Brilhante Tony Romo! – até que provem o contrário, ou seja, até a próxima rodada


Uma estrela no campo.

Sim, o QB do Dallas Cowboys carrega este prestígio que vem junto com a sina da rica história da franquia mais popular da NFL. Não basta vencer, tem que vencer bem. Não basta ganhar jogos de temporada regular, tem que ser de playoffs. É preciso vencer o Super Bowl!

O foco dos 32 clubes é este, chegar à grande final. Uns com uma perspectiva mais real, outros na ilusão. Mas com os Cowboys não importam quais sejam as circunstâncias, a expectativa é sempre a mais alta possível. A responsabilidade de levar o time até o nível mais top é depositada no QB, parte central de qualquer time de football.

Só que nos Cowboys, é claro, ser QB traz comparações aos nomes hall da fama que passaram pelo clube e Romo sofre com os seus antecessores: Roger Staubach, Troy Aikman... Este comparativo, na maioria dos casos, pesa contra Romo. Porém no último domingo (13), no jogo contra o Buffalo Bills, Romo teve uma performance épica: completou 23 passes de 26 tentados. Um aproveitamento de 88.5%, o maior na história da franquia Cowboys, franquia esta que teve Roger Staubach, Troy Aikman...

Em 9 jogos da temporada 2011-12 deu para notar como Romo oscila suas atuações, dando margem para criticas (justas). Cometeu erros bobos nos minutos finais na estreia contra os Jets em New York; respondeu com uma heroica atuação contra os 49ers em San Francisco, dando a equipe da Califórnia a única derrota da temporada; fez um bom jogo contra os Redskins; e contra os Lions na semana seguinte teve um dos piores 30 minutos finais da carreira. Nestes quatro primeiros jogos dos Cowboys o time bem que poderia ter conseguido 0v-4d ou 4v-0d... Mas venceu 2 jogos em 4 partidas, o que estava muito bom pelo que o elenco tinha apresentado até então.

O sucesso de uma equipe depende do QB, mas ele precisa da ajuda dos companheiros. Romo não tinha proteção satisfatória da linha ofensiva e sem jogo corrido para ajudá-lo. Não podia fazer muito. A semana 7 veio, jogo contra o Saint Louis Rams, e um auxílio fundamental mostrou seu potencial. O RB DeMarco Murray tinha um total de 73 jardas corridas em 5 partidas. Contra os Rams Murray correu para 253 jardas. 2-5-3!

Para manter as comparações dentro da franquia, foi uma atuação a lá Emmit Smith. Essas 253 jardas corridas é a maior marca da história do clube em uma única partida, o topo pertencia ao lendário RB Emmit Smith. Era a certeza que os Cowboys ganharam poder no jogo corrido.


Romo precisava desta força. A linha ofensiva melhorou na proteção ao QB e na abertura de espaços para as corridas de Murray, dando confiança ao ataque e criando preocupações nos sistemas defensivos adversários. Contra os Bills o “time da estrela” pôde fazer um desempenho próximo ao ideal.

A defesa ficava dividida: concentração no jogo corrido de Murray ou nos passes de Romo? O QB do Dallas aproveitou esta indecisão e teve uma atuação perto da perfeição. Leu muito bem as coberturas defensivas, olhou as principais vantagens dos seus receivers contra os defensive backs e marcou 3 TD’s nas quatro primeiras descidas (na outra o TD foi pelo chão - Murray). Os drives na ocasião foram de 80, 78, 58 e 80 jardas. O primeiro tempo de Romo foi fantástico: 18 passes de 19 tentados, 3 passes para TD, 2 TD’s nas duas vezes que chegou à red zone, 7 passes completos de 7 tentados em terceiras descidas... Lembrou o que fez contra os Lions também no primeiro tempo.

Contra o Detroit a segunda metade foi um desastre para Romo. Já contra os Bills não. Ele passou menos, arriscou menos e concentrou a movimentação ofensiva pelo chão entregando a bola para Murray. Sem cometer riscos e sem desgaste a vitória veio fácil: 44 a 7.

O debate logo sobrevém: Romo é um QB vencedor? Os torcedores do Dallas têm dezenas de respostas para esta pergunta, uns o exaltando e outros o menosprezando. Longe da realidade está o amor incondicional dos fãs dos Cowboys para Romo. Mesmo vencendo jogos, atuando bem, sempre haverá alguém pra vaiar. Na partida contra os Seahawks em Dallas (semana 9) ocorreu um exemplo nítido do relacionamento turbulento entre Romo e torcedores.

