Anthony Davis (foto) conquistou o título da NCAA temporada 2011-12. Com 19 anos de idade, deixa a Universidade Kentucky e vai para a NBA. O talentosíssimo jogador é mais um de tantos que entram na universidade somente para cumprir uma regra da NBA que é falha é precisa ser mudada.
Desde o draft de 2006, os atletas inscritos na seleção tem de ter 19 anos ou mais e com um ano completo após a conclusão do high school (ensino médio). Esta medida foi tomada para impedir que meninos de 18 anos fizessem a transição direta entre o high school e a NBA.
Este imbróglio tem muitas nuances para se discutir e você terá a oportunidade de vê-las aqui. Os intere$$e$ são enormes, pela NBA e NCAA, mas a parte mais interessada nesta história é a NBA, porque seu produto corre o risco de desvalorizar com garotos inexperientes, na vida e no basquete, envolvidos com sua marca.
Jogador de basquete necessita cumprir certos requisitos para assinar com uma franquia além de saber arremessar, correr e quicar uma bola laranja? Não. Contudo a NBA é o mais alto nível de excelência em basquete no mundo e está no topo das ligas mais bem administradas. Por isso o cuidado com quem vai estar em quadra é mais que um “qualquer” controle de qualidade.
Num período de 10 anos, entre 1995 e 2005, a NBA ganhou bons talentos que fizeram a transição high school-NBA. O ano de 1995 foi quando Kevin Garnett entrou no draft sem passar pela NCAA.
Mas para cada Kobe Bryant, LeBron James, Dwight Howard tem um Leon Smith, Korleone Young, Kwame Brown – todos estes entraram na NBA após concluir o ensino médio.
Nos extremos, das grandes estrelas e das decepções, há os medianos. Só que o risco de aceitar este tipo de jogador é muito grande para a integridade da liga. E David Stern, comissário da NBA, pensou num aspecto social ao buscar mudar a regra de inscrição para o draft, pois os olheiros (scouts) das franquias lotavam os ginásios das escolas e aliciavam pais dos meninos mais habilidosos.
Então foi proposta a atual ideia: para um jogador estar apto para entrar na NBA, precisa ter no mínimo 19 anos e um ano completo após a conclusão do ensino médio.
Isto criou outro problema.
A regra não determina onde o jogador deve atuar, pode ser na NCAA, Europa, D-League (liga de desenvolvimento da NBA)... Na maioria das vezes, os garotos escolhem uma universidade, porém vestem o uniforme por um ano e vão embora – e ficam na sala de aula só um semestre.
Assim, aquele jogador que sai do high school “pronto pra NBA” vai para a NCAA só por ir. Kevin Garnett (foto abaixo), por exemplo, não entrou numa universidade porque não conseguiu passar no vestibular (chamado de SAT). Derrick Rose também não atingiu a nota de corte suficiente para cursar a Universidade Memphis, teve que forjar o exame, a fraude foi descoberta e a universidade punida.
A NBA ganhou fenomenais jogadores a partir de 2006 com esta atual regra no draft. Mas para cada Derrick Rose, Kevin Durant, Kevin Love tem um JJ Hickson, Cory Joseph, Daniel Orton – todos entraram na NBA após ficarem um ano na NCAA.
A atitude ideal da NBA e agir igual à NFL e só permitir que atletas que participarem da NCAA por no mínimo três anos estejam aptos para ingressar na NBA. Não pode deixar aberto o local que o atleta pode jogar, pois a tendência é fortalecer uma liga rival, no caso a Euroliga. Com opção de ir para um clube e ganhar dinheiro ou entrar na universidade, a primeira escolha é a mais atrativa. Mesmo que o jogador volte da Europa após três anos e entre na NBA, por três anos a Europa ficou com grandes nomes do basquete americano – e lucrando muito com isto, diga-se.
Entretanto, esta é uma proposta que desagrada o sindicato dos atletas da NBA. Nas negociações do mais recente acordo trabalhista, o sindicato queria voltar ao modelo antigo, permitindo que jogadores com mais de 18 anos e imediatamente após concluírem o ensino médio possam estar disponíveis para as franquias da NBA.
Logo, como assinala Adam Silver, chefe operacional da NBA, o modelo vigente é um meio termo que encontraram, porém longe do ideal.
