Dois brasileiros foram forçados a mudar de time na NBA. Lendrinho saiu do Toronto Raptors para o Indiana Pacers e Nenê saiu do Denver Nuggets para o Washington Wizards. Uma frase feita surgiu: “Leandrinho se deu bem, já o Nenê...”. Nós, patriotas e amantes da NBA, tomamos partido nestas duas questões e colocamos o ponto de vista que achamos o adequado. Assim entra em destaque o complexo de vira-lata às avessas.
Nelson Rodrigues (1912-1980), um dos mais respeitados jornalistas brasileiros, disse: “por 'complexo de vira-lata' entendo eu a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo”. Declaração que tinha como alertar ao olhar que nós vemos os outros, achando que não temos nada de bom, pois o melhor vem do “estrangeiro”.
Tem o lado oposto a este, o de achar que um feito pífio de um brasileiro no exterior é algo que merece feriado – Nelson Rodrigues escreveu que o “Brasil é um feriado”. É a supervalorização dos brazucas, uma falta de perspectiva para enxergar a realidade.
Leandrinho (foto acima) é um jogador da NBA? Com 12 pontos em média por jogo, e nada substancial a mais que isto, serve como um complemento em um time qualquer. Nos Pacers será deste modo, um jogador para somar, reserva, disputando espaço com 6 companheiros de posição (Darren Collison, Paul George, AJ Price, Dahntay Jones, Lance Stephenson, e George Hill – destes, só Jones é mais velho que Leandrinho: 31 anos contra 29).
Para validar esta transação, alguns irmãos da pátria esbravejaram que o Leandrinho agora está num time grande da NBA...
Expressão emprestada do futebol, o Indiana Pacers não é uma franquia grande da associação. Está numa ótima temporada, tem um elenco excelente e empolgante, porém tá bem longe de ser um time grande – nem título da NBA tem; sem contar que nas últimas cinco temporadas regulares teve um aproveitamento inferior a 50%.
Forçar uma representatividade de um time para sublinhar o nome de Leandrinho como importante na NBA não dá. Ele tava feliz no Toronto Raptors (aquele time do Canadá). Estava feliz sendo reserva de uma franquia patética. Estava feliz em não ir aos playoffs, porque poderia então vir ao Brasil jogar pelo Flamengo no NBB (Novo Basquete Brasil). Claro, ir para os Pacers deixou o jogador triste por não jogar no Flamengo nos playoffs do mega campeonato brasileiro de basquete.
Ria ou chore.
Fique atento, acompanhe o fim de carreira do Leandrinho. Jogador que pensa na NBA como sua irmã mais nova, a WNBA, na qual as jogadoras fazem a transição Europa-EUA por necessidade e sobrevivência. Vá lá, é isto que Leandrinho vê no Flamengo, necessidade e sobrevivência. Seu momento na NBA se resume a disputar com seis jogadores 48 minutos de jogo. 12 pontos em média por partida. Suficiente né?
Melhor que em Toronto, fato!
Mas foi do fútil ao medíocre.
Tanto que ficou surpreso com a troca, tipo “um time de qualidade me quer?”.
A transação Denver-Washington causou surpresa também, tipo “como assim Wizards?”.
Sim, Nenê foi um agente livre muito requisitado (com razão) na última baixa temporada. Com 29 primaveras vividas, optou pela segurança e pelo certo, ficou em Denver e garantiu um bom contrato: 67 milhões de dólares em cinco anos.
Os Nuggets tinham em mãos uma boa peça sob controle. Poderia mantê-lo na franquia, um pivô de habilidade difícil de encontrar na NBA e em qualquer outro nível de basquete. Ou poderia negociá-lo visando reformular o elenco. Optou pela segunda alternativa.
Na temporada passada, Nenê teve um aproveitamento de quadra espetacular: 61,5%. No atual campeonato, seu aproveitamento é notável, mas caiu sensivelmente: 50,9%. A diretoria dos Nuggets escolheu se livrar deste alto contrato do brasileiro para abrir espaço na folha salarial e contratar um jogador mais jovem – ventila-se que este jovem seja Wilson Chandler.
