A temporada 2010-11 da NFL acabou com o troféu voltando para seu lugar de origem e com o Super Bowl XLV (45) registrando a maior audiência de um programa televisivo na história dos Estados Unidos. Somam-se a isto os recordes que as redes de televisão alcançaram neste campeonato e é possível medir a alta popularidade do football na América.
Em todo o mundo o futebol americano tem crescido bastante e é uma das ligas profissionais mais acompanhadas. No Brasil a NFL repercute grandemente com a força da internet e, em algumas oportunidades, com 4 jogos transmitidos ao vivo a cada rodada em canais de TV por assinatura.
Agora, após o término da temporada, as atenções voltam às negociações entre a liga e o sindicato dos jogadores acerca do novo acordo trabalhista. Caso não cheguem a um consenso, o próximo campeonato pode não ser realizado. E aí? Como fica o futuro da NFL? Olhar o que aconteceu com outras ligas ajuda a entender o que estar por vir.
A greve de 1994, que se estendeu até o ano seguinte, foi a oitava na história da MLB e pela primeira vez uma liga profissional dos EUA teve a pós-temporada cancelada devido a questões trabalhistas. O momento era favorável aos times canadenses: Toronto Blue Jays era o atual bicampeão e o Montreal Expos era o líder do campeonato – isto era bom para a MLB, pois em duas cidades que predomina o hockey, lá estava o “passatempo americano” fazendo sucesso.
Os Expos foram os que sofreram mais e são o retrato do fracasso que foi a greve. A população de Montreal apoiava o clube com força e por volta de 30 mil pessoas em média compareciam ao Estádio Olímpico para assistir aos jogos (mesmo com a temporada da NHL em andamento). A diretoria do clube foi uma das que lutou para conseguir ao menos realizar os playoffs, pois o time era um dos favoritos ao título. Não deu certo.
Na temporada seguinte os Expos foram forçados a cortarem drasticamente os gastos da folha salarial pelas perdas obtidas na greve. Os fãs deixaram de seguir o clube e a arrecadação diminuiu, chegando a níveis alarmantes. A franquia entrou na futilidade até a MLB comprá-la em 2001 e mudar o local da sede em 2004; virou Washington Nationals.
Tony Gwynn, hall da fama pelo San Diego Padres, ao olhar o que aconteceu admite que ninguém ganhou com a paralisação: “Cometemos um erro em 94. Nós jogadores não ganhamos muito; os donos muito menos. Penso que isto deva servir de exemplo. Ambos os lados devem olhar para trás e perceber que a greve não ajudou em nada” (declaração à revista Sports Illustraded em 2002).
A greve afetou a MLB e Bud Selig, comissário desde 1992, lutou muito para tornar a liga novamente popular. Em 1995 a média de público nos estádios caiu 20% e só na temporada 2004 que o comparecimento de torcedores nos estádios voltou aos números pré-greve. Apesar disto, o resultado poderia ser pior se algumas coisas não acontecessem.
Em 1995 Cal Ripken Jr., jogador do Baltimore Orioles, bateu o recorde de partidas consecutivas jogadas (2.131). Em 1996 o New York Yankees, um dos clubes esportivos mais amados (e odiados) dos EUA, voltou a ganhar uma World Series – 4 conquistas num período de 5 anos. E em 1998 houve a disputa entre Mark McGwire e Sammy Sosa pelo recorde de home runs em uma única temporada. Fatores estes que ajudaram o esporte se recuperar.
A NBA gozava de um feito: era a única liga americana profissional que não perdeu um jogo sequer por uma greve: até 1998.
Os donos das franquias foram os maiores responsáveis pela paralisação que durou 204 dias, o suficiente para a temporada não ser cancelada. Com apenas 50 jogos e os playoffs no formato normal, o campeonato foi realizado.
Não poderia haver um momento pior para uma paralisação. O grande nome da associação, Michael Jordan, acabara de anunciar sua (segunda) aposentadoria e a temporada 1997-98 foi a última (até sua volta como dono/jogador pelo Washington Wizards em 2001). David Stern, comissário desde 1984, procurava soluções para manter boa parte dos torcedores que ligavam a TV (ou iam aos ginásios) para ver o camisa 23 do Chicago Bulls. Não conseguiu. Nas duas temporadas após a greve, a audiência registrava números anteriores a 1991, temporada que Jordan conseguiu seu primeiro título. Somente nas Finais da temporada 2007-08 entre Los Angeles Lakers e Boston Celtics, duas das mais tradicionais franquias da NBA, que os números da televisão chegaram aos patamares da “era Jordan”.