Os Cowboys venceram o jogo, 23 a 13. Na segunda vez com a bola, a equipe começou o ataque na jarda de número 2. Romo levou seu time até o outro lado do campo num drive de 96 jardas. Na última terceira descida deste drive (para 5 jardas), Romo decide correr com a bola e dá um carrinho quando percebe que não conseguirá a primeira descida. Vaias (fortes vaias) saíram das arquibancadas. Talvez lembrando o que aconteceu lá na semana 1, quando Romo fez um scramble parecido, mas cometeu um fumble perto da goal line. Contra os Seahawks ele aprendeu a lição, ao invés ir de cabeça foi com o pé primeiro e escolheu garantir 3 pontos pelo FG (convertido na sequência) do que arriscar perder a bola. Nesta partida, houve momentos em que o torcedor poderia vaiar, mas nada aconteceu: um fumble do WR Dez Bryant próximo a end zone, as faltas (4) cometidas no primeiro período... Porém as vaias estavam sendo guardadas para uso exclusivo.

Romo vencedor? Claro. Evidente. Só de estar na NFL já é uma vitória, fora o que conquistou em 8 anos de carreira. Por sorte que ele recebeu um convite para o Combine de 2003, graduado por uma universidade da segunda divisão da NCAAf (Eastern Illinois). Nenhum clube da NFL gostou do que viu. Dois treinadores mostram um pequeno interesse no QB: Sean Payton e Mike Shanahan – ambos ex-alunos de Eastern Illinois. Payton, hoje treinador do New Orleans Saints, vencedor de Super Bowl, trabalhava nos Cowboys como assistente técnico de Bill Parcells e cuidava também dos QB’s. Payton tentou convencer Parcells a gastar uma escolha do draft de 2003 em Romo; nada feito. Só que, como agente livre não escolhido no draft, Romo assinou com os Cowboys.

Amargou a parte de baixo na lista de QB’s, ficando atrás de nomes como Quincy Carter, Chad Hutchinson, Vinny Testaverde e Drew Henson. Em 2006 Romo conseguiu ser reserva direto do titular Drew Bledsoe, o substituiu em um jogo contra o New York Giants e assumiu a posição de QB 1.

Na baixa temporada de 2006, Payton deixou os Cowboys para ser treinador dos Saints. Queria levar junto Romo, mas Jerry Jones, dono do Dallas, não aceitou a proposta feita para troca (terceira escolha de draft). Payton não insistiu e se concentrou na sua segunda opção: Drew Brees, que não renovou com o San Diego Chargers e, numa disputa com o Miami Dolphins, os Saints levaram a melhor.

Romo vencedor? Claro. Evidente. Ter uma vitória em quatro jogos de playoffs não ajuda, mas quem é melhor?

Peyton Manning, QB do Indianapolis Colts, é considerado um vencedor. Tem um anel de campeão, mas demorou nove temporadas para ganhá-lo. É considerado mito; nos playoffs participou de 19 jogos: perdeu 10 e ganhou 9... John Elway só ganhou seus dois anéis de campeão com a chegada do RB Terrell Davis em 1995 (venceu o Super Bowl com o Denver Broncos, treinado por Mike Shanahan, em 1998 e 1999)... E Dan Marino, que tem 18 jogos de playoffs, perdeu 10 e venceu 8?


Críticas a Romo são válidas, mas muitas delas são desnecessárias. Questionam sua habilidade, poder de decisão, gana... mas não fazem o mesmo com outros jogadores da posição (em atividade ou não). As oscilações de Romo podem voltar às manchetes; acontece com qualquer um, acontece com ele também.

Qual estatística que melhor define um bom QB? Passer rating. É difícil de entender, mas agrupa as principais ações de um QB em campo. Nesta temporada, por exemplo, é usada para exaltar as magníficas performances de Aaron Rodgers (Green Bay Packers), tida como uma das melhores que a NFL já viu. Eis a lista dos QB´s com o melhor passer rating na história da liga (somando todos os campeonatos da carreira de cada um)

1 – Aaron Rodgers: 103.4 (2005-2011)
2 – Steve Young: 96.8 (1985-1994)
3- Tony Romo: 95.8 (2004-2011)
4 – Tom Brady: 95.7 (2000-2011)
(...)

Ao menos Romo está à frente de Roger Staubach, Troy Aikman...


(GL)
Escrito por João da Paz


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2 comentários:

Rennany disse...

Muito bom como sempre, um bom texto como esse faz o leitor atento apreciador da boa leitura sair satisfeito mesmo quando não concorda com todas as palavras.

Loan Felisardo disse...

Incrível seu olhar pro Romo. Como sempre vc escrevendo bem. Pode ter certeza q serei muito mais paciente com ele agora depois de ler esse texto. Mas a merda contra o Jets foi demais!!!!

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