Os Wizards estão no limbo total – apesar de ser franquia mais robusta que os Pacers: tem mais títulos de conferência (4x1) e um título da NBA. Temporada ruim após outra pior, má administração comprovada. Contudo, irmãos da pátria projetam uma reviravolta no clube alicerçado em John Wall, Nenê... É melhor para por aqui.
John Wall não é líder. Sem mais. Grande talento, uma das apostas do Grandes Ligas, mas não é sábio quem projeta montar uma franquia ao seu redor – Kyrie Irving merece tal status, por exemplo.
Quer confiar ou dá crédito à atual administração dos Wizards? Como informou o pessoal do Bola Presa num tweet: “Ano que vem Wizards gastará 43,8 milhões de dólares no trio Rashard Lewis, Nenê e Andray Blatche”. Minutos depois eles informaram mais um dado curioso respondendo quanto o Miami Heat gasta com seu trio: “LeBron+Wade+Bosh = 47.5 milhões”.
E aí?
O rótulo irônico de “bem feito” foi posto nesta troca do Nenê. É, foi bem feito mesmo, ganhar 67 milhões de dólares di boa... O problema é que ninguém vai assisti-lo, o mesmo acontecia com Leandrinho em Toronto.
“Mas os Pacers vão aos playoffs!” Clamam os que têm um complexo de vira-lata às avessas. Em Indiana Leandrinho está para somar; em Washington Nenê está para subtrair (a grana).
Não há lealdade. Fidelidade não existe. Medíocres brasileiros na NBA, a vida como ela é.
E Nelson Rodrigues diria: “O dinheiro compra até amor sincero”.
Nelson Rodrigues (1912-1980), um dos mais respeitados jornalistas brasileiros, disse: “por 'complexo de vira-lata' entendo eu a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo”. Declaração que tinha como alertar ao olhar que nós vemos os outros, achando que não temos nada de bom, pois o melhor vem do “estrangeiro”.
Tem o lado oposto a este, o de achar que um feito pífio de um brasileiro no exterior é algo que merece feriado – Nelson Rodrigues escreveu que o “Brasil é um feriado”. É a supervalorização dos brazucas, uma falta de perspectiva para enxergar a realidade.
Leandrinho (foto acima) é um jogador da NBA? Com 12 pontos em média por jogo, e nada substancial a mais que isto, serve como um complemento em um time qualquer. Nos Pacers será deste modo, um jogador para somar, reserva, disputando espaço com 6 companheiros de posição (Darren Collison, Paul George, AJ Price, Dahntay Jones, Lance Stephenson, e George Hill – destes, só Jones é mais velho que Leandrinho: 31 anos contra 29).
Para validar esta transação, alguns irmãos da pátria esbravejaram que o Leandrinho agora está num time grande da NBA...
Expressão emprestada do futebol, o Indiana Pacers não é uma franquia grande da associação. Está numa ótima temporada, tem um elenco excelente e empolgante, porém tá bem longe de ser um time grande – nem título da NBA tem; sem contar que nas últimas cinco temporadas regulares teve um aproveitamento inferior a 50%.
Forçar uma representatividade de um time para sublinhar o nome de Leandrinho como importante na NBA não dá. Ele tava feliz no Toronto Raptors (aquele time do Canadá). Estava feliz sendo reserva de uma franquia patética. Estava feliz em não ir aos playoffs, porque poderia então vir ao Brasil jogar pelo Flamengo no NBB (Novo Basquete Brasil). Claro, ir para os Pacers deixou o jogador triste por não jogar no Flamengo nos playoffs do mega campeonato brasileiro de basquete.
Ria ou chore.
Fique atento, acompanhe o fim de carreira do Leandrinho. Jogador que pensa na NBA como sua irmã mais nova, a WNBA, na qual as jogadoras fazem a transição Europa-EUA por necessidade e sobrevivência. Vá lá, é isto que Leandrinho vê no Flamengo, necessidade e sobrevivência. Seu momento na NBA se resume a disputar com seis jogadores 48 minutos de jogo. 12 pontos em média por partida. Suficiente né?