Tudo poderia ser pior se na primeira temporada pós-greve os Lakers não tivessem sido os campeões. A equipe comandada por Phil Jackson (ex-Bulls, então com 6 títulos) que tinha em quadra astros como Kobe Bryant e Shaquille O´Neal, atraiu um considerável número de espectadores. Aqui é mais um caso que uma franquia super popular (amada e odiada na mesma proporção) conseguiu chamar a atenção através de vitórias e sucesso – os Lakers foram tricampeões (1999-00, 2000-01 e 2001-02).
Quem acompanha o Grandes Ligas sabe que não escrevo sobre a NHL. Não tenho nada contra, simplesmente não assisto e não acompanho desde 2005, ano que a liga estava em greve – justamente quando passei a trabalhar profissionalmente com esporte.
Porém, já fui fanático pela NHL. Os que lêem meus artigos sabem que não torço pra nenhum time em qualquer que seja o esporte; admiro atletas individualmente. No meu pequeno hall está Danica Patrick e Kevin Garnett, personalidades que recebem minha atenção incondicional. Antes disto, um center canadense tinha sua participação cogitada no seleto grupo: Eric Lindros.
O camisa 88 do Philadelhia Flyers (depois jogou no New York Rangers, Toronto Maple Leafs e Dallas Stars) fez com que eu gostasse da NHL, me tornando um consumidor dos produtos licenciados da liga – entre as relíquias que tenho, está uma camisa do Calgary Flames e flâmulas. O hockey estava no topo da minha lista esportiva.
Aí veio a greve. Como muitos fizeram, deixei a NHL de lado. Fiquei com uma frase do ator Chris Rock que disse “Somente fãs de hockey assistem hockey” e a pós-greve confirmou este pensamento. A NHL caiu no escuro ostracismo e finais entre Carolina Hurricanes x Edmonton Oilers (2006) e Anaheim Ducks x Ottawa Senators (2007) não ajudavam. Em 2008 a história muda com franquias tradicionais e populares disputando a Stanley Cup: Detroit Red Wings e Pittsburgh Penguins.
O momento de recuperação da liga é agora. Se a NFL entra em greve então... Gary Bettman, comissário, tem uma mente nova e ideias transformadoras. Ele que já trabalhou na diretoria da NBA e chegou a ser o 3ᵒ homem no organograma da associação, aplica métodos de marketing que atraem o público que não é fã de hockey e busca trazê-los de volta.
Uma das inovações é o Winter Classic, jogo realizado ao ar livre no primeiro dia do ano (desde 2008). Esta partida atrai um enorme número de telespectadores, atingindo altas marcas de audiência. Outra novidade aconteceu no Jogo das Estrelas deste ano, quando os times foram formados a partir de dois capitães que escolheram quem seriam seus companheiros (como acontece nas peladas de futebol por esse Brasil afora).
Para ser popular precisa de um bom produto e a NHL melhora a cada temporada que passa. Para ser popular é necessário de ícones, jogadores que chamam a atenção e polarizam torcedores: estes nomes são Sidney Crosby (Penguins) e Alex Ovechkin (Washington Capitals). Ao final desta temporada um novo acordo televisivo vai ser acertado e a NHL pode voltar a ser relevante e ganhar destaque na grande mídia – mas por aqui não terá vez.
Na briga entre bilionários (donos de franquias) x milionários (jogadores), infelizmente, não há espaço para reflexão. Todos dizem que amam o esporte e que não querem decepcionar os fãs, mas na verdade cada um está em busca do seu interesse.
Por mais que a NFL seja movimentada por um dinheiro público (dos fãs) o regimento interno é privado e a conversa é num tom que acontece em qualquer classe trabalhistas: os patrões querem cortar os gastos com os funcionários, porém estes não aceitam por saber que aqueles estão ganhando muito dinheiro às suas custas.
Então não adianta agir como os fãs da MLB, NBA e NHL que chamaram os envolvidos em suas respectivas graves de mercenários, gananciosos e etc. A disputa é por ideais próprios e pouco estão ligando se haverá uma normal próxima temporada, desde que sejam acertadas as diretrizes que almejam.
