Prisioneiros do Momento – A História da World Series no Século XX

A World Series 2011 deixou marcas: boas e ruins. Mostrou como o beisebol pode ser vulnerável a surpresas desagradáveis, por mais que estas surpresas entreguem em campo atuações memoráveis. A MLB, representada pela sua TV (MLB Network), propagou em alto e bom som, de maneira legítima, a “beleza fantástica” da série entre o campeão da Liga Nacional (Saint Louis Cardinals) e o campeão da Liga Americana (Texas Rangers). Não adiantou muito porque o público que assiste a emissora é admirador do esporte e conhecedor da magnitude do jogo decisivo, não importa quais times lá estejam.

Mas o outro público, aquele necessário para agradar patrocinadores e gerar renda para todos os envolvidos, não ligou muito. O grande jogo da final, o de número 6, só teve uma audiência acima da média nos momentos decisivos, nas entradas finais e extras. Quem assistiu presenciou um momento único: a virada histórica dos Cardinals que marcou corridas decisivas tendo contra, por duas vezes, 2 strikes e 2 jogadores eliminados – na 9ª e 11ª entrada.

Na manhã seguinte foi possível ouvir que aquele tinha sido o “melhor jogo de World Series da história”. Quem acreditou, sinto muito, mas será isso mesmo? Contra quais momentos/jogos estaria concorrendo para este título de “melhor”? Sem ficar limitado a empolgação pós-jogo, anestesiado pela energia criada e ciente da audiência abaixo das expectativas, vamos lembrar alguns momentos importantes da World Series no século XX – na maioria deles o esporte era o mais popular dos EUA e a grande final tinha média de audiência de +40 milhões (ex: World Series de 1986).

Não há o intuito de compilar aqui os principais momentos e nem de resumi-los em poucos. Serve de exercício para reviver estes grandes lances da história da World Series e de colocar em debate, sem uso do fanatismo, se o que aconteceu no jogo 6 da WS 2011 pode ser listado entre os de mais destaque – ou os 3 home runs de Albert Pujols no jogo 3, se juntando a Baby Ruth (WS 1926, WS 1928) e Reggie Jackson (WS 1977) como os únicos com 3 home runs numa mesma partida de WS.

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Bobby Richardson (Jogo 7 – New York Yankees x San Francisco Giants – 1962)

Os Yankees venciam por 1 a 0 na nona entrada e o arremessador de NY, Ralph Terry, estava a uma eliminação de vencer o jogo e a World Series fora de casa – público total de 43.948 pessoas no Candlestick Park. No bastão estava Willie McCovey e nas bases Matty Alou (3ª) e Willie Mays (2ª). McCovey rebateu um forte arremesso, um foguete para o lado direito do campo, mas o 2B dos Yankees, Bobby Richardson, fez a defesa que finalizou o campeonato.



O lance ficou famoso e foi tema de uma tira do Minduim numa história publicada em 22 de Dezembro de 1962. No último quadrinho Charlie Brown diz: “Por que McCovey não rebateu a bola 90 cm mais alto?!



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Kirk Gibson (Jogo 1 – Los Angeles Dodgers x Oakland Athletics – 1988)

Na série vencida pelos Dodgers por 4 a 1, esta foi a única vez que Gibson rebateu (jogou machucado). Ele entrou na nona entrada enfrentando uma situação que seu time perdia por 4 a 3 e tinha dois jogadores eliminados. No at-bat, ficou com a contagem cheia com 3 bolas e 2 strikes, porém conseguiu marcar o home run da vitória (Mike Davis estava na 1B após um walk). A imagem de Gibson cruzando às bases mancando é uma das mais emocionantes do beisebol.

Gibson é o atual treinador do Arizona Diamondbacks.

Nota: É deste jogo que o narrador da TV FOX, Joe Buck, resgatou a frase usada no final do jogo 6 da WS 2011. O autor do original foi seu pai, Jack Buck, que narrou a partida para a rádio da CBS.



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Mookie Wilson (Jogo 6 – New York Mets x Boston Red Sox – 1986)

O 1B dos Red Sox, Bill Buckner, tinha problemas no jogo defensivo e estava com os dois tornozelos lesionados. Por isso, durante os playoffs, o treinador John McNamara o substituía quando seu time estava à frente no placar e precisava segurar o resultado. Nesta ocasião Buckner permaneceu em campo para celebrar o possível título que estava por vir.