Pensando nos jogadores, John Calipari, treinador da Universidade de Kentucky, propõe que se um jogador ficar mais de dois anos na NCAA, os clubes da NBA garantem a este atleta um porcentagem maior na assinatura do contrato do que comumente é feita. Esta visão é para tirar o medo dos jogadores que temem perder dinheiro ficando mais tempo na universidade. É uma ideia original e interessante, embora difícil de se concretizar.
Outra ideia é adotar o modelo que a MLB usa, e tem o apoio do treinador Tom Izzo da Universidade Michigan State. A MLB permite que um jogador saia direto do high school para a liga, mas se optar por entrar na universidade é obrigado ficar por três anos na NCAA, se tornando deste modo elegível para o draft.
Isto agradaria gregos e troianos. Um cara como Derrick Rose não perderia tempo na universidade, estudando forçadamente um semestre só para poder se inscrever no time de basquete e, uma vez que o campeonato começa, desaparece do campus e não participa das aulas.
David Stern diz que a NBA não se preocupa socialmente em relação a esta tese aqui abordada. Mas a NBA tem responsabilidade sim com a sociedade. O próprio Stern sabe disto e agiu em prol dela ao impor o “código de vestimenta”, em Outubro de 2005, nos jogadores da NBA em entrevistas coletivas e quando estão em prédios e lugares públicos representando a liga. Era um festival de roupas e trajes inadequados que manchava a imagem da liga perante jovens principalmente, que projetam nos atletas profissionais um modelo, um exemplo.
Qual mensagem é passada ao permitir que um jogador se torne profissional sem passar pela universidade? Qual mensagem é passada ao exigir que um jogador se torne profissional após cursar três anos (mínimo) de universidade?
A NBA é uma empresa privada e tem liberdade para decidir o que bem entender. A repercussão que estas decisões tem, porém, faz com que a liga pense com cuidado qual posição tomar. Ir além de negócios e intere$$e$ pode colocar a NBA numa posição exemplar, exigindo que aqueles responsáveis por desenvolver seu produto (o jogo de basquete) tenham uma educação superior, um comportamento digno. Sendo um espelho para os mais novos e elevando a importância do estudo e aprendizado acadêmico.
Desde o draft de 2006, os atletas inscritos na seleção tem de ter 19 anos ou mais e com um ano completo após a conclusão do high school (ensino médio). Esta medida foi tomada para impedir que meninos de 18 anos fizessem a transição direta entre o high school e a NBA.
Este imbróglio tem muitas nuances para se discutir e você terá a oportunidade de vê-las aqui. Os intere$$e$ são enormes, pela NBA e NCAA, mas a parte mais interessada nesta história é a NBA, porque seu produto corre o risco de desvalorizar com garotos inexperientes, na vida e no basquete, envolvidos com sua marca.
Jogador de basquete necessita cumprir certos requisitos para assinar com uma franquia além de saber arremessar, correr e quicar uma bola laranja? Não. Contudo a NBA é o mais alto nível de excelência em basquete no mundo e está no topo das ligas mais bem administradas. Por isso o cuidado com quem vai estar em quadra é mais que um “qualquer” controle de qualidade.
Num período de 10 anos, entre 1995 e 2005, a NBA ganhou bons talentos que fizeram a transição high school-NBA. O ano de 1995 foi quando Kevin Garnett entrou no draft sem passar pela NCAA.
Mas para cada Kobe Bryant, LeBron James, Dwight Howard tem um Leon Smith, Korleone Young, Kwame Brown – todos estes entraram na NBA após concluir o ensino médio.
Nos extremos, das grandes estrelas e das decepções, há os medianos. Só que o risco de aceitar este tipo de jogador é muito grande para a integridade da liga. E David Stern, comissário da NBA, pensou num aspecto social ao buscar mudar a regra de inscrição para o draft, pois os olheiros (scouts) das franquias lotavam os ginásios das escolas e aliciavam pais dos meninos mais habilidosos.
Então foi proposta a atual ideia: para um jogador estar apto para entrar na NBA, precisa ter no mínimo 19 anos e um ano completo após a conclusão do ensino médio.
Isto criou outro problema.
