérvia e perdeu a disputa do quinto lugar para a Argentina. Rubio terminou em sexto em assistências e não apareceu entre os 10 primeiros em roubos de bola – característica considerada forte pela agilidade e longa envergadura. Terminou o torneio com aproveitamento de quadra de 28% e 2 arremessos de três pontos convertidos em 17 tentados. Nos nove jogos do selecionado, sua média de pontos foi 4 em 25 minutos em quadra.


No Barcelona, o conjunto fez com que ele ganhasse títulos importantes, como a Euroliga de 2010 e o campeonato espanhol deste ano; em nenhum deles Rubio foi efetivo e/ou importante. Veja o exemplo que aconteceu na final da ACB 2011, que ocorreu no mês de Junho.

Sem grandes dificuldades, o Barcelona venceu o Bizkaia Bilbao em três jogos (melhor de 5). Rubio marcou 3 pontos... em toda série! No primeiro jogo ele conseguiu 4 assistências, mas nas outras duas partidas conseguiu apenas outras três, terminando a grande decisão com um total de 7 assistências... Seu total de minutos em quadra foi de 39... Com baixa produtividade, o tempo em quadra, obviamente, foi se tornando escasso.

Numa decisão de campeonato regional, jogando para uma média de 7 mil torcedores nos ginásios e apresentar um pífio desempenho como este?

Em Agosto veio o EuroBasket 2011 na Lituânia. Espanha campeã, confete pro ar, Rubio na foto do título... Foi relevante? Não. Teve uma média boa de minutos em quadra, 15.5, mas não computou bons números (média por jogo): 1.5 pontos, 2.1 assistências e 1.4 roubos de bola (o 14º colocado nesta categoria). Seu aproveitamento nos arremessos de quadra foi péssimo (23.3%), converteu 1 arremesso de três em 15 tentados e só anotou um lance livre.

Bom ou ruim?

Com a palavra Pau Gasol, ala do Los Angeles Lakers e líder da seleção espanhola, sobre as atuações de Rubio no EuroBasket 2011: "Gostaria de ter visto uma melhora mais substancial do que apresentada por ele." (via Associated Press)

Tem os que o defendem, mas precisam achar argumentos por aí. É jovem, mas quantos jovens com menos que 21 anos brilham (brilharam) na NBA sem ter a experiência que Rubio adquiriu? Barcelona! Seleção da Espanha! Não são meras equipes. Ele se gaba por jogar profissionalmente desde os 14 anos, então pode ser dito que em 6 anos de carreira seus números são ridículos. Basta ver para enxergar.


Para piorar, repórteres que cobriram o EuroBasket in loco viram Rubio treinar persistentemente arremessos – o primeiro a chegar e o último a sair. Não surtiu efeito. Ele recebeu um treinamento de arremessos particular de um treinador, Jarinn Akana (que já cuidou de Dirk Nowitzki), especializado em basquete, que teve a oportunidade de ficar com Rubio durante um ano e meio. Não surtiu efeito [2].

A NBA não é circo. Pode até ser marketing e nesta área terá as atenções divididas com Jimmer Fredette. O que Rubio fez contra os americanos nos Jogos Olímpicos de 2008 em Pequim (China) contaminou os olhos e a mente de todos. Passaram-se os anos e o que é visto agora é um jogador improdutivo que não convence.

Verdadeiramente, no mínimo, três armadores novatos terão uma temporada 2011-12 melhor que Rubio: Kyrie Irving, Brandon Knight e Kemba Walker, estes sim jogadores de NBA.

Não ser sucesso na NBA não, necessariamente, mostra que determinado jogador é todo ruim. Pode até fazer sucesso na Europa, mas não no melhor basquete do mundo. Hoje Rubio está longe de ser um jogador de NBA. Em dois anos de experiência após ser selecionado pelos T’Wolves, o espanhol mostrou vontade e voluntarismo, nada de qualidade nem eficiência. Ser voluntarioso e ter vontade não rendem status na NBA, são aspectos que definem uma carreira curta na associação.

O único que pode mudar esse quadro é Rick Adelman. Treinando clubes de NBA desde 1988, Adelman trabalhou com Terry Porter, Tim Hardaway, Jason Williams, Mike Bibby, Rafer Alston; armadores que o convívio lhe dá propriedade para tentar extrair de Rubio alguma coisa positiva.

Adelman é quem poderá alterar o título deste artigo para “Ricky Rubio pertence à NBA”.



(GL)
Escrito por João da Paz


© 1 Lucas Jackson / Reuters
© 2 David Ramos / Getty Images

Nenhum comentário:

Postar um comentário