O Logo da NBA e o Golden State Warriors


Em meio a tantas franquias de representatividade histórica na maior e melhor liga de basquete do mundo, os Warriors passam despercebidos. Apesar de ter rodado os Estados Unidos de costa a costa – esteve em Filadélfia (1948-1962), San Francisco (1962-1971), um ano em San Jose (1972) até fincar lugar na atual sede em Oakland – o clube tem uma base fiel de torcedores e tradição, com mais títulos que o New York Knicks e empatado em quinto na lista de campeões com 3 conquistas.

O problema é que o retrospecto recente não ajuda. Tentaram entrar na modernização da NBA ao modificar o escudo da franquia e ser mais contemporâneo, porém os resultados em quadra não ajudaram, figurando sempre os piores times da associação na metade da década de 90, começo dos anos 00’s. Isso após a saída de Chris Mullin (membro do Dream Team) e Chris Webber (novato da temporada 1993-94, última vez que os Warriors se classificaram para os playoffs antes de 2006-07).

Poucas coisas boas aconteceram nesse período. Como destaque teve o prêmio do Gilbert Arenas de Jogador de Maior Evolução no campeonato de 2002-03. Chega 2006-07 e o mesmo troféu é dado a Monta Ellis, ano que os Warriors voltaram aos playoffs após longo hiato e conquistaram um feito raro: era o cabeça de chave número 8 e derrotou o Dallas Mavericks na primeira rodada da pós-temporada, time que se classificou com a melhor campanha na Conferência Oeste.

Na sequência veio outra má fase em quadra, que andava de mãos dadas com uma má gerência na administração da franquia. O então dono dos Warriors, Chris Cohan, que comprou a franquia em 1995 por US$ 119 milhões, vendeu o clube por US$ 450 milhões em Julho de 2010 para um grupo de investidores liderado por Joe Lacob, que era parceiro minoritário do Boston Celtics.

Lacob tratou de reestruturar o departamento de diretores do clube e do setor de basquete. Um ano de limpeza passou para que ele tomasse a mais sábia das decisões: contratou Jerry West em Maio de 2011.

West é uma lenda viva da NBA. Seu apelido, O Logo, diz muito sobre sua importância – o símbolo da NBA é baseado em sua silueta quando atuava pelo Los Angeles Lakers. West tem um currículo fora do comum e é obrigatório descrevê-lo:

- Campeão estadual de basquete no nível escolar em West Virginia; duas vezes All-American na universidade West Virginia; MVP da final da NCAA em 1959 (WVU perdeu para Califórnia); foi capitão da seleção americana de basquete medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de 1960.

- Jogou 14 anos na NBA defendendo os Lakers, em todas as temporadas foi nomeado para o Jogo das Estrelas.

- Conquistou o primeiro títulos dos Lakers em Los Angeles (1972) – os primeiros 5 títulos da franquia foi quando jogava em Minneapolis, Minnesota.

- Foi MVP das Finais de 1969 mesmo com a derrota dos Lakers para o Boston Celtics.

- Diretor de basquete dos Lakers entre 1982 e 2000, ganhou sete títulos e o prêmio de Executivo do Ano em 1995. Trouxe para Los Angeles Kobe Bryant e Shaquille O’Neal.

- Presidente das Operações de Basquete do Memphis Grizzlies entre 2002 e 2007, venceu outro prêmio de Executivo do Ano em 2004, quando os Grizzlies foram aos playoffs pela primeira vez.

E em dois anos transformou os Warriors.

West tem 74 anos, idade que não permite acompanhar o cotidiano frenético de uma franquia. Ele trabalha como um conselheiro nas decisões diretas de basquete, mas seu cargo oficial é membro do Comitê Executivo.

Trabalha da sua casa em Los Angeles, no sossego.

Suas indicações e conselhos trouxeram resultados positivos e imediatos. Gosta de palpitar no draft e dois titulares do time atual são suas indicações: Klay Thompson e Harrison Barnes. Fora isso assumiu a escolha que os Warriors um dia precisava fazer e tomou a frente do imbróglio: Monta Ellis ou Stephen Curry.

Ambos possuem habilidades peculiares, entretanto muito similares. Em Oakland a conversa dos torcedores era em prol de mantê-los. Sim, ambos em quadra atraiam público e causavam confusão nos adversários sobre quem merecia mais atenção na marcação. Só que um time competitivo e equilibrado não tem em quadra dois jogadores de estilos parecidos e que custam muito dinheiro na folha salarial. A lógica é escolher um para manter no elenco e trocar o outro por jogadores complementares.

Mas e aí, Ellis ou Curry?

Não bastava optar por um, o outro teria de ter valor no mercado para trazer bons atletas em troca. Assim West usou sua habilidade de gerente e manteve Curry, mandando Ellis para o Milwaukee Bucks por Andrew Bogut, escolha número 1 do draft de 2005. Bogut trouxe lesões com ele que o limitou em produtividade, contudo mostrou poder de decisão no jogo chave contra o Denver Nuggets que levou os Warriors à segunda fase da atual pós-temporada: Bogut anotou 14 pontos e pegou 21 rebotes.

Para comandar o time West bancou o ex-jogador Mark Jackson, sem experiência como treinador e estava exercendo trabalho de comentarista na ESPN e ABC. A evolução do clube foi nítida, passando de um aproveitamento de 34,8% em 2011-12 para 57,3% em 2012-13.

West não tem o poder de opinião final nas decisões operacionais de basquete dos Warriors, Mas Lacob, ou qualquer outra pessoa, vai contradizer O Logo? São conselhos que valem ouro e provam ser eficientes. A torcida em Oakland agradece e mostra um apoio incrível, tomando de Oklahoma City o lugar mais difícil de jogar contra a equipe da casa.

E claro que os fãs apoiam mais quando o time tem condições de vencer e West contribui para que os Warriors não tenham apenas uma temporada isolada de sucesso, mas que possa se manter competitivo e relevante, honrando a rica história da franquia.


(GL)
Escrito por João da Paz

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