Normais? Sim.
Dentro da classe especial de super estrelas da NBA, LeBron James e Dwyane Wade são jogadores iguais a qualquer outro do seleto grupo, embora muitos os tratem diferente. A união dos amigos para jogar em Miami causou furor, inveja e elevou o nível de desempenho a níveis estratosféricos. Os dois últimos jogos da série contra o Boston Celtics, semifinais da Conferência Leste, serviram como respostas aos críticos que exageravam nas avaliações de ambos nos momentos decisivos dos jogos desta temporada.
As 58 vitórias do Heat não são levadas em consideração. O que se comenta são as possíveis vitórias que o time desperdiçou nos segundos finais e que este fato prejudicaria o grupo nos playoffs quando é necessário ter alguém finalizador. Tudo se iniciou com a derrota em casa do Miami contra o Orlando no dia 3 de Março. O Magic perdia por uma diferença de 24 pontos no terceiro quarto e conseguiu uma incrível sequencia de 40 pontos a 9 nos derradeiros 15 minutos para vencer a partida por 99 a 96. Surgiram então números que exibiam o que realmente aconteceu com a equipe ao longo do campeonato, mas não mostravam o que acontecia com as outras em iguais circunstâncias.
Os erros do Miami foram graves, mas outros elencos passaram pelo mesmo problema – só não receberam a mesma cobertura da imprensa. Dos mais de 15 fatídicos jogos em questão, se o Heat vencesse apenas 5 teria a melhor campanha da temporada em toda a NBA. Cada jogo em si teve uma peculiaridade e um deles exemplifica o assunto.
Contra os Bulls (em Chicago) no dia 15 de Janeiro, Miami não contou com LeBron que ficou de fora; Chris Bosh se machucou no final do terceiro período e não voltou. Chicago vencia por 3 pontos no começo do quarto período. Até dois minutos do fim os Bulls se mantiveram na liderança e Derrick Rose aumentou a diferença para 5 pontos (92 a 87) restando 1:39. Então Wade fez um arremesso de 3; Rose respondeu com um arremesso de média distância, sofreu a falta e converteu o lance livre. Wade fez outro arremesso de 3; Rose perdeu a bola. Wade fez outro arremesso de 3 a 37 segundos do término, colocando o Heat à frente (96 a 95). Rose erra um arremesso de 2 e na continuação da jogada a bola sobra para Kyle Korver que converte um chute de 3 selando a vitória do tricolor. Um arremesso livre dos Bulls deixou a diferença em três pontos e Wade tentou empatar a 2 segundos do fim. Não deu.
Este último arremesso é que foi levado em consideração na boba estatística do “último arremesso”. Porém houve muito mais do que um lance perdido no final... Entrar a fundo nesses números é perda de tempo, pois são irrisórios os momentos que isto acontece na NBA para criar um banco de dados sobre.
Quem se aventurou não repetiu a dose. A equipe do site 82games arriscou criar a seguinte estatística: “Oportunidades para ganhar um jogo em um arremesso” que por definição agrupava menos de 24 segundos para acabar o jogo e uma real chance de empatar ou ganhar a partida. O último levantamento feito foi em 2008 e juntava números das temporadas 2003-04 até 2007-08 – pegando um pedaço do campeonato de 2008-09.
A coleta dessas performances encerrou porque o aproveitamento geral dos jogadores era baixo: 28.9% e em poucas ocasiões; concretizando que não é tão simples converter uma cesta quando o resultado do jogo está pra ser resolvido. Por curiosidade, vale ressaltar que o líder em aproveitamento de arremessos foi o LeBron com 34% (Kobe Bryant teve 25%) – lembre que James entrou na associação em 2003.
Criaram outra estatística e ela é usada pela NBA. Clutch analisa os números dos jogadores nos últimos 5 minutos das partidas que tem uma diferença contra ou a favor de 5 pontos; inclui prorrogações. Dá para observar algumas nuances interessantes ao examinar a clutch. Veja como se saem os determinados jogadores aos olhos desta estatística (dados oficiais da NBA, temporada 2010-11):
- LeBron James
(Temporada Regular) 85% lance livre, 44% arremessos de quadra, 40% das jogadas passam por ele e seus erros diminuem
(Playoffs) 43% em chutes de média distância (4 de 7), 100% lance livre e 47% das jogadas passam por ele
- Dwyane Wade
(Temporada Regular) Excluindo a zona morta, converteu 5 de 11 arremessos de três pontos (46%) e 34% das jogadas passam por ele.
