O candidato republicano a presidência dos Estados Unidos, Mitt Romney, desafia o democrata Barack Obama na eleição do país que ocorrerá no dia 6 de Novembro. Romney é o concorrente mais perigoso contra o atual presidente dentre os outros 5 postulantes ao cargo de comandante chefe da nação (também estão na disputa: Gary Johnson – Libertariano; Jill Stein – Verde; Virgil Goode – Constitucionalista; e Rocky Anderson – Justiça). Essa eleição é uma das mais acirradas da história, reflexo de um pais polarizado entre liberais (democratas) e conservadores (republicanos), divisão latente e significativa. Com os votos partidários certos, Obama e Romney buscam os indecisos e os que não vão votar. Uma forma de alcançar isso é através dos esportes.
O poder de união que o esporte tem é universal. Une ricos e pobres, gerentes e empregados, e porque não democratas e republicanos. Obama tem certa vantagem nesse quesito, pois está inserido nos esportes desde sua vitória em 2008. Um episódio anual que o destaca é o preenchimento que faz, via iniciativa da ESPN, da tabela dos playoffs do basquete universitário (March Madnness - leia “As escolhas de Obama"). Constantemente é possível notar Obama comentando sobre esportes sem ser de forma executiva, um bate papo sobre o que está acontecendo nos campeonatos. O que cria uma conexão mais íntima com a população, sentimento de proximidade.
Oito anos Senador por Illinois, Obama defende os times da estado e aproveita a honra de receber na Casa Branca (lar oficial dos presidentes americanos) os campeões dos grandes campeonatos do país. Sempre que a oportunidade aparece Obama gosta de soltar uma piadinha defendendo os times de Chi-Town – é fã obcecado dos White Sox (MLB).
Romney tem um envolvimento importante com os esportes, porém não tão natural como acontece com Obama. O candidato republicano, ex-governador do estado de Massachusets (2003-2007), tem a seu favor a missão que aceitou para colocar no prumo a realização dos Jogos Olímpicos de Inverno em Salt Lake City, estado de Utah, em 2002. Antes de assumir a função de ser presidente do Comitê Organizador, os Jogos passavam por uma crise, que foi consertada por Romney. Curioso é que o candidato não usa muito esse trunfo para seu benefício na campanha.
Propaganda paga na TV
Nos Estados Unidos não existe horário eleitoral gratuito (como no Brasil, por exemplo). As campanhas de Obama e Romney investem pesado nos anúncios de TV, inserções comerciais que são cobradas pelas emissoras pelo espaço que naturalmente custa na programação. É uma opção acertada porque (assim como no Brasil) essas inserções são de extrema importância, pois pega o eleitor desprevenido, principalmente o indeciso ou o que não quer votar. Esse eleitor não vai atrás dos candidatos, então é preciso ir até essa fatia da população.
As campanhas de ambos tem entendido onde os telespectadores estão. Tradicionalmente os comerciais eleitorais eram inseridos regularmente nos intervalos de telejornais, séries e/ou novelas. Neste ano tem sido diferente e o foco são os eventos esportivos, aproveitando a quantidade de jogos importantes que ocorrem no momento (NFL, campeonato universitário de football, começo da NBA e final da MLB – World Series). Dentre todos esses, o mais cobiçado são as partidas da NFL, porque atrai mais audiência.
Dados registrados na Comissão Federal de Comunicação dos EUA (FCC), mostram o quanto Obama e Romney tem investido nos comerciais de jogos da NFL. Tudo feito de maneira estratégica e pontual. Não gastam dinheiro, por exemplo, em anúncios de alcance nacional por não ter apelo imediato na campanha e custar caro. O foco é comprar espaços nas emissoras locais de estados que as pesquisas mostram que há um número maior de indecisos. Um desses estados é Colorado e a campanha de Obama gastou US$ 104 mil por um comercial de 2 minutos no jogo entre Oakland Raiders x Denver Broncos, propaganda veiculada na afiliada da CBS em Denver.
Florida é um estado crucial por ter um importante colégio eleitoral, fundamental vencê-lo para faturar a eleição. A campanha de Romney gastou US$ 50 mil por uma inserção (30 seg) na partida entre Miami Dolphins e New York Jets, propaganda veiculada na afiliada da CBS em Miami.
A grana colocada nos anúncios de TV é astronômica. Juntando as duas candidaturas, ultrapassa US$ 1 bilhão! Então tem de ser um dinheiro bem aplicado, o que tentam fazer ao comprar espaços em jogos da NFL nos estados chaves para essa eleição. O total investido nesse tipo de propaganda é o seguinte (pegando apenas os estados chaves: Minnesota, Ohio, Colorado, New Hampshire, Wisconsin, Florida, Michigan e North Carolina):
- Obama: US$ 3 milhões e 300 mil (594 inserções)
- Romney: US$ 4 milhões e 500 mil (767 inserções)
Política versus Esportes
Há quem não gosta de envolver política e esporte, mas é inevitável. Donos de clubes da NFL, MLB e NBA apoiam um ou outro candidato e fazem doação de dinheiro às respectivas campanhas. O dono do Atlanta Braves, Gregory Maffei, doou US$ 157 mil para Romney; um dos donos do Los Angeles Dodgers, Magic Johnson, doou US$ 65 mil para Obama. Apesar de existir pluralidade a maioria dos donos de clubes das 3 ligas apoiam Romney.
Os torcedores ficam céticos com esses apoios, mas nada podem fazer pois os donos tem o direito de apoiar quem bem entender. Fãs não querem misturar política e esportes, ou ao menos diminuir a intensidade dessa relação. Grande parte deles preferem que os políticos não se intrometam em assuntos esportivos, entretanto há discussões que o congresso americano e o presidente opinam sobre – e recebem pedidos para intervir: concussões nas competições esportivas (destaque para o football / NFL), custo exorbitante dos acordos entre as ligas e emissoras de TV pelo direito de transmissão dos campeonatos, doping e playoffs no futebol universitário.
Romney, por mais que não demonstre envolvimento com esportes igual ao seu rival, se eleito terá que mostrar maior engajamento. Com Obama é natural até, e isto inclui a primeira dama Michelle, que implantou um programa altamente popular que visa combater a obesidade infantil, aplicado nas escolas com exercícios físicos e alimentação balanceada.
E Obama é um “jogador” de basquete. Organiza peladas na Casa Branca e convida jornalistas especializados e amigos. O atual presidente tem o rótulo de “jogador” enquanto seu antecessor, Geroge W. Bush, tem no histórico a função de cheerleader quando estudava na Universidade Yale (saiba mais em “Bonito e Perigoso”). Entre todos os presidentes dos EUA, o mais atleta foi Gerald Ford (serviu de 1974 a 1977), que foi MVP e campeão nacional jogando pela equipe de football da Universidade de Michigan.
(GL)
Escrito por João da Paz
Escrito por João da Paz
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