A regra não determina onde o jogador deve atuar, pode ser na NCAA, Europa, D-League (liga de desenvolvimento da NBA)... Na maioria das vezes, os garotos escolhem uma universidade, porém vestem o uniforme por um ano e vão embora – e ficam na sala de aula só um semestre.
Assim, aquele jogador que sai do high school “pronto pra NBA” vai para a NCAA só por ir. Kevin Garnett (foto abaixo), por exemplo, não entrou numa universidade porque não conseguiu passar no vestibular (chamado de SAT). Derrick Rose também não atingiu a nota de corte suficiente para cursar a Universidade Memphis, teve que forjar o exame, a fraude foi descoberta e a universidade punida.
A NBA ganhou fenomenais jogadores a partir de 2006 com esta atual regra no draft. Mas para cada Derrick Rose, Kevin Durant, Kevin Love tem um JJ Hickson, Cory Joseph, Daniel Orton – todos entraram na NBA após ficarem um ano na NCAA.
A atitude ideal da NBA e agir igual à NFL e só permitir que atletas que participarem da NCAA por no mínimo três anos estejam aptos para ingressar na NBA. Não pode deixar aberto o local que o atleta pode jogar, pois a tendência é fortalecer uma liga rival, no caso a Euroliga. Com opção de ir para um clube e ganhar dinheiro ou entrar na universidade, a primeira escolha é a mais atrativa. Mesmo que o jogador volte da Europa após três anos e entre na NBA, por três anos a Europa ficou com grandes nomes do basquete americano – e lucrando muito com isto, diga-se.
Entretanto, esta é uma proposta que desagrada o sindicato dos atletas da NBA. Nas negociações do mais recente acordo trabalhista, o sindicato queria voltar ao modelo antigo, permitindo que jogadores com mais de 18 anos e imediatamente após concluírem o ensino médio possam estar disponíveis para as franquias da NBA.
Logo, como assinala Adam Silver, chefe operacional da NBA, o modelo vigente é um meio termo que encontraram, porém longe do ideal.
Pensando nos jogadores, John Calipari, treinador da Universidade de Kentucky, propõe que se um jogador ficar mais de dois anos na NCAA, os clubes da NBA garantem a este atleta um porcentagem maior na assinatura do contrato do que comumente é feita. Esta visão é para tirar o medo dos jogadores que temem perder dinheiro ficando mais tempo na universidade. É uma ideia original e interessante, embora difícil de se concretizar.
Outra ideia é adotar o modelo que a MLB usa, e tem o apoio do treinador Tom Izzo da Universidade Michigan State. A MLB permite que um jogador saia direto do high school para a liga, mas se optar por entrar na universidade é obrigado ficar por três anos na NCAA, se tornando deste modo elegível para o draft.
Isto agradaria gregos e troianos. Um cara como Derrick Rose não perderia tempo na universidade, estudando forçadamente um semestre só para poder se inscrever no time de basquete e, uma vez que o campeonato começa, desaparece do campus e não participa das aulas.
David Stern diz que a NBA não se preocupa socialmente em relação a esta tese aqui abordada. Mas a NBA tem responsabilidade sim com a sociedade. O próprio Stern sabe disto e agiu em prol dela ao impor o “código de vestimenta”, em Outubro de 2005, nos jogadores da NBA em entrevistas coletivas e quando estão em prédios e lugares públicos representando a liga. Era um festival de roupas e trajes inadequados que manchava a imagem da liga perante jovens principalmente, que projetam nos atletas profissionais um modelo, um exemplo.
Qual mensagem é passada ao permitir que um jogador se torne profissional sem passar pela universidade? Qual mensagem é passada ao exigir que um jogador se torne profissional após cursar três anos (mínimo) de universidade?
A NBA é uma empresa privada e tem liberdade para decidir o que bem entender. A repercussão que estas decisões tem, porém, faz com que a liga pense com cuidado qual posição tomar. Ir além de negócios e intere$$e$ pode colocar a NBA numa posição exemplar, exigindo que aqueles responsáveis por desenvolver seu produto (o jogo de basquete) tenham uma educação superior, um comportamento digno. Sendo um espelho para os mais novos e elevando a importância do estudo e aprendizado acadêmico.
(GL)
Escrito por João da Paz
Escrito por João da Paz
© 1 Ronald Martinez / Getty Images
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