(Playoffs) Mantém a mesma proporção de jogadas que participa (34%)
- Derrick Rose
(Temporada Regular) 40% arremessos de quadra, os erros aumentam e 52% das jogadas passam por ele
(Playoffs) 50% arremessos de quadra – 9 de 6 no garrafão. 59,5% das jogadas passam por ele
- Kevin Durant
(Temporada Regular) 41% arremessos de quadra, os erros diminuem e 43% das jogadas passam por ele
(Playoffs) 50% arremessos de quadra, os erros aumentam, 35% das jogadas passam por ele e só não tem um bom aproveitamento embaixo da cesta
- Kobe Bryant
(Temporada Regular) 40% arremessos de quadra, os erros aumentam e 53% das jogadas passam por ele
(Playoffs) 25% arremessos de quadra, os erros aumentam e 54% das jogadas passam por ele
Interessante notar os números de Kobe... Ele, com toda razão e méritos, tem a fama de ser decisivo nos momentos finais dos jogos. Numa conversa com amigos faça a seguinte pergunta: Último arremesso, Kobe ou LeBron? A maioria vai responder Kobe. A revista Sports Illustraded publicou, na edição de 25/04/2011, uma pesquisa feita com 166 jogadores da NBA respondendo a pergunta: “Quem você prefere para converter um arremesso decisivo?” 74% escolheram Kobe – LeBron não aparece entre os Top 5.
Kobe, entre outros exemplos, tem a seu favor as recentes atuações fora de série da temporada 2009-10 quando marcou seis arremessos vitoriosos nos últimos 10 segundos em seis jogos distintos. O intrigante é que ninguém comenta que Kobe perdeu 96 arremessos no clutch entre 2008 e 2010...
Já com LeBron a lembrança vem dos erros. A estupenda performance na dupla prorrogação contra o Detroit Pistons em 2007 (Jogo 5 dos playoffs) quando marcou os últimos 25 pontos do Cleveland Cavaliers não passa perto de ser mencionada. Tanto James quanto Wade têm em seus currículos grandes jogos decisivos, da mesma forma que tem falhas. Entretanto eles não são os únicos; membros da classe especial de super estrelas também comentem graves equívocos em igual situação, isso é normal.
O jogo 4 e 5 da série destes playoffs contra o Boston Celtics serve de resposta aos que criticaram o Heat por não ter poder de finalização. No jogo 4, em Boston, o arremesso fatal veio a 2 segundos do fim do tempo normal. Os Celtics, a um minuto atrás, perdiam por 81 a 78. Delonte West e Ray Allen convertem dois arremessos de três seguidos e colocam o alviverde na frente (84 a 81). A torcida fica empolgada, grita, canta e incentiva o time. Aí LeBron, pressionado na lateral em frente ao banco de reservas dos Celtics pelo excelente defensor Paul Pierce faz isto (veja vídeo abaixo e perceba a reação de Pierce)
A partida foi pra prorrogação e o Heat venceu.
No jogo 5, Boston parou nos 87 pontos faltando 4:15 para o término do jogo – Miami tinha 81. O Heat marcou 16 pontos na sequencia e LeBron participou em 15 deles (marcou 10 – veja vídeo abaixo – , deu passe para um chute de três de James Jones e um passe para uma enterrada do Chris Bosh).
Certas atitudes do LeBron trazem argumentos contrários e causam animosidade. Ele sempre foi decisivo e seus erros são comuns.
Agora é a vez de criticar a exultante comemoração dele por chegar às finais da Conferência Leste.
E quem odeia faz o que sabe melhor.