Pois é... Na contagem, 3 bolas e 2 strikes. Jogo empatado (5 a 5), dois jogadores eliminados e uma rebatida fraca em direção da primeira base. A bola passa de baixo das pernas de Buckner e Ray Knight chegou ao home plate partindo da segunda base. Os Mets forçaram o jogo 7 e venceram a World Series.



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Bill Mazeroski (Jogo 7 – New York Yankees x Pittsburgh Pirates – 1960)

Mazeroski rebateu o home run da vitória na parte de baixo da nona entrada como leadoff – a contagem era 1 bola e 0 strike. O 2B dos Pirates foi o primeiro jogador a anotar um walk-off home run na World Series em um jogo 7. O feito foi repetido apenas mais uma vez na história; veja abaixo.



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Joe Carter (Jogo 7 – Toronto Blue Jays x Philadelphia Phillies – 1993)

Os Phillies venciam a partida por 6 a 5 na nona entrada, graças a 5 corridas anotadas na sétima. Toronto, então defendendo o título da WS 1992, estava com dois jogadores na base assim que Joe Carter iniciou seu at-bat. O home run da vitória veio quando a contagem estava 2 bolas e 2 strikes. Esta foi a última vez (a segunda da história) que uma World Series acabou com um walk-off home run no sétimo jogo.



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Don Larsen (Jogo 5 – New York Yankees x Brooklyn Dodgers – 1956)

Este é o único jogo perfeito da história dos playoffs da MLB e o primeiro no-hitter – o segundo foi de Roy Halladay em 2010 com os Phillies.

O vídeo mostra uma defesa chave de Mickey Mantle na quinta entrada, correndo para pegar a bola rebatida por Gil Hodges.



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Carlton Fisk (Jogo 6 – Boston Red Sox x Cincinnati Reds – 1975)

Mais uma vez o Boston Red Sox perdeu uma World Series... Mas o catcher do time, Carlton Fisk, estendeu a série ao marcar este home run na 12ª entrada para desempatar o jogo (6 a 6) e forçar um jogo 7 também no Fenway Park – quem venceu esta WS foi o Cincinnati Reds, apelidado na época de “Big Red Machine” (tr. “A Grande Máquina Vermelha”).

Assim como no lance de Gibson visto anteriormente, este tem uma imagem marcante: o gesto de Fisk desejando que a bola passasse pelo lado de dentro do poste que limita o campo de jogo; assim aconteceu. Existe uma lenda sobre esta tomada de câmera, visto que não era para o operador que estava na 3B focar em Fisk e sim na bola. Porém, segundo o conto, um rato o distraiu e o rapaz não acompanhou a trajetória dela pelo ar passando sobre a parede – imagem registrada pela câmera atrás do home plate.



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Willie Mays (Jogo 1 – New York Giants x Cleveland Indians – 1954)

A jogada em sim não resultou em vitória, mas mesmo sendo no primeiro jogo da série, esta defesa de Mays entrou para a história pelo alto grau de dificuldade. Até hoje a série é lembrada por este lance.

Alguns detalhes: os Indians eram os super favoritos desta WS; tiveram 111 vitórias na temporada regular. Porém os Giants venceram a decisão em Cleveland sem perder nenhuma partida (4 a 0). Este foi o último título dos Giants em New York e o último da franquia até 2010.



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Reggie Jackson (Jogo 6 – New York Yankees x Los Angeles Dodgers – 1977)

Foram três home runs no jogo 6 que deu o título aos Yankees. O do vídeo é o terceiro, que veio na primeira bola que Jackson recebeu do arremessador Charlie Hough. Aliás, pegando o jogo 5, Jackson converteu um home run nas últimas quatro at-bats dele na WS, todos anotados no primeiro arremesso recebido.

Vimos no começo que outros dois jogadores na história da MLB conseguiram três home runs em uma partida da World Series, mas só Jackson e Baby Ruth, em 1928, alcançaram o feito em jogos decisivos.



(GL)
Escrito por João da Paz

Um comentário:

luizsato disse...

faltou o 8 inning do jogo 6 entre cubs e marlins onde aqle cara tirou a bola da mao do defensor e dpois gonzalez errou um double play e entao um jogo q estava 3x0 para o cubs e q poderia lhes dar o titulo da ws foi virado pelos marlins e ficou 8x3 e no jogo 7 marlins ganhou e levou a ws e manteve a maldiçao do goat

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