A luta de um prefeito para manter franquia da NBA em sua cidade


Uma lúdica cesta de três nos segundo finais do tempo normal faz com que a cidade de Sacramento permaneça viva no duelo contra Seattle pela honra de ser sede de uma franquia da NBA.

Os Kings, até 28 de Fevereiro tinha um destino certo: o fim. Os direitos iriam para Seattle e a franquia Sonics voltaria à ativa. Mas o prefeito de Sacramento, Kevin Johnson, apresentou uma contraproposta neste 1º de Março, último dia permitido. As duas ofertas serão analisadas no meio de Abril (dia 18) no encontro dos diretores (governantes) dos 30 clubes da NBA.

Johnson batalhou muito para conseguir juntar investidores e montar um grupo que apresentasse uma proposta satisfatória para comprar a franquia Kings, que virtualmente está em posse de empresários de Seattle, após aquisição feita com os antigos donos Irmãos Maloofs, homens que trabalham com cassinos em Las Vegas: The Palms.

A inércia da administração Kings no âmbito esportivo não afeta Johnson, não está em sua alçada. Agora, o mínimo exigido ele está fazendo, buscando o melhor pra cidade e honrando suas origens. Natural de Sacramento, Johnson jogou 12 anos na NBA, participando de 3 Jogos das Estrelas. Ele usa as justificativas econômicas e emotivas para evitar que os Kings deixem o estado da Califórnia.

Os Kings são um dos piores times da liga (em quadra e fora dela). A troca recente da 5ª escolha do draft de 2012, Thomas Robinson, exemplifica bem isso. É necessário que o modo de ação nos bastidores mude para que a equipe seja ao menos competitiva. As falhas cometidas nas últimas temporadas pelos diretores de basquete não são mencionadas por Johnson. Sabiamente ele foge do assunto e foca no que pode de fato transformar.

Sem medir esforços, Johnson age com vigor no objetivo de prolongar a estadia dos Kings em Sacramento, morada há 28 anos depois de largar Kansas City. Em 2011 ele se movimentou e abafou a ameaça da ida dos Kings para a cidade de Anaheim, também na Califórnia. Esse combate vencido é base para motivar o atual que se trava. Porém agora são negócios de gente grande.

Duas pessoas lideram o grupo de Seattle que compraram 65% (US$ 341 milhões) da franquia, que tem valor estimado de US$ 525 milhões. Os ricaços são Chris Hansen (administrador de fundos de investimento) e Steve Ballmer (CEO da Microsoft). A favor de Seattle tem a construção de uma nova arena, com aprovação de financiamento público da ordem de US$ 200 milhões, corroborada pelos políticos da cidade. E, segundo informação publicada primeiramente no site Yahoo, o comitê da NBA vai “esmagadoramente aprovar a ida dos Kings para Seatlle”.

Mas Johnson tem outra informação interna que lhe ajuda. O comissário da NBA, David Stern, prometeu levar em consideração uma proposta concreta de Sacramento se exigências básicas forem cumpridas: uma contraproposta significativa e um projeto válido de nova arena.

A questão de ginásio novo é um grande problema se tiver má gerência. Uma das razões principais para Seattle perder a franquia da NBA e vê-la aterrissando em Oklahoma City foi não ter uma moderna arena a disposição. O detalhe é que a suposta nova arena que pretendem construir é para 2015; ou seja, teriam de jogar um campeonato completo na “velha” Key Arena.

Já Sacramento tem um plano mais imediato, inclusive apresentado para os Irmãos Maloofs, aprovado pela prefeitura, mas rejeitado pelos donos. Embora exista uma projeto avançado, o dinheiro público é alvo de calorosas discussões – o subsídio gira em torno dos US$ 225 milhões. O investidor privado, item exigido por Stern, é representado pelo bilionário Ron Burkle, que tem parte das ações do Pittsburgh Penguins, time de hockey.

Para a obtenção da franquia Johnson apresentou, em discurso na sede da prefeitura neste 28 de Fevereiro, o magnata Mark Mastrov como líder. Mastrov é o dono da academia 24 Hours Fitness, considerada a maior do mundo em membros matriculados. O problema é que ele não possui grana suficiente para chegar a marca de US$ 340 milhões, apontado por Johnson como valor seguro na retomada nas negociações. Então o prefeito de Sacramento angariou cerca de US$ 20 milhões doados por 20 pessoas (cada uma dando 1% do valor total), sinal de união e vontade de empresários e profissionais liberais locais nessa luta. Entre os 20 estão Mitch Richmond, estrela dos Kings na década de 90 (novato do ano em 1989) e Dale Carson, CEO da Sleep Train, gigante no mercado de colchões e que patrocina o atual ginásio. No mutirão há empresários dos ramos de aviação e telecomunicação, dois médicos, investidores anônimos e promotores de eventos.

A defesa do Sacramento Kings está bem fundamentada, apesar de transparecer o ponto fraco, aquele que é desperdiçar o fato de ser a única franquia de esporte profissional na região dos Estados Unidos que é o 20º mercado de mídia do país.

Stern comentou que uma das cidades vai ficar bem hashtag chatiada com a decisão que será tomada em Abril. Seattle tem uma história vencedora na NBA, mas a vida na elite não é abastecida de saudosismo ou conquistas passadas (Sonics foram campeões em 1979). Kings também tem um troféu da associação, ganho em 1952. Johnson quer usar o elo emotivo dos Kings com Sacramento. Vale o apelo, contudo o que interessa para Stern são os pontos principais aqui apresentados, que precisam resultar em rentabilidade e alta produção.

Johnson tem costume de repetir o que disse ao jornalista Antonio Gonzalez da agência Associated Press, espécie de slogan dessa sua campanha política/esportiva:

Seattle merece um time da NBA, mas não o nosso”.




(GL)
Escrito por João da Paz
© 1 Rich Pedroncelli / AP

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