Dentro da classe especial de super estrelas da NBA, LeBron James e Dwyane Wade são jogadores iguais a qualquer outro do seleto grupo, embora muitos os tratem diferente. A união dos amigos para jogar em Miami causou furor, inveja e elevou o nível de desempenho a níveis estratosféricos. Os dois últimos jogos da série contra o Boston Celtics, semifinais da Conferência Leste, serviram como respostas aos críticos que exageravam nas avaliações de ambos nos momentos decisivos dos jogos desta temporada.
As 58 vitórias do Heat não são levadas em consideração. O que se comenta são as possíveis vitórias que o time desperdiçou nos segundos finais e que este fato prejudicaria o grupo nos playoffs quando é necessário ter alguém finalizador. Tudo se iniciou com a derrota em casa do Miami contra o Orlando no dia 3 de Março. O Magic perdia por uma diferença de 24 pontos no terceiro quarto e conseguiu uma incrível sequencia de 40 pontos a 9 nos derradeiros 15 minutos para vencer a partida por 99 a 96. Surgiram então números que exibiam o que realmente aconteceu com a equipe ao longo do campeonato, mas não mostravam o que acontecia com as outras em iguais circunstâncias.
Os erros do Miami foram graves, mas outros elencos passaram pelo mesmo problema – só não receberam a mesma cobertura da imprensa. Dos mais de 15 fatídicos jogos em questão, se o Heat vencesse apenas 5 teria a melhor campanha da temporada em toda a NBA. Cada jogo em si teve uma peculiaridade e um deles exemplifica o assunto.
Contra os Bulls (em Chicago) no dia 15 de Janeiro, Miami não contou com LeBron que ficou de fora; Chris Bosh se machucou no final do terceiro período e não voltou. Chicago vencia por 3 pontos no começo do quarto período. Até dois minutos do fim os Bulls se mantiveram na liderança e Derrick Rose aumentou a diferença para 5 pontos (92 a 87) restando 1:39. Então Wade fez um arremesso de 3; Rose respondeu com um arremesso de média distância, sofreu a falta e converteu o lance livre. Wade fez outro arremesso de 3; Rose perdeu a bola. Wade fez outro arremesso de 3 a 37 segundos do término, colocando o Heat à frente (96 a 95). Rose erra um arremesso de 2 e na continuação da jogada a bola sobra para Kyle Korver que converte um chute de 3 selando a vitória do tricolor. Um arremesso livre dos Bulls deixou a diferença em três pontos e Wade tentou empatar a 2 segundos do fim. Não deu.
Este último arremesso é que foi levado em consideração na boba estatística do “último arremesso”. Porém houve muito mais do que um lance perdido no final... Entrar a fundo nesses números é perda de tempo, pois são irrisórios os momentos que isto acontece na NBA para criar um banco de dados sobre.
Quem se aventurou não repetiu a dose. A equipe do site 82games arriscou criar a seguinte estatística: “Oportunidades para ganhar um jogo em um arremesso” que por definição agrupava menos de 24 segundos para acabar o jogo e uma real chance de empatar ou ganhar a partida. O último levantamento feito foi em 2008 e juntava números das temporadas 2003-04 até 2007-08 – pegando um pedaço do campeonato de 2008-09.
A coleta dessas performances encerrou porque o aproveitamento geral dos jogadores era baixo: 28.9% e em poucas ocasiões; concretizando que não é tão simples converter uma cesta quando o resultado do jogo está pra ser resolvido. Por curiosidade, vale ressaltar que o líder em aproveitamento de arremessos foi o LeBron com 34% (Kobe Bryant teve 25%) – lembre que James entrou na associação em 2003.
Criaram outra estatística e ela é usada pela NBA. Clutch analisa os números dos jogadores nos últimos 5 minutos das partidas que tem uma diferença contra ou a favor de 5 pontos; inclui prorrogações. Dá para observar algumas nuances interessantes ao examinar a clutch. Veja como se saem os determinados jogadores aos olhos desta estatística (dados oficiais da NBA, temporada 2010-11):
- LeBron James
(Temporada Regular) 85% lance livre, 44% arremessos de quadra, 40% das jogadas passam por ele e seus erros diminuem
(Playoffs) 43% em chutes de média distância (4 de 7), 100% lance livre e 47% das jogadas passam por ele
- Dwyane Wade
(Temporada Regular) Excluindo a zona morta, converteu 5 de 11 arremessos de três pontos (46%) e 34% das jogadas passam por ele.