Se a temporada 2011-12 for cancelada, a NFL passará por dificuldades para se recuperar – como aconteceu com as ligas aqui citadas.
Em todo o mundo o futebol americano tem crescido bastante e é uma das ligas profissionais mais acompanhadas. No Brasil a NFL repercute grandemente com a força da internet e, em algumas oportunidades, com 4 jogos transmitidos ao vivo a cada rodada em canais de TV por assinatura.
Agora, após o término da temporada, as atenções voltam às negociações entre a liga e o sindicato dos jogadores acerca do novo acordo trabalhista. Caso não cheguem a um consenso, o próximo campeonato pode não ser realizado. E aí? Como fica o futuro da NFL? Olhar o que aconteceu com outras ligas ajuda a entender o que estar por vir.
A greve de 1994, que se estendeu até o ano seguinte, foi a oitava na história da MLB e pela primeira vez uma liga profissional dos EUA teve a pós-temporada cancelada devido a questões trabalhistas. O momento era favorável aos times canadenses: Toronto Blue Jays era o atual bicampeão e o Montreal Expos era o líder do campeonato – isto era bom para a MLB, pois em duas cidades que predomina o hockey, lá estava o “passatempo americano” fazendo sucesso.
Os Expos foram os que sofreram mais e são o retrato do fracasso que foi a greve. A população de Montreal apoiava o clube com força e por volta de 30 mil pessoas em média compareciam ao Estádio Olímpico para assistir aos jogos (mesmo com a temporada da NHL em andamento). A diretoria do clube foi uma das que lutou para conseguir ao menos realizar os playoffs, pois o time era um dos favoritos ao título. Não deu certo.
Na temporada seguinte os Expos foram forçados a cortarem drasticamente os gastos da folha salarial pelas perdas obtidas na greve. Os fãs deixaram de seguir o clube e a arrecadação diminuiu, chegando a níveis alarmantes. A franquia entrou na futilidade até a MLB comprá-la em 2001 e mudar o local da sede em 2004; virou Washington Nationals.
Tony Gwynn, hall da fama pelo San Diego Padres, ao olhar o que aconteceu admite que ninguém ganhou com a paralisação: “Cometemos um erro em 94. Nós jogadores não ganhamos muito; os donos muito menos. Penso que isto deva servir de exemplo. Ambos os lados devem olhar para trás e perceber que a greve não ajudou em nada” (declaração à revista Sports Illustraded em 2002).
A greve afetou a MLB e Bud Selig, comissário desde 1992, lutou muito para tornar a liga novamente popular. Em 1995 a média de público nos estádios caiu 20% e só na temporada 2004 que o comparecimento de torcedores nos estádios voltou aos números pré-greve. Apesar disto, o resultado poderia ser pior se algumas coisas não acontecessem.
Em 1995 Cal Ripken Jr., jogador do Baltimore Orioles, bateu o recorde de partidas consecutivas jogadas (2.131). Em 1996 o New York Yankees, um dos clubes esportivos mais amados (e odiados) dos EUA, voltou a ganhar uma World Series – 4 conquistas num período de 5 anos. E em 1998 houve a disputa entre Mark McGwire e Sammy Sosa pelo recorde de home runs em uma única temporada. Fatores estes que ajudaram o esporte se recuperar.
A NBA gozava de um feito: era a única liga americana profissional que não perdeu um jogo sequer por uma greve: até 1998.
Os donos das franquias foram os maiores responsáveis pela paralisação que durou 204 dias, o suficiente para a temporada não ser cancelada. Com apenas 50 jogos e os playoffs no formato normal, o campeonato foi realizado.
Não poderia haver um momento pior para uma paralisação. O grande nome da associação, Michael Jordan, acabara de anunciar sua (segunda) aposentadoria e a temporada 1997-98 foi a última (até sua volta como dono/jogador pelo Washington Wizards em 2001). David Stern, comissário desde 1984, procurava soluções para manter boa parte dos torcedores que ligavam a TV (ou iam aos ginásios) para ver o camisa 23 do Chicago Bulls. Não conseguiu. Nas duas temporadas após a greve, a audiência registrava números anteriores a 1991, temporada que Jordan conseguiu seu primeiro título. Somente nas Finais da temporada 2007-08 entre Los Angeles Lakers e Boston Celtics, duas das mais tradicionais franquias da NBA, que os números da televisão chegaram aos patamares da “era Jordan”.