Melhor que em Toronto, fato!
Mas foi do fútil ao medíocre.
Tanto que ficou surpreso com a troca, tipo “um time de qualidade me quer?”.
A transação Denver-Washington causou surpresa também, tipo “como assim Wizards?”.
Sim, Nenê foi um agente livre muito requisitado (com razão) na última baixa temporada. Com 29 primaveras vividas, optou pela segurança e pelo certo, ficou em Denver e garantiu um bom contrato: 67 milhões de dólares em cinco anos.
Os Nuggets tinham em mãos uma boa peça sob controle. Poderia mantê-lo na franquia, um pivô de habilidade difícil de encontrar na NBA e em qualquer outro nível de basquete. Ou poderia negociá-lo visando reformular o elenco. Optou pela segunda alternativa.
Na temporada passada, Nenê teve um aproveitamento de quadra espetacular: 61,5%. No atual campeonato, seu aproveitamento é notável, mas caiu sensivelmente: 50,9%. A diretoria dos Nuggets escolheu se livrar deste alto contrato do brasileiro para abrir espaço na folha salarial e contratar um jogador mais jovem – ventila-se que este jovem seja Wilson Chandler.
Os Wizards estão no limbo total – apesar de ser franquia mais robusta que os Pacers: tem mais títulos de conferência (4x1) e um título da NBA. Temporada ruim após outra pior, má administração comprovada. Contudo, irmãos da pátria projetam uma reviravolta no clube alicerçado em John Wall, Nenê... É melhor para por aqui.
John Wall não é líder. Sem mais. Grande talento, uma das apostas do Grandes Ligas, mas não é sábio quem projeta montar uma franquia ao seu redor – Kyrie Irving merece tal status, por exemplo.
Quer confiar ou dá crédito à atual administração dos Wizards? Como informou o pessoal do Bola Presa num tweet: “Ano que vem Wizards gastará 43,8 milhões de dólares no trio Rashard Lewis, Nenê e Andray Blatche”. Minutos depois eles informaram mais um dado curioso respondendo quanto o Miami Heat gasta com seu trio: “LeBron+Wade+Bosh = 47.5 milhões”.
E aí?
O rótulo irônico de “bem feito” foi posto nesta troca do Nenê. É, foi bem feito mesmo, ganhar 67 milhões de dólares di boa... O problema é que ninguém vai assisti-lo, o mesmo acontecia com Leandrinho em Toronto.
“Mas os Pacers vão aos playoffs!” Clamam os que têm um complexo de vira-lata às avessas. Em Indiana Leandrinho está para somar; em Washington Nenê está para subtrair (a grana).
Não há lealdade. Fidelidade não existe. Medíocres brasileiros na NBA, a vida como ela é.
E Nelson Rodrigues diria: “O dinheiro compra até amor sincero”.
(GL)
Escrito por João da Paz
Escrito por João da Paz
© 1 Hipolito Pereira / O Globo
© 2 Arquivo Agência Estado
© 3 Getty Images
Um comentário:
Cara, seu Blog é bem legal. Como você mesmo ja falou, não existem muitas fontes brasileiras de noticias e opiniões em relação aos esportes americanos. Acompanho as noticias com muito gosto. Uma vez ou outra não concordo, mas entendo o ponto de vista.
De tudo, só uma coisa realmente me incomoda: a sua implicância com o Leandrinho. Ele tem um valor enorme pelo feito de ser um brasileiro na NBA. E mais, ele é muito bom: extremamente ágil e chutador nato. E o prêmio de melhor sexto homem não é pouca coisa. Pra melhorar, ele tem um caráter exemplar. Não é ambicioso, valoriza a familia e suas origens. Dá de dez a zero no Nenê. Eu não sei de onde vem sua implicância. Mas tome cuidado para não ter uma opinião muito enviesada. A minha também é, mas acho q a realidade está no meio das nossas opiniões.
Um abraço e continue com o bom trabalho,
Lucas Fiore
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