(Playoffs) Mantém a mesma proporção de jogadas que participa (34%)
- Derrick Rose
(Temporada Regular) 40% arremessos de quadra, os erros aumentam e 52% das jogadas passam por ele
(Playoffs) 50% arremessos de quadra – 9 de 6 no garrafão. 59,5% das jogadas passam por ele
- Kevin Durant
(Temporada Regular) 41% arremessos de quadra, os erros diminuem e 43% das jogadas passam por ele
(Playoffs) 50% arremessos de quadra, os erros aumentam, 35% das jogadas passam por ele e só não tem um bom aproveitamento embaixo da cesta
- Kobe Bryant
(Temporada Regular) 40% arremessos de quadra, os erros aumentam e 53% das jogadas passam por ele
(Playoffs) 25% arremessos de quadra, os erros aumentam e 54% das jogadas passam por ele
Interessante notar os números de Kobe... Ele, com toda razão e méritos, tem a fama de ser decisivo nos momentos finais dos jogos. Numa conversa com amigos faça a seguinte pergunta: Último arremesso, Kobe ou LeBron? A maioria vai responder Kobe. A revista Sports Illustraded publicou, na edição de 25/04/2011, uma pesquisa feita com 166 jogadores da NBA respondendo a pergunta: “Quem você prefere para converter um arremesso decisivo?” 74% escolheram Kobe – LeBron não aparece entre os Top 5.
Kobe, entre outros exemplos, tem a seu favor as recentes atuações fora de série da temporada 2009-10 quando marcou seis arremessos vitoriosos nos últimos 10 segundos em seis jogos distintos. O intrigante é que ninguém comenta que Kobe perdeu 96 arremessos no clutch entre 2008 e 2010...
Já com LeBron a lembrança vem dos erros. A estupenda performance na dupla prorrogação contra o Detroit Pistons em 2007 (Jogo 5 dos playoffs) quando marcou os últimos 25 pontos do Cleveland Cavaliers não passa perto de ser mencionada. Tanto James quanto Wade têm em seus currículos grandes jogos decisivos, da mesma forma que tem falhas. Entretanto eles não são os únicos; membros da classe especial de super estrelas também comentem graves equívocos em igual situação, isso é normal.
O jogo 4 e 5 da série destes playoffs contra o Boston Celtics serve de resposta aos que criticaram o Heat por não ter poder de finalização. No jogo 4, em Boston, o arremesso fatal veio a 2 segundos do fim do tempo normal. Os Celtics, a um minuto atrás, perdiam por 81 a 78. Delonte West e Ray Allen convertem dois arremessos de três seguidos e colocam o alviverde na frente (84 a 81). A torcida fica empolgada, grita, canta e incentiva o time. Aí LeBron, pressionado na lateral em frente ao banco de reservas dos Celtics pelo excelente defensor Paul Pierce faz isto (veja vídeo abaixo e perceba a reação de Pierce)
A partida foi pra prorrogação e o Heat venceu.
No jogo 5, Boston parou nos 87 pontos faltando 4:15 para o término do jogo – Miami tinha 81. O Heat marcou 16 pontos na sequencia e LeBron participou em 15 deles (marcou 10 – veja vídeo abaixo – , deu passe para um chute de três de James Jones e um passe para uma enterrada do Chris Bosh).
Certas atitudes do LeBron trazem argumentos contrários e causam animosidade. Ele sempre foi decisivo e seus erros são comuns.
Agora é a vez de criticar a exultante comemoração dele por chegar às finais da Conferência Leste.
E quem odeia faz o que sabe melhor.
(GL)
Escrito por João da Paz
Escrito por João da Paz
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Um comentário:
http://www.youtube.com/watch?v=cOQnBdQvqOs
Acho q isso do MJ meio que explica algumas coisas. O melhor jogador não é aquele que acerta mais em momentos decisivos, o melhor jogador é aquele que é mais confiado em momentos decisivos.
O Kobe é mais confiado para fazer o arremesso decisivos do que o LeBron.
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