Tudo poderia ser pior se na primeira temporada pós-greve os Lakers não tivessem sido os campeões. A equipe comandada por Phil Jackson (ex-Bulls, então com 6 títulos) que tinha em quadra astros como Kobe Bryant e Shaquille O´Neal, atraiu um considerável número de espectadores. Aqui é mais um caso que uma franquia super popular (amada e odiada na mesma proporção) conseguiu chamar a atenção através de vitórias e sucesso – os Lakers foram tricampeões (1999-00, 2000-01 e 2001-02).
Quem acompanha o Grandes Ligas sabe que não escrevo sobre a NHL. Não tenho nada contra, simplesmente não assisto e não acompanho desde 2005, ano que a liga estava em greve – justamente quando passei a trabalhar profissionalmente com esporte.
Porém, já fui fanático pela NHL. Os que lêem meus artigos sabem que não torço pra nenhum time em qualquer que seja o esporte; admiro atletas individualmente. No meu pequeno hall está Danica Patrick e Kevin Garnett, personalidades que recebem minha atenção incondicional. Antes disto, um center canadense tinha sua participação cogitada no seleto grupo: Eric Lindros.
O camisa 88 do Philadelhia Flyers (depois jogou no New York Rangers, Toronto Maple Leafs e Dallas Stars) fez com que eu gostasse da NHL, me tornando um consumidor dos produtos licenciados da liga – entre as relíquias que tenho, está uma camisa do Calgary Flames e flâmulas. O hockey estava no topo da minha lista esportiva.
Aí veio a greve. Como muitos fizeram, deixei a NHL de lado. Fiquei com uma frase do ator Chris Rock que disse “Somente fãs de hockey assistem hockey” e a pós-greve confirmou este pensamento. A NHL caiu no escuro ostracismo e finais entre Carolina Hurricanes x Edmonton Oilers (2006) e Anaheim Ducks x Ottawa Senators (2007) não ajudavam. Em 2008 a história muda com franquias tradicionais e populares disputando a Stanley Cup: Detroit Red Wings e Pittsburgh Penguins.
O momento de recuperação da liga é agora. Se a NFL entra em greve então... Gary Bettman, comissário, tem uma mente nova e ideias transformadoras. Ele que já trabalhou na diretoria da NBA e chegou a ser o 3ᵒ homem no organograma da associação, aplica métodos de marketing que atraem o público que não é fã de hockey e busca trazê-los de volta.
Uma das inovações é o Winter Classic, jogo realizado ao ar livre no primeiro dia do ano (desde 2008). Esta partida atrai um enorme número de telespectadores, atingindo altas marcas de audiência. Outra novidade aconteceu no Jogo das Estrelas deste ano, quando os times foram formados a partir de dois capitães que escolheram quem seriam seus companheiros (como acontece nas peladas de futebol por esse Brasil afora).
Para ser popular precisa de um bom produto e a NHL melhora a cada temporada que passa. Para ser popular é necessário de ícones, jogadores que chamam a atenção e polarizam torcedores: estes nomes são Sidney Crosby (Penguins) e Alex Ovechkin (Washington Capitals). Ao final desta temporada um novo acordo televisivo vai ser acertado e a NHL pode voltar a ser relevante e ganhar destaque na grande mídia – mas por aqui não terá vez.
Na briga entre bilionários (donos de franquias) x milionários (jogadores), infelizmente, não há espaço para reflexão. Todos dizem que amam o esporte e que não querem decepcionar os fãs, mas na verdade cada um está em busca do seu interesse.
Por mais que a NFL seja movimentada por um dinheiro público (dos fãs) o regimento interno é privado e a conversa é num tom que acontece em qualquer classe trabalhistas: os patrões querem cortar os gastos com os funcionários, porém estes não aceitam por saber que aqueles estão ganhando muito dinheiro às suas custas.
Então não adianta agir como os fãs da MLB, NBA e NHL que chamaram os envolvidos em suas respectivas graves de mercenários, gananciosos e etc. A disputa é por ideais próprios e pouco estão ligando se haverá uma normal próxima temporada, desde que sejam acertadas as diretrizes que almejam.
Se a temporada 2011-12 for cancelada, a NFL passará por dificuldades para se recuperar – como aconteceu com as ligas aqui citadas.
(GL)
Escrito por João da Paz
Escrito por João